O brasileiro Carlos Ghosn, da Renault-Nissan (Koichi Kamoshida/Getty Images)
AFP
Publicado em 7 de abril de 2019 às 11h21.
Última atualização em 9 de abril de 2019 às 08h53.
A esposa do ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, deixou o Japão após a nova prisão do marido porque se sentia "em perigo", declarou ao jornal francês Le Journal du Dimanche, evitando assim ter que depor à justiça japonesa.
Os promotores japoneses queriam questionar Carole Ghosn, de acordo com vários meios de comunicação japoneses, incluindo a agência de notícias Kyodo, que afirmou que os valores supostamente desviados pelo ex-diretor da Renault-Nissan poderiam ter passado por uma empresa dirigida por ela.
Ghosn foi novamente preso na quinta-feira em Tóquio por novas suspeitas de desfalque financeiro, um mês depois de ser libertado sob fiança.
Carole Ghosn, que estava presente quando foi preso, disse que retornou à França apesar do fato de seu passaporte libanês ter sido confiscado pela polícia japonesa. A mulher disse que usou seu outro passaporte, americano.
"O embaixador francês me acompanhou ao aeroporto. Ele não me deixou sozinha até chegar ao avião", disse ela. "Até o último segundo, não sabia se eles me deixariam decolar."
A mulher também disse que se recusou a assinar um documento em japonês durante a prisão de seu marido. "Eles queriam me levar com eles mais tarde, e meu advogado me aconselhou a recusar", acrescentou Carole Ghosn.
Ela contou ao jornal que seu marido gravou uma mensagem para "designar os responsáveis pelo que acontece com ele e que será transmitida em breve".
Ghosn, que passou 108 dias na cadeia, havia anunciado no dia anterior que planejava realizar uma coletiva de imprensa em 11 de abril para "contar a verdade sobre o que está acontecendo".
"Quando entendeu que seria preso [novamente], ele gravou uma entrevista no Skype para a TF1 e a LCI", explicou Carole Ghosn.
No sábado, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, disse que pediu a seu colega japonês que garantisse o direito de proteção consular e a presunção de inocência do ex-presidente da Renault-Nissan.