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Engie quer manter "poder de fogo" após compra de Jirau

Preço e condições da negociação entre a Engie Brasil Energia e sua controladora serão analisados por um comitê de transações a ser criado

Engie: fechou o quarto trimestre com uma dívida líquida de 4,6 bilhões de reais (foto/Thinkstock)

Engie: fechou o quarto trimestre com uma dívida líquida de 4,6 bilhões de reais (foto/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 8 de março de 2018 às 14h04.

São Paulo - A Engie Brasil Energia iniciará neste ano um processo para comprar uma fatia na hidrelétrica de Jirau detida por sua controladora, a francesa Engie, mas a ideia é que a aquisição não esgote a capacidade financeira da companhia de buscar novos negócios, disse nesta quinta-feira o diretor financeiro da elétrica, Carlos Freitas.

Jirau, em Rondônia, soma 3,75 gigawatts em capacidade e é uma das maiores usinas do Brasil. O empreendimento recebeu investimentos de mais de 20 bilhões de reais e a Engie possui uma fatia de 20 por cento no negócio, onde tem como sócias Chesf e Eletrosul, da Eletrobras, e a japonesa Mitsui&Co.

"A gente sempre vai querer manter um poder de fogo. Somos o maior gerador privado do Brasil, então os 'deals' todos a gente está olhando, em geração e transmissão", afirmou Freitas a jornalistas, após uma reunião com analistas e investidores em São Paulo.

O executivo, no entanto, não quis antecipar prazos, valores ou modelagem do negócio envolvendo Jirau.

A transação seguirá um modelo utilizado pela Engie em outro ativo de grande porte no país, a hidrelétrica de Estreito --por essa estruturação, a controladora francesa entra no negócio e fecha a venda para a unidade brasileira apenas após a mitigação dos principais riscos do empreendimento.

Preço e condições da negociação entre a Engie Brasil Energia e sua controladora serão analisados por um comitê de transações entre partes relacionadas a ser criado, formado por de 3 a 5 integrantes, a maioria deles membros independentes do Conselho de Administração da elétrica.

"Na verdade, essa compra de Jirau só vai ser feita se for para gerar valor para quem compra e para quem vende... e o comitê independente que vai avaliar isso dentro da Engie Brasil Energia", disse Freitas.

Questionado por analistas sobre a atratividade de Jirau, que enfrentou alguns problemas durante a construção, como um atraso devido a tumultos no canteiro de obras, o executivo defendeu a viabilidade do negócio.

"Durante a obra teve muito problema em Jirau, mas a obra acabou, a usina está bem, e está gerando dinheiro", afirmou.

A Engie Brasil fechou o quarto trimestre com uma dívida líquida de 4,6 bilhões de reais, o que representa 1,3 vez sua geração de caixa medida pelo Ebitda.

Segundo Freitas, a companhia pretende trabalhar com uma alavancagem de até 2,5 vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda, mas esse nível poderia até mesmo ser eventualmenteultrapassado por um curto prazo para viabilizar algum investimento visto como importante.

Transmissão

Um dos novos campos para a expansão da Engie é o setor de transmissão de energia, no qual a companhia arrematou em leilão no ano passado a licença para construir e operar um lote de projetos que envolve 1.050 quilômetros em linhas e cinco subestações no Paraná.

O diretor financeiro da companhia disse que a previsão é de que o empreendimento demande um investimento de 1,7 bilhão de reais, o que representa um corte de 15 por cento em relação ao previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) à época da licitação.

Freitas disse ainda que a empresa espera antecipar em até 12 meses a conclusão das obras, devido ao ritmo avançado no licenciamento ambiental do projeto.

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