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Energisa vai investir R$ 2,8 bi para consolidar aquisições da Eletrobrás

O grupo vai investir R$ 2,8 bilhões neste ano e pretende fazer melhorias nas empresas compradas da Eletrobrás

Energisa: no ano passado, o Itaú fez um aporte de R$ 600 milhões para ficar com 12% do negócio (massimo colombo/Getty Images)

Energisa: no ano passado, o Itaú fez um aporte de R$ 600 milhões para ficar com 12% do negócio (massimo colombo/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 09h20.

São Paulo - Ao entrar na disputa dos últimos grandes negócios do setor elétrico - e sair vitorioso em alguns deles -, o grupo Energisa conseguiu mais do que dobrar seu valor de mercado de 2017 para cá, para R$ 17,6 bilhões. Há uma década, a empresa valia pouco mais de R$ 2 bilhões, segundo a Economática. No ano passado, a companhia da família Botelho mirou as oportunidades de compra no setor de distribuição e os leilões de transmissão de energia. Ganhou o leilão de duas concessionárias da Eletrobrás e quatro projetos de linhas de transmissão. Em 12 meses, as ações da empresa subiram quase 50% - bem acima do Ibovespa.

Hoje, prestes a completar 114 anos, o grupo - criado em Cataguases (MG) - quer consolidar as aquisições feitas no último ano. Para isso, vai investir R$ 2,8 bilhões no setor em 2019, incluindo as melhorias nas empresas compradas da Eletrobrás. O valor é quase 50% superior ao injetado nos negócios em 2018, afirma o presidente da empresa Ricardo Botelho. "Estamos entrando numa fase em que o foco serão os investimentos, especialmente nas duas distribuidoras adquiridas da Eletrobrás, que têm um padrão de eficiência muito baixo."

Botelho explica que esse foi o mesmo caminho seguido pela empresa quando, em 2006, o grupo comprou as oito distribuidoras do Grupo Rede. Na época, a companhia desbancou CPFL e Equatorial, favoritas na negociação, e se transformou na sexta maior empresa de distribuição do País (hoje, ela é a quinta maior).

A exemplo das concessionárias adquiridas da Eletrobrás, as concessões do Rede exigiam vultosos investimentos. Este ciclo terminou no ano passado, quando quatro distribuidoras passaram pelo processo de revisão tarifária, o que permitiu que a empresa capturasse parte das melhorias feitas na área de concessão.

Com esse processo encerrado, a Energisa conseguiu buscar novos negócios. Em março de 2018, a empresa se arriscou ao fazer uma oferta hostil pela Eletropaulo, que vinha negociando com a Neoenergia. O movimento não deu certo e a distribuidora paulista acabou com a italiana Enel. Depois da tentativa frustrada, focou seus esforços nas distribuidoras da Eletrobrás. Arrematou duas: Ceron (RO) e Eletroacre (AC). Foi mais um passo no processo de diversificação da companhia, que deu seus primeiros passos fora de Minas Gerais em 1996.

Analista do Santander, Thiago Roberto Luis da Silva diz que a Energisa é conhecida no mercado como uma empresa que sabe investir bem. "Eles têm fama de serem investidores que controlam bem os custos." O analista destaca que, no caso das distribuidoras do Grupo Rede, as revisões tarifárias da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ficaram acima das expectativas do mercado.

Dívida

A fama se reflete na receptividade da empresa no mercado financeiro. Em 2016, a companhia levantou R$ 1,54 bilhão numa oferta pública na bolsa de valores de São Paulo. Em dezembro de 2018, após as aquisições feitas, o Itaú fez um aporte de R$ 600 milhões para ficar com 12% do negócio. Segundo Botelho, antes disso, a empresa já havia feito uma capitalização interna de R$ 480 milhões. Ele explica que as operações têm a finalidade de ajustar o perfil de dívida da empresa, que somava R$ 9,5 bilhões em setembro. Com as aquisições de Ceron e Eletroacre, esse valor subirá para R$ 11,4 bilhões.

"Ao contrário do que parece, a empresa é bastante pé no chão em termos de capitalização e aquisições. Eles se concentraram no negócio de distribuição e venderam os demais ativos para suportar o negócio", afirmou o presidente da consultoria Thymos, João Carlos Mello. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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