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Empresas brasileiras na COP26 somam mais de R$ 1 trilhão em faturamento

Valor considera apenas empresas de capital aberto. Para Marina Grossi, presidente do CEBDS, o PIB nacional demanda que o governo chegue a um acordo sobre o artigo 6

Marina Grossi, do CEBDS: “O PIB brasileiro está aí, e há um consenso sobre a necessidade de seguir a agenda do baixo carbono” (Evandro Monteiro/Valor/Agência O Globo)
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Rodrigo Caetano

Publicado em 25 de outubro de 2021 às 17h32.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 13h01.

As grandes empresas brasileiras estarão em peso na Conferência do Clima da ONU, a COP26, que começa na próxima semana. Ainda que não presencialmente, o “PIB” nacional levará ao evento, considerado o mais importante encontro climático desde a COP de Paris, em 2015, uma mensagem de comprometimento com a agenda da economia de baixo carbono.

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“O setor privado quer mostrar ambição”, afirma Marina Grossi, presidente do Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). “O recado é: temos metas, precificamos internamente o carbono, temos rastreamento e somos confiáveis.”

A entidade está à frente de uma carta que será entregue à presidência da COP26 durante o evento, que conta com as assinaturas de 115 CEOs e apoio de 14 instituições do setor privado. Nela, os presidentes se comprometem a buscar a neutralidade em carbono ( net zero ) até 2050. Considerando apenas as empresas de capital privado da lista, cerca de 50, a soma dos seus faturamentos chega a 1,1 trilhão de reais.

“O PIB brasileiro está aí, e há um consenso sobre a necessidade de seguir a agenda do baixo carbono”, afirma Grossi. “O Brasil tem enormes vantagens competitivas frente a maioria dos países, e as empresas sabem disso.”

O que as empresas querem na COP26

O que move muitos desses CEOs, além da necessidade de salvar o planeta do caos climático, é a possibilidade de nivelar o jogo. Descarbonizar custa caro e as empresas que se comprometem com o carbono zero perdem competitividade empreço. “É ótimo que as mudanças climáticas ganhem espaço nas estratégias corporativas, mesmo que seja greenwashing ”, afirma Fernando Modé, CEO do Grupo Boticário. “Mas tem a questão do custo. Em algum momento, será preciso regulamentar.”

Daniela Manique, presidente para América Latina do Grupo Solvay, fabricante de produtos químicos dona da marca Rhodia, espera que essa regulamentação venha da COP26. “O fato de não termos uma cobrança global sobre as emissões das empresas cria uma diferença de custeio importante”, afirma Manique. “Não é justo um concorrente vender 20% mais barato porque queima carvão, enquanto eu invisto em alternativas há 20 anos.”

Essa cobrança global sobre as emissões virá da principal pauta da COP26: a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado mundial de carbono. Com as regras definidas, os países poderão cobrar das empresas que poluírem, como a Europa já disse que vai fazer com um imposto de carbono na fronteira.

Como empresas se beneficiam da regulamentação do Artigo 6

Para além das decisões governamentais, que envolvem compromissos e regulações de 193 países, a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris deve favorecer a geração de inovação em busca de soluções mais sustentáveis, e até mesmo de zerar o balanço das emissões empresariais de gases causadores do efeito estufa.

A definição ainda deve incentivar as empresas a buscarem projetos específicos com menos barreiras comerciais do que as atuais. “Abre-se uma oportunidade de negócios: a criação de projetos para compensação das emissões”, diz a pesquisadora Talita Assis, do portal A Amazônia em EXAME.

Com isto, a criação do mercado global de carbono pode trazer recursos para o país, gerando empregos e renda e contribuindo para o combate às mudanças climáticas. De acordo com o CEBDS, o Brasil é um dos países com maior potencial de venda de créditos de carbono. O país pode gerar até US$ 72 bilhões em receitas até 2030 com o mercado global de carbono, estimular o setor produtivo e financiar a transição para uma economia verde.

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