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Empresas alemães são investigadas por mão de obra barata

Companhias estão sendo investigadas por comprar mão de obra como se fosse clipes de papel

Funcionário trabalha no motor de um carro da Mercedes-Benz, produzido pela Daimler, em uma fábrica de Stuttgart, na Alemanha (Martin Leissl/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2014 às 22h24.

Berlim/Frankfurt - A Daimler é uma das empresas alemães que descobriram como reduzir os custos de pessoal no país de salários altos: comprar mão de obra como se fosse clipes de papel.

Ao adquirir de subempreiteiros certas tarefas, como serviços de logística, as empresas podem manter legalmente esses trabalhadores fora da folha de pagamento e fora dos acordos com os sindicatos.

Isso levou ao aumento das filas de trabalhadores contratados, o que ajuda a impulsionar os lucros nas empresas alemães por reduzir os encargos trabalhistas.

O lado negativo é o uso abusivo do sistema, que deixa alguns trabalhadores sem proteção e até mesmo sem pagamento.

Isso chamou a atenção da ministra do Trabalho Andrea Nahles, que vem prometendo medidas enérgicas e está obrigando as empresas do país a lutarem contra a prática.

“Não podemos pagar um salário alto a todos” nos acordos sindicais, disse Wilfried Porth, diretor de pessoal da Daimler, em e-mail enviado à Bloomberg News. “Nossa situação de custos se deteriorou em comparação com a concorrência. Não temos dinheiro para isso”.

Os defensores argumentam que a contratação de subempreiteiros para prestar serviços preserva a competitividade na Alemanha , onde os encargos trabalhistas na indústria automobilística são os mais altos do mundo.

Os detratores afirmam que o uso disseminado da prática em setores como a construção de navios, o varejo, a logística e a construção afeta o modelo de trabalho do país, que se baseia numa parceria entre patrões e empregados.

De cada três funcionários da indústria automobilística alemã, um trabalha para um subempreiteiro ou de modo temporário, de acordo com uma pesquisa realizada pelo sindicato IG Metall e publicada em novembro do ano passado.

Essa prática contribuiu para manter sob controle os custos de pessoal, que já são altos e totalizam em média 48,40 euros (US$ 61,27) por hora, de acordo com o grupo do setor automotivo VDA, com sede em Berlim.

O valor se compara a 4,81 euros na Romênia e 25,63 euros nos EUA.

Modelo de trabalho

“Observamos uma tendência em direção a uma força de trabalho em duas classes” que separam os trabalhos permanentes e os subcontratados, disse Karl Brenke, especialista em mercado de trabalho do instituto de pesquisa DIW, com sede em Berlim.

“Um número crescente de trabalhos subcontratados dissolverá o modelo de participação dos empregados, que garantiu a paz social entre as empresas e os funcionários e é a base da economia alemã”.

Nahles, cujo Partido Social-Democrata é o parceiro menor no governo de coalisão da chanceler Angela Merkel, prometeu enrijecer as leis relativas aos trabalhadores terceirizados. Fazer isso é parte do acordo que levou os sociais-democratas ao governo.

“Vamos lidar com as relações de trabalho por contrato no próximo ano”, disse Nahles. “É difícil coletar informações confiáveis”, o que demonstra que “a transparência será fundamental”.

Sabotagem de acordos

Não há números exatos disponíveis porque o pagamento do trabalho subcontratado é realizado através dos orçamentos de compras, do mesmo modo que os suprimentos de metal são comprados ou um galpão de produção é construído.

Portanto, os trabalhadores subcontratados não figuram nas estatísticas de pessoal de uma empresa. A Federação Alemã de Sindicatos estima que tais cargos equivalham a 20 por cento da força de trabalho em algumas empresas.

“O trabalho subcontratado costuma ser usado para sabotar os acordos de pagamento e horários de trabalho, assim como os padrões de segurança social”, disse Reiner Hoffmann, presidente do conselho da federação sindical.

A Gesamtmetall – organização empregadora dos setores metalúrgico e eletrônico que possui membros como Daimler, Siemens AG, Bayerische Motoren Werke e ThyssenKrupp – diz que a subcontratação ajuda a garantir empregos num setor da economia que contrata 3,7 milhões de pessoas.

A Alemanha não deveria jogar essa flexibilidade fora por causa de alguns casos abusivos, disse o grupo.

“Não é correto dizer que o trabalho subcontratado em si implica que as condições de trabalho para os empregados na empresa contratada sejam piores”, disse Oliver Zander, diretor da Gesamtmetall.

“É possível que existam algumas ovelhas negras, mas elas existem em qualquer lugar. Tendo em vista as centenas de milhares de contratos que são negociados todos os dias, não vemos nenhuma necessidade de agir”.

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Ao adquirir de subempreiteiros certas tarefas, como serviços de logística, as empresas podem manter legalmente esses trabalhadores fora da folha de pagamento e fora dos acordos com os sindicatos.

Isso levou ao aumento das filas de trabalhadores contratados, o que ajuda a impulsionar os lucros nas empresas alemães por reduzir os encargos trabalhistas.

O lado negativo é o uso abusivo do sistema, que deixa alguns trabalhadores sem proteção e até mesmo sem pagamento.

Isso chamou a atenção da ministra do Trabalho Andrea Nahles, que vem prometendo medidas enérgicas e está obrigando as empresas do país a lutarem contra a prática.

“Não podemos pagar um salário alto a todos” nos acordos sindicais, disse Wilfried Porth, diretor de pessoal da Daimler, em e-mail enviado à Bloomberg News. “Nossa situação de custos se deteriorou em comparação com a concorrência. Não temos dinheiro para isso”.

Os defensores argumentam que a contratação de subempreiteiros para prestar serviços preserva a competitividade na Alemanha , onde os encargos trabalhistas na indústria automobilística são os mais altos do mundo.

Os detratores afirmam que o uso disseminado da prática em setores como a construção de navios, o varejo, a logística e a construção afeta o modelo de trabalho do país, que se baseia numa parceria entre patrões e empregados.

De cada três funcionários da indústria automobilística alemã, um trabalha para um subempreiteiro ou de modo temporário, de acordo com uma pesquisa realizada pelo sindicato IG Metall e publicada em novembro do ano passado.

Essa prática contribuiu para manter sob controle os custos de pessoal, que já são altos e totalizam em média 48,40 euros (US$ 61,27) por hora, de acordo com o grupo do setor automotivo VDA, com sede em Berlim.

O valor se compara a 4,81 euros na Romênia e 25,63 euros nos EUA.

Modelo de trabalho

“Observamos uma tendência em direção a uma força de trabalho em duas classes” que separam os trabalhos permanentes e os subcontratados, disse Karl Brenke, especialista em mercado de trabalho do instituto de pesquisa DIW, com sede em Berlim.

“Um número crescente de trabalhos subcontratados dissolverá o modelo de participação dos empregados, que garantiu a paz social entre as empresas e os funcionários e é a base da economia alemã”.

Nahles, cujo Partido Social-Democrata é o parceiro menor no governo de coalisão da chanceler Angela Merkel, prometeu enrijecer as leis relativas aos trabalhadores terceirizados. Fazer isso é parte do acordo que levou os sociais-democratas ao governo.

“Vamos lidar com as relações de trabalho por contrato no próximo ano”, disse Nahles. “É difícil coletar informações confiáveis”, o que demonstra que “a transparência será fundamental”.

Sabotagem de acordos

Não há números exatos disponíveis porque o pagamento do trabalho subcontratado é realizado através dos orçamentos de compras, do mesmo modo que os suprimentos de metal são comprados ou um galpão de produção é construído.

Portanto, os trabalhadores subcontratados não figuram nas estatísticas de pessoal de uma empresa. A Federação Alemã de Sindicatos estima que tais cargos equivalham a 20 por cento da força de trabalho em algumas empresas.

“O trabalho subcontratado costuma ser usado para sabotar os acordos de pagamento e horários de trabalho, assim como os padrões de segurança social”, disse Reiner Hoffmann, presidente do conselho da federação sindical.

A Gesamtmetall – organização empregadora dos setores metalúrgico e eletrônico que possui membros como Daimler, Siemens AG, Bayerische Motoren Werke e ThyssenKrupp – diz que a subcontratação ajuda a garantir empregos num setor da economia que contrata 3,7 milhões de pessoas.

A Alemanha não deveria jogar essa flexibilidade fora por causa de alguns casos abusivos, disse o grupo.

“Não é correto dizer que o trabalho subcontratado em si implica que as condições de trabalho para os empregados na empresa contratada sejam piores”, disse Oliver Zander, diretor da Gesamtmetall.

“É possível que existam algumas ovelhas negras, mas elas existem em qualquer lugar. Tendo em vista as centenas de milhares de contratos que são negociados todos os dias, não vemos nenhuma necessidade de agir”.

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