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Empresários pelo clima: brasileiros levam suas propostas à COP26

Executivos de grandes companhias brasileiras se reúnem em Glasgow para debater o papel do setor empresarial no alcance na neutralidade climática

Desmatamento ilegal: um dos grandes desafios do Brasil (Secom-MT/Divulgação)
GS

Gabriella Sandoval

Publicado em 4 de novembro de 2021 às 14h16.

“Os CEOs têm se tornado cada vez mais vocais e aderentes [em relação à agenda da mudança climática]”. Foi com essas palavras que Marina Grossi, CEO do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), abriu o painel “Papel do setor empresarial no alcance da neutralidade climática”, promovido pela organização esta semana em Glasgow, na Escócia, em um evento paralelo à COP26.

Para Grossi, esta é uma COP de fazer declarações acompanhadas de ações, e o documento “ Empresários pelo clima ”, publicado este ano, é uma prova disso. “Foi um marco para o Brasil, mostrando de que maneira coletivamente a gente pode se unir.”

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Ela afirma que um dos maiores desafios do Brasil, hoje, é o combate ao desmatamento ilegal, “que deixa a gente nos primeiros do ranking de maiores emissões”. Grossi lembra que, no Brasil, é possível preservar e produzir ao mesmo tempo.

Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, companhia inserida em setor de grande relevância nesse contexto de mudança climática, comentou no painel que é possível aliar conservação e preservação da biodiversidade com produtividade.

O executivo lembra que, além da agenda climática, existe também o desafio da segurança alimentar. “A questão climática está aí, é urgente, e nós temos que fazer. E tem um desafio adicional que é a segurança alimentar. Até 2030, serão 800 milhões de pessoas a mais na classe C, demandando aumento do consumo e da produção de proteína”, afirma.

Por isso, a companhia vem realizando pesquisas nesse sentido. O CEO cita um exemplo: “Se você pegar a área de pecuária e fizer integração entre lavoura e pecuária, você produz 40% a mais de alimentos e reduz as emissões. É o tipo de solução que inclui os dois desafios: o de segurança alimentar e o desafio climático.”

Ele reforça que o Brasil é um dos poucos países que podem ter soluções duplas como essa. “O setor agro é parte da solução.”

Tomazoni diz que o atual cenário traz um papel a empresas como a JBS. “Quando a gente entendeu que temos que alimentar a população com o que há de melhor, só há um caminho, que é colocar a sustentabilidade de forma estratégica.”

Por isso, a companhia se comprometeu a ser net zero até 2040, sendo que 95% de suas emissões estão no escopo 3 e, portanto, estão relacionadas a sua cadeia de fornecedores. “A gente sabe como resolver esse problema: mover a nossa grande cadeia conosco”, diz o executivo.

Monitoramento e rastreabilidade

Nesse sentido, monitorar a cadeia é fundamental. “Há 10 anos a gente monitora nossos fornecedores diretos, que são 80.000”, afirma. Segundo ele, aqueles que não estão em compliance socioambiental são bloqueados - hoje são 11.000 nessa lista.“Esse é um pedaço”, afirma, dizendo que esses são apenas os fornecedores diretos. “Outro pedaço é a rastreabilidade em toda a cadeia, porque tem o fornecedor do fornecedor e assim por diante, e você tem que assumir a responsabilidade de monitorar todos.”

Agora, com a tecnologia de blockchain, afirma o executivo, foi possível construir um sistema que até 2025 vai permitir à JBS monitorar todos os biomas. “E o fornecedor do fornecedor que não estiver em compliance estará fora, garantindo que toda a cadeia não esteja fazendo desmatamento ilegal.”

Mas, ao mesmo tempo, reforça o CEO, é papel da grande empresa apoiar esses fornecedores para que se adequem às normas de compliance socioambiental da companhia.

“Criamos 15 escritórios verdes para apoiar os produtores e fornecedores de fornecedores para que estejam em compliance com a nossa política, com apoio técnico para que possam vir para o compliance”, diz. “É um conjunto de coisas que vai permitir à cadeia chegar ao net zero.”

Marcelo Behar, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Natura &Co, uma das primeiras empresas a fazer seu inventário de emissões, em 2005, e carbono neutro desde 2007, afirma que a companhia tem o compromisso de ter emissão líquida zero até 2030. “Todas as empresas do grupo estão voltadas para essa trajetória”, diz.

Ele ressalta, no entanto, que os projetos para reduzir emissões têm que ter base de natureza reconhecida, para evitar dupla contagem. “Ter clareza disso vai permitir às empresas financiar essa transição e ter projetos regenerativos.”

Erasmo Carlos Battistella, presidente e CEO da BSBIOS Indústria e Comércio de Biodiesel Sul Brasil, afirma que seu segmento, de biocombustíveis, é um dos setores que precisa contribuir para o país alcançar o net zero.

“Os biocombustíveis são uma alternativa, principalmente no Brasil”, afirma. “Todos trabalham para o crescimento econômico e temos a necessidade de reduzir as emissões, então precisamos adotar medidas reais para já. E os biocombustíveis estão aí para contribuir.”

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