Empresário "moita" vai ficando para trás, diz sócio da Riachuelo
Ao lado de fundador do partido Novo, Flávio Rocha analisou papel dos empresários na política brasileira: há espaço para DNA empreendedor
Karin Salomão
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 15h47.
Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h38.
São Paulo — As últimas eleições mostraram uma nova tendência na relação entre a política e os executivos.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e João Doria Jr., prefeito de São Paulo, são exemplo de uma onda de empresários que estão optando pela vida pública, apoiados por populações descrentes da classe política.
Foi esse sentimento que levou um grupo de empresários a criar o partido Novo em 2011. "Até a crise econômica que vivemos é resultado da nossa ausência do mundo político, como executivos e elite", disse João Amoêdo , fundador do partido Novo e ex-sócio do Itaú BBA, durante palestra no EXAME Fórum , que acontece hoje, 4, em São Paulo.
Descontentes com a alta taxa de impostos, "percebemos que precisamos trazer para a política pessoas com DNA empreendedor, ou seja, quem pensa como dono e trabalha de forma eficiente com recursos escassos", afirmou ele.
De acordo com o político, o partido tem crescido principalmente com a entrada de afiliados que nunca tiveram vida pública.
Esse é um caminho irreversível, analisa Flávio Rocha, sócio e presidente da Riachuelo. "O empresário moita, low profile, vai ficando para trás", disse ele no EXAME Fórum, que neste ano comemora os 50 anos da revista EXAME.
Rocha viveu a vida política na pele. Por 8 anos (entre 1987 e 1995), ele foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte e chegou até a concorrer à presidência da República em 1994 pelo PL.
De acordo com ele, a queda de competitividade das empresas brasileiras e o aumento da burocracia são resultado da omissão política dos empresários. "Com a descrença no juiz mais sábio, que é o livre mercado, ficam os tribunais humanos, mais burocráticos", afirmou ele.
Para João Amoêdo, ainda há barreiras para a entrada de empresários na política. "Há um receio de que entrar para a vida pública pode impactar negativamente os negócios. Exatamente por isso passou da hora de nos envolvermos", falou.
Outro obstáculo são os maus exemplos de empresários que buscam privilégios na ligação com a política, afirma Rocha. "Se confundem dois personagens. Os empresários produtivos, de mercado, e aqueles que se acomodam no poder, que querem um governo inchado e uma teta para saciar o apetite", disse.
Mesmo assim, ele é enfático ao afirmar que, atualmente, "o protagonista das mudanças políticas é o empreendedor".
Veja a entrevista de Flávio Rocha a EXAME: