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Empresa de TI investe R$ 3 bilhões na cidade gaúcha mais atingida pelas enchentes

Empresa construirá uma "cidade de data centers" para atender a demanda cada vez maior por inteligência artificial

Cidade de data centers: projeção de como ficará o parque de data centers em Eldorado do Sul (Scala Data Center/Divulgação)

Cidade de data centers: projeção de como ficará o parque de data centers em Eldorado do Sul (Scala Data Center/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 16h45.

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Nenhuma cidade foi tão atingida pelas enchentes de maio no Rio Grande do Sul como Eldorado do Sul, município da região metropolitana a cerca de 15 quilômetros de Porto Alegre.

Cerca de 81% dos domicílios da cidade foram atingidos pelas águas, com 31.964 moradores afetados. Os dados foram reunidos no Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP), desenvolvido pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do governo do estado.

É da cidade mais atingida pela enchente que vem o anúncio de um dos maiores investimentos privados dos útlimos tempos em solo gaúcho.

A Scala Data Centers, empresa brasileira de data centers da gestora de investimentos em infraestrutura digital DigitalBridge, vai construir por ali uma "cidade de data centers", num investimento estimado inicial de 3 bilhões de reais. A estrutura será instalada em um terreno de 7 milhões de metros quadrados. A área equivale a aproximadamente 700 hectares ou cerca de 1.000 campos de futebol.

O foco, claro, é inteligência artificial. Tecnologias com IA necessitam uma grande quantidade de processamento e armazenamento de dados. Consequentemente, precisa desses centros que cuidam e guardam esses dados. É isso que a Scala quer construir em Eldorado.

Para se ter uma ideia, a capacidade inicial de processamento será de 54 MW, o que é cerca de sete vezes superior à capacidade dos centros de dados atualmente instalados na Grande Porto Alegre e maior do que a de mercados como o da Argentina e do Uruguai.

A construção da "Scala AI City", como está sendo chamada, gerará mais de 3.000 novos empregos diretos e indiretos na primeira fase.

“Essa é a nossa resposta para a demanda de inteligência artificial", diz o CEO da empresa, Marcos Peigo. "Estamos não apenas elevando o Brasil a um novo patamar tecnológico, mas também impulsionando a recuperação econômica e social do estado, gerando milhares de empregos e promovendo o desenvolvimento sustentável de diversas indústrias. A Scala AI City será um marco de inovação, posicionando o Rio Grande do Sul e o Brasil como líderes globais na revolução da inteligência artificial. Este é um momento histórico que redefine o futuro da tecnologia e da economia na região, com o potencial de mudar o futuro de nosso país".

Construção será em "lugar seguro"

Em nota, a Scala afirmou que priorizou um local com segurança em relação a desastres naturais e que tivesse uma "abundante oferta de energia elétrica e capacidade imobiliária que permite uma expansão contínua por décadas".

A escolha por Eldorado levou em consideração o fato da Scala já ter investimentos no Rio Grande do Sul (com um data center em Porto Alegre) e por encontrar na cidade um espaço maior, capaz de receber esse aporte.

“O anúncio de um investimento em uma região tão afetada pelas enchentes já é extremamente significativo, mas vai além disso. Trata-se de um investimento inicial de R$ 3 bilhões que tem o potencial de alcançar R$ 500 bilhões quando plenamente concretizado. Precisamos ser ambiciosos e ousados neste projeto, não apenas sonhando, mas trabalhando ativamente para sua realização", disse o governador Eduardo Leite durante a assinatura do termo de compromisso para o investimento.

O anúncio acontece no mesmo dia em que a AWS, sistema de nuvem da Amazon, anunciou um investimento de 10 bilhões de reais em data centers no Brasil até 2034.

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolaram o estado no mês de maio.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Os textos do Negócios em Luta mostram como os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente. Tem uma história? Mande para negociosemluta@exame.com.

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