IA: máquinas inteligentes já estão ajudando os humanos a expandirem suas habilidades de várias maneiras. (SvetaZi/Getty Images)
Jornalista
Publicado em 15 de maio de 2023 às 16h36.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 18h08.
Ao passo em que a Inteligência Artificial (IA) evolui, sua aplicabilidade nos negócios fica cada vez mais evidente. Se antes a tecnologia era vista “apenas” como uma ferramenta capaz de melhorar a eficiência operacional das organizações (automatizando tarefas repetitivas ou analisando rapidamente grandes conjuntos de dados, por exemplo), hoje ela tem se mostrado extremamente eficaz também quando o assunto é prever tendências de mercado e ajudar na tomada de decisões.
Isso significa que, aos poucos, habilidades com aparentes vantagens comparativas para os humanos – como raciocínio lógico, comunicação e coordenação de pessoas – também estão se tornando automatizáveis.
Prova disso são os casos recentes de pessoas que começaram negócios do zero tendo como “sócio” (e principal responsável pelas decisões estratégicas) o ChatGPT – como é o caso do empreendedor português João Ferrão dos Santos.
“Quando possível, todas as decisões são tomadas pelo ChatGPT4, mesmo que isso prejudique a companhia”, escreveu o empresário em um post em que relatava os primeiros dias do seu novo negócio, totalmente construído com base em orientações trazidas pela inteligência artificial mais famosa da atualidade.
Tudo começou no final de março, quando João dos Santos desafiou a ferramenta a criar um plano de negócios com base em um capital inicial de 1.000 dólares. “Em duas horas, eu tinha uma ideia de negócio, um logotipo e 2.500 dólares de capital inicial”, disse o empresário em entrevista à rede de notícias portuguesa Lusa, explicando que alguns dos seus amigos decidiram investir na ideia após a apresentação do plano de negócios.
A solução apresentada pela inteligência artificial foi a criação de um e-commerce de impressão de camisetas produzidas com algodão orgânico. A tecnologia também sugeriu uma empresa para cuidar da logística do negócio e criou o nome e o conceito do logotipo da marca – que foi posteriormente criado com ajuda da Midjourney, outra inteligência artificial generativa, utilizada para a criação de imagens. E assim nasceu a AIsthetic Apparel.
"Lançamos a loja em quatro dias e vendemos 10 mil euros [cerca de R$ 53.000] em t-shirts nos primeiros cinco dias", disse Santos, que viu sua ideia viralizar na internet após contar a experiência no Linkedin.
Atualmente, o valor das camisetas vendidas no site da marca começa em 35 euros (cerca de 186 reais) e chegam à casa dos 60 euros (ou 320 reais). "Esse preço reflete o valor dos materiais orgânicos, designs exclusivos gerados por IA e o crescente reconhecimento da marca impulsionado pelo seu sucesso nas mídias sociais” avaliou o próprio ChatGPT-4 durante uma das interações com o empresário.
De acordo com dados da Forbes Portugal, cerca de um mês depois da inauguração do negócio, as vendas já ultrapassavam os 12.500 euros (ou R$ 66.491) e os investimentos passavam de 100 mil euros (R$ 531 mil).