As mudanças na direção da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) significam um retorno às melhores práticas da instituição. Para Amaryllis Romano, analista setorial da consultoria Tendências, as substituições não vão causar uma descontinuidade nas atividades do órgão, mas a recuperação da tradição de desenvolvimento de tecnologia sofisticada de produção e comercialização agrícola.

A substituição da diretoria da Embrapa seria, na análise de Amaryllis, o melhor exemplo dos choques entre as posições tradicionais de alas do Partido dos Trabalhadores e as "linhas mais modernas" de condução das políticas de governo. "Neste órgão estão concentradas discussões que englobam desde o problema dos organismos geneticamente modificados até a questão social da agricultura familiar e da reforma agrária."

Segundo Amaryllis, Clayton Campanhola, o dirigente demitido nesta quinta-feira (20/1) pelo ministro Roberto Rodrigues, e os três diretores executivos também afastados, estavam ligados a correntes do PT que vêem o agronegócio como obstáculo à inclusão social e à preservação do meio ambiente. Agora, a nomeação de técnicos de carreira (Silvio Crestana, o novo presidente, é funcionário da Embrapa desde 1984), representaria a volta da "forte aliança" da Embrapa com a iniciativa privada, diz a analista.

Em nota divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Crestana afirma que o principal ativo da Embrapa é o quadro de funcionários, que deve ser mobilizado e estimulado. Segundo o ministério, Clayton Campanhola foi convidado para dirigir o Pólo de Biocombustíveis de Piracicaba. Os nomes da nova diretoria da Embrapa ainda não foram definidos.