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Eletrobras troca 70% de diretores e conselheiros, diz presidente

O executivo disse nesta segunda-feira que também foram afastados funcionários envolvidos em casos de corrupção descobertos após investigações internas

Wilson Ferreira Jr: a Eletrobras contratou o escritório especializado Hogan Loveels para levantar possíveis irregularidades em seus maiores empreendimentos (Germano Luders/Exame)

Wilson Ferreira Jr: a Eletrobras contratou o escritório especializado Hogan Loveels para levantar possíveis irregularidades em seus maiores empreendimentos (Germano Luders/Exame)

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Reuters

Publicado em 15 de maio de 2017 às 17h27.

São Paulo - A Eletrobras tem promovido uma forte mudança em seus cargos de gestão, e cerca de 70 por cento dos diretores e conselheiros da companhia já foram substituídos desde a posse do novo presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr, em julho passado.

O executivo disse nesta segunda-feira, ao participar de evento em São Paulo, que também foram afastados funcionários envolvidos em casos de corrupção descobertos após investigações internas.

A Eletrobras contratou o escritório especializado Hogan Loveels para levantar possíveis irregularidades em seus maiores empreendimentos, em meio a denúncias surgidas na Operação Lava Jato, em que autoridades investigam um enorme esquema de propinas entre empresas e partidos políticos brasileiros.

A jornalistas, Ferreira confirmou que constam da lista de demitidos o ex-diretor de Geração da Eletrobras Valter Cardeal, e o ex-diretor de Planejamento e Engenharia da subsidiária Eletronorte, Adhemar Palocci.

Palocci é irmão do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, preso desde setembro em Curitiba após a Lava Jato acusá-lo de receber propinas da Odebrecht para interferir a favor da empreiteira durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

"Eles saíram, foram demitidos da empresa. O Cardeal, lembro que foi logo que eu entrei", disse Ferreira, ao ser questionado sobre os dois executivos.

Cardel e Palocci pediram licença de seus cargos ainda em julho de 2015, quando as investigações da Lava Jato já eram avançadas. Na época, ambos disseram que queriam permitir o andamento das investigações e evitar prejuízos à Eletrobras.

Cardeal foi um dos alvos na Operação Pripyat, desdobramento da 16ª Fase da Lava Jato, focada em irregularidades na usina nuclear de Angra 3.

Ele foi acusado pelos procuradores de "pedido e pagamento de propina realizado no âmbito dos núcleos político e administrativo da organização, conforme relatos de diversos réus colaboradores".

A Reuters não pôde contatar imediatamente Cardeal e Palocci para comentar.

Questionado, Ferreira não quis comentar quais foram os achados contra os dois nas investigações internas da Eletrobras.

"Isso não é uma atividade que cabe à empresa fazer, é um processo de investigação", afirmou.

Ele ressaltou ainda que a Eletrobras tem atuado como assistente das investigações realizadas pelas autoridades brasileiras.

"O objetivo da Eletrobras e do governo do Brasil, em última instância, é de máximo esclarecimento... uma das bases importantes do processo de recuperação da Eletrobras é do ponto de vista de governança, compliance, conformidade."

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