Eike salva portos, mas fracassa em exploração de petróleo
Avalanche de notícias das empresas "X" aponta para salvação dos dois portos que Eike se esforçou para erguer, mas prova que pessimismo do mercado não foi à toa
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2013 às 11h47.
Rio de Janeiro - O grupo EBX , do empresário Eike Batista, inundou o mercado nesta semana com informações que levaram especialistas e investidores a enxergar com mais precisão o destino de seus ativos e empresas, ameaçados por uma crise de confiança que varreu a holding nos últimos meses.
A avalanche de notícias das empresas "X" aponta para a salvação dos dois portos que Eike se esforçou para erguer no Rio de Janeiro, mas também prova que o pessimismo do mercado em relação à petroleira OGX não foi à toa, com investidores igualmente desconfiados quanto ao futuro da empresa de construção naval OSX.
A transferência do controle da empresa de logística LLX para a norte-americana EIG foi uma decisão de Eike que permitirá salvar o Porto do Açu, dando continuidade a um empreendimento fundamental para a infraestrutura do Brasil, afirmou à Reuters o representante de entidades portuárias no país.
"Meritório ele ter tomado esta medida, abrir mão de direitos para um terminal que é estratégico, importante e necessário para o país", disse o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli.
A LLX firmou um termo de compromisso para receber da empresa do setor de energia EIG Management Company 1,3 bilhão de reais, que permitirão à empresa de logística executar o Porto do Açu, um arrojado projeto localizado no Norte fluminense previsto para operações de minério de ferro, petróleo, entre outros produtos.
A capacidade financeira do grupo EBX de concluir as obras do Porto do Açu, um dos principais projetos de Eike, era uma das principais preocupações de especialistas, investidores e credores do grupo EBX. As ações da LLX fecharam em alta de 10,60 por cento na quinta-feira, dia seguinte após o anúncio da saída de Eike do controle da empresa e acumulam alta de mais de 70 por cento em agosto.
É a segunda vez que o empresário abre mão do controle de uma das empresas do grupo EBX. Ele deixou a presidência do Conselho de Administração da empresa de energia MPX e vendeu a maior parte da sua participação para a companhia alemã E.ON em julho.
Trunfo da MMX
Em meio a tantas notícias, o grupo EBX também confirmou a venda da MMX e ativos da CCX, conforme a Reuters antecipou em junho.
A CCX informou --logo após o anúncio de transferência de controle da LLX-- que negocia a venda dos projetos a céu aberto Cañaverales e y Papayal.
Mais uma vez, o grande trunfo de Eike para negociar a venda de uma empresa sua é um porto. O ativo mais cobiçado da MMX, o Porto do Sudeste, chegou a ser alvo de oferta de compra isolada, mas o empresário não quis vender. Não faz sentido vender o porto sem a mina, pois não haveria como escoar o minério de Minas Gerais sem o Porto do Sudeste, explicou recentemente uma fonte que acompanha as negociações.
O Porto do Sudeste deverá entrar em operação no prazo estimado, no final deste ano, com conclusão de 92 por cento da primeira etapa das obras e recursos suficientes para chegar até o fim.
Mais que um terminal para escoar minério da MMX, o Porto do Sudeste será fundamental para permitir o desenvolvimento de outros projetos de mineração da região do Quadrilátero Ferrífero, que aguardam por soluções de infraestrutura.
Analistas Ivano Westin e Marina Melemendjian, do Credit Suisse, esperam uma reação positiva das ações da MMX, principalmente devido a expectativas de novos detalhes da administração sobre a potencial venda de fatias da companhia.
Alerta para dívidas
Também em processo de reestruturação, a OGX anunciou na noite de quarta-feira, junto com prejuízo causado por sucessivos fracassos exploratórios, a contratação da companhia de investimentos norte-americana Blackstone para ajudá-la em negociações com credores.
"A OGX contratou um consultor para ajudar na reestruturação do capital, mas achamos difícil imaginar uma circunstância em que os acionistas serão beneficiados", assinalou a analista Paula Kovarsky, do Itaú BBA.
Especialistas não estão otimistas quanto à situação da empresa e às perspectivas de venda ou novos recursos em caixa, após a divulgação de um balanço que expõe um elevado endividamento para uma empresa de petróleo que mal gera receita, sem perspectivas firmes de elevar a produção.
"Empresas pré-operacionais de petróleo não podem fazer dívida, ainda mais muita dívida, dando como garantia ativos que elas não sabem se terão", afirmou um especialista do setor que trabalha como consultor de petroleiras e que pediu anonimato. "Isso é premissa importante no mundo do petróleo, uma lição." A companhia amargou prejuízo de 4,7 bilhões de reais impactado principalmente pela provisão de perdas com campos de petróleo considerados inviáveis economicamente.
"Não encontrar petróleo rapidamente é normal na indústria do petróleo, é natural o que está acontecendo com a OGX, mas o mercado quer retorno e não espera o ritmo da indústria petrolífera, que é de longo prazo", afirmou o especialista Jean Paul Prates.
A OGX realizou uma extensa e rápida campanha exploratória na Bacia de Campos, mas o saldo dessa busca ainda está longe de ser suficiente para pagar a dívida, o que tem levado credores a uma forte desconfiança. A dívida da OGX encerrou junho a 8,7 bilhões de reais, ante 8,04 bilhões de reais em dezembro de 2012. No primeiro semestre, a empresa não fez novas captações.
"Um ponto sempre de preocupação para a OGX é sua posição de caixa", disse a Planner, em relatório após o resultado do segundo trimestre.
A posição de caixa da empresa de Eike minguou em cerca de 822 milhões de dólares no trimestre, encerrando junho em 326 milhões de dólares, queda de 72 em relação ao encerramento do primeiro trimestre de 2013.
Efeito colateral
O insucesso da OGX em áreas de petróleo da Bacia de Campos acabou arrastando a OSX, braço do grupo EBX para a indústria naval, um vez que houve o cancelamento da contratação de plataformas.
O diretor-presidente da OSX, Carlos Bellot, disse na quinta-feira, em teleconferência de resultados trimestrais com analistas, que a venda do controle da companhia não está sendo considerada neste momento.
Rio de Janeiro - O grupo EBX , do empresário Eike Batista, inundou o mercado nesta semana com informações que levaram especialistas e investidores a enxergar com mais precisão o destino de seus ativos e empresas, ameaçados por uma crise de confiança que varreu a holding nos últimos meses.
A avalanche de notícias das empresas "X" aponta para a salvação dos dois portos que Eike se esforçou para erguer no Rio de Janeiro, mas também prova que o pessimismo do mercado em relação à petroleira OGX não foi à toa, com investidores igualmente desconfiados quanto ao futuro da empresa de construção naval OSX.
A transferência do controle da empresa de logística LLX para a norte-americana EIG foi uma decisão de Eike que permitirá salvar o Porto do Açu, dando continuidade a um empreendimento fundamental para a infraestrutura do Brasil, afirmou à Reuters o representante de entidades portuárias no país.
"Meritório ele ter tomado esta medida, abrir mão de direitos para um terminal que é estratégico, importante e necessário para o país", disse o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli.
A LLX firmou um termo de compromisso para receber da empresa do setor de energia EIG Management Company 1,3 bilhão de reais, que permitirão à empresa de logística executar o Porto do Açu, um arrojado projeto localizado no Norte fluminense previsto para operações de minério de ferro, petróleo, entre outros produtos.
A capacidade financeira do grupo EBX de concluir as obras do Porto do Açu, um dos principais projetos de Eike, era uma das principais preocupações de especialistas, investidores e credores do grupo EBX. As ações da LLX fecharam em alta de 10,60 por cento na quinta-feira, dia seguinte após o anúncio da saída de Eike do controle da empresa e acumulam alta de mais de 70 por cento em agosto.
É a segunda vez que o empresário abre mão do controle de uma das empresas do grupo EBX. Ele deixou a presidência do Conselho de Administração da empresa de energia MPX e vendeu a maior parte da sua participação para a companhia alemã E.ON em julho.
Trunfo da MMX
Em meio a tantas notícias, o grupo EBX também confirmou a venda da MMX e ativos da CCX, conforme a Reuters antecipou em junho.
A CCX informou --logo após o anúncio de transferência de controle da LLX-- que negocia a venda dos projetos a céu aberto Cañaverales e y Papayal.
Mais uma vez, o grande trunfo de Eike para negociar a venda de uma empresa sua é um porto. O ativo mais cobiçado da MMX, o Porto do Sudeste, chegou a ser alvo de oferta de compra isolada, mas o empresário não quis vender. Não faz sentido vender o porto sem a mina, pois não haveria como escoar o minério de Minas Gerais sem o Porto do Sudeste, explicou recentemente uma fonte que acompanha as negociações.
O Porto do Sudeste deverá entrar em operação no prazo estimado, no final deste ano, com conclusão de 92 por cento da primeira etapa das obras e recursos suficientes para chegar até o fim.
Mais que um terminal para escoar minério da MMX, o Porto do Sudeste será fundamental para permitir o desenvolvimento de outros projetos de mineração da região do Quadrilátero Ferrífero, que aguardam por soluções de infraestrutura.
Analistas Ivano Westin e Marina Melemendjian, do Credit Suisse, esperam uma reação positiva das ações da MMX, principalmente devido a expectativas de novos detalhes da administração sobre a potencial venda de fatias da companhia.
Alerta para dívidas
Também em processo de reestruturação, a OGX anunciou na noite de quarta-feira, junto com prejuízo causado por sucessivos fracassos exploratórios, a contratação da companhia de investimentos norte-americana Blackstone para ajudá-la em negociações com credores.
"A OGX contratou um consultor para ajudar na reestruturação do capital, mas achamos difícil imaginar uma circunstância em que os acionistas serão beneficiados", assinalou a analista Paula Kovarsky, do Itaú BBA.
Especialistas não estão otimistas quanto à situação da empresa e às perspectivas de venda ou novos recursos em caixa, após a divulgação de um balanço que expõe um elevado endividamento para uma empresa de petróleo que mal gera receita, sem perspectivas firmes de elevar a produção.
"Empresas pré-operacionais de petróleo não podem fazer dívida, ainda mais muita dívida, dando como garantia ativos que elas não sabem se terão", afirmou um especialista do setor que trabalha como consultor de petroleiras e que pediu anonimato. "Isso é premissa importante no mundo do petróleo, uma lição." A companhia amargou prejuízo de 4,7 bilhões de reais impactado principalmente pela provisão de perdas com campos de petróleo considerados inviáveis economicamente.
"Não encontrar petróleo rapidamente é normal na indústria do petróleo, é natural o que está acontecendo com a OGX, mas o mercado quer retorno e não espera o ritmo da indústria petrolífera, que é de longo prazo", afirmou o especialista Jean Paul Prates.
A OGX realizou uma extensa e rápida campanha exploratória na Bacia de Campos, mas o saldo dessa busca ainda está longe de ser suficiente para pagar a dívida, o que tem levado credores a uma forte desconfiança. A dívida da OGX encerrou junho a 8,7 bilhões de reais, ante 8,04 bilhões de reais em dezembro de 2012. No primeiro semestre, a empresa não fez novas captações.
"Um ponto sempre de preocupação para a OGX é sua posição de caixa", disse a Planner, em relatório após o resultado do segundo trimestre.
A posição de caixa da empresa de Eike minguou em cerca de 822 milhões de dólares no trimestre, encerrando junho em 326 milhões de dólares, queda de 72 em relação ao encerramento do primeiro trimestre de 2013.
Efeito colateral
O insucesso da OGX em áreas de petróleo da Bacia de Campos acabou arrastando a OSX, braço do grupo EBX para a indústria naval, um vez que houve o cancelamento da contratação de plataformas.
O diretor-presidente da OSX, Carlos Bellot, disse na quinta-feira, em teleconferência de resultados trimestrais com analistas, que a venda do controle da companhia não está sendo considerada neste momento.