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Dos sindicatos aos acionistas: as dúvidas sobre Embraer e Boeing

Os sindicalistas têm cobrado esclarecimentos da empresa sobre a manutenção dos empregos, e um acionista protocolou reclamação na CVM

Paulo Cesar da Silva, da Embraer: encontro com sindicalistas que tentam barrar o negócio com a Boeing (Roosevelt Cassio/Reuters)

Paulo Cesar da Silva, da Embraer: encontro com sindicalistas que tentam barrar o negócio com a Boeing (Roosevelt Cassio/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2018 às 06h48.

Última atualização em 13 de julho de 2018 às 07h17.

Um encontro que já era importante acabou de ficar ainda mais. Ontem, a Justiça acatou ação de empregados da Eletrobras e suspendeu a privatização de distribuidoras, reforçando a força dos trabalhadores para barrar ou dificultar a negociação de companhias ligadas ao governo. Nesta sexta-feira, o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, deve se reunir com sindicalistas de Araraquara, Botucatu e São Bernardo do Campo para discutir os termos do negócio fechado com a americana Boeing na semana passada.

No dia 5 de julho a Embraer anunciou a venda de 80% de sua divisão comercial para a Boeing por 3,8 bilhões de dólares. As áreas de defesa e de jatos executivos, responsáveis por um quinto da receita da empresa, ficaram de fora.

Os sindicalistas têm cobrado esclarecimentos da empresa sobre a manutenção dos empregos no país. Herbert Claros, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que as entidades não foram procuradas para conversar antes de anunciar o memorando de entendimentos, na semana passada.

O Ministério Público do Trabalho havia recomendado, em maio, que as companhias incluíssem no acordo “salvaguardas trabalhistas” e conversassem com os sindicatos. Por se sentirem alijados do processo, os sindicalistas enviaram carta a Michel Temer pedindo que vete a operação.

Não é a única pedra no sapato da Embraer. Um dia depois do anúncio do acordo com a Boeing, o consultor Renato Chaves, acionista da Embraer, protocolou reclamação na Comissão de Valores Mobiliários contra o negócio. Ele afirma que a anunciada joint venture mascara a venda da empresa, e que a Boeing deveria pagar um prêmio pelo controle num processo que envolvesse todos os acionistas. Chaves destaca o fato de a própria Embraer tratar o negócio como “aquisição” em fato relevante.

Desde o anúncio do negócio, no dia 5, as ações da Embraer caíram 20%, ou 6 bilhões de reais. Chegar a bons termos com os sindicatos é fundamental para a Embraer dissipar as dúvidas sobre um negócio que levou oito meses para costurar.

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