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Donald Trump não esqueceu o calote que tomou no México

O empresário tem um problema com o México, mas não tem nada a ver com a construção de um muro na fronteira com os Estados Unidos que Trump sugeriu

O bilionário Donald Trump: por trás das manchetes sobre os comentários insultantes de Trump há uma disputa entre o bilionário e dois empresários mexicanos (Daniel Acker/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2015 às 16h50.

Donald Trump tem um problema com o México .

Não, não é esse que você está pensando. É outro, de US$ 12 milhões, relativo ao concurso de Miss Universo de 2007.

Por trás das manchetes sobre os comentários insultantes que Trump fez sobre o México há uma disputa jurídica entre o bilionário candidato à presidência e dois empresários mexicanos.

Trump diz que eles lhe devem milhões pelo concurso de beleza realizado há oito anos.

A disputa se perdeu em meio ao alvoroço em ambos os lados da fronteira depois que Trump – magnata imobiliário, que virou estrela de televisão, que virou candidato a presidente – acusou os mexicanos de levarem drogas e criminalidade aos EUA durante o discurso de lançamento de sua campanha, no dia 16 de junho.

Ninguém insinuou que esses problemas financeiros no México tenham provocado os comentários. Mas a situação jurídica levou Trump a jurar que nunca mais vai fazer negócios com o país, que denunciará a corrupção do sistema judicial e que vai sugerir a construção de um muro impenetrável para impedir que os mexicanos roubem os EUA.

“Os réus conseguiram usar um sistema jurídico e governamental corrupto para dilatar e estagnar o cumprimento da obrigação que eles têm com a organização do Miss Universo”, disse Michael Cohen, assessor jurídico de Trump, em um e-mail. “É uma pena que uns poucos indivíduos provoquem um efeito tão negativo em um país e na reputação de um país”.

A reputação de Trump ao sul da fronteira também sofreu um golpe.

O ministro do Interior Miguel Ángel Osorio Chong condenou os comentários sobre os imigrantes mexicanos por serem “preconceituosos e absurdos”. Na semana passada, circularam na web fotos de uma loja no norte do México que confeccionou uma “piñata” com a cara de Trump.

Boicote ao concurso

Na quinta-feira, a Univision Communications Inc., a maior emissora dos EUA em espanhol, que pertence em parte ao Grupo Televisa SAB, com sede na Cidade do México, cancelou a transmissão do concurso Miss EUA, que também é propriedade de Trump.

Desde então, Trump emitiu um comunicado em que afirma que é “amigo íntimo de vários mexicanos”. Em relação à Univision, ele disse à CNN que entrará na justiça ante qualquer violação de contrato e pedirá “enormes quantidades de dinheiro”.

Não deveria ser surpreendente que fazer negócios no México tenha seus riscos. O país latino-americano é o quarto pior colocado do grupo de 20 países que figuram no índice de corrupção da Transparência Internacional.

Trump pagou esse preço, de acordo com os advogados dele. Eles dizem que o empresário Pedro Rodríguez, proprietário do Grupo Promotor MU México SA, assinou um contrato de US$ 6,5 milhões para organizar o concurso Miss Universo em 2006.

Trump é dono do concurso junto com a NBCUniversal, da Comcast Corp., que repudiou os comentários que ele fez sobre a imigração.

Garantia falsa

Rodríguez pagou US$ 1 milhão adiantado. Como garantia pelo restante, ele concordou em montar um fideicomisso com 26 imóveis que pertencem a outro empresário, Rodolfo Rosas, de acordo com Omar Guerrero, sócio na Cidade do México da Hogan Lovells, que está representando Trump.

Quando o programa acabou, eles se negaram a pagar o saldo, e foi impossível reivindicar a garantia.

Resulta que os ativos nunca tinham realmente contribuído para o fideicomisso, de acordo com os advogados de Trump.

Decisão de arbitragem

A organização do Miss Universo acabou levando o caso a um tribunal de arbitragem no México e venceu. Mas as tentativas de fazer com que a decisão seja cumprida estagnaram no sistema judiciário mexicano depois de múltiplas apelações dos réus, de acordo com os advogados.

Incluindo os juros e as despesas jurídicas, a quantia devida agora é de US$ 12 milhões, disse a equipe de Trump.

Com esse pano de fundo, Trump vociferou para seus 3 milhões de seguidores do Twitter no dia 24 de fevereiro: “Ganhei um processo no corrupto sistema judiciário do México e até hoje não consegui cobrar. Não façam negócios com o México!”.

Uma semana depois, ele prometeu que nunca mais haverá um concurso de Miss Universo no México.

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Donald Trump tem um problema com o México .

Não, não é esse que você está pensando. É outro, de US$ 12 milhões, relativo ao concurso de Miss Universo de 2007.

Por trás das manchetes sobre os comentários insultantes que Trump fez sobre o México há uma disputa jurídica entre o bilionário candidato à presidência e dois empresários mexicanos.

Trump diz que eles lhe devem milhões pelo concurso de beleza realizado há oito anos.

A disputa se perdeu em meio ao alvoroço em ambos os lados da fronteira depois que Trump – magnata imobiliário, que virou estrela de televisão, que virou candidato a presidente – acusou os mexicanos de levarem drogas e criminalidade aos EUA durante o discurso de lançamento de sua campanha, no dia 16 de junho.

Ninguém insinuou que esses problemas financeiros no México tenham provocado os comentários. Mas a situação jurídica levou Trump a jurar que nunca mais vai fazer negócios com o país, que denunciará a corrupção do sistema judicial e que vai sugerir a construção de um muro impenetrável para impedir que os mexicanos roubem os EUA.

“Os réus conseguiram usar um sistema jurídico e governamental corrupto para dilatar e estagnar o cumprimento da obrigação que eles têm com a organização do Miss Universo”, disse Michael Cohen, assessor jurídico de Trump, em um e-mail. “É uma pena que uns poucos indivíduos provoquem um efeito tão negativo em um país e na reputação de um país”.

A reputação de Trump ao sul da fronteira também sofreu um golpe.

O ministro do Interior Miguel Ángel Osorio Chong condenou os comentários sobre os imigrantes mexicanos por serem “preconceituosos e absurdos”. Na semana passada, circularam na web fotos de uma loja no norte do México que confeccionou uma “piñata” com a cara de Trump.

Boicote ao concurso

Na quinta-feira, a Univision Communications Inc., a maior emissora dos EUA em espanhol, que pertence em parte ao Grupo Televisa SAB, com sede na Cidade do México, cancelou a transmissão do concurso Miss EUA, que também é propriedade de Trump.

Desde então, Trump emitiu um comunicado em que afirma que é “amigo íntimo de vários mexicanos”. Em relação à Univision, ele disse à CNN que entrará na justiça ante qualquer violação de contrato e pedirá “enormes quantidades de dinheiro”.

Não deveria ser surpreendente que fazer negócios no México tenha seus riscos. O país latino-americano é o quarto pior colocado do grupo de 20 países que figuram no índice de corrupção da Transparência Internacional.

Trump pagou esse preço, de acordo com os advogados dele. Eles dizem que o empresário Pedro Rodríguez, proprietário do Grupo Promotor MU México SA, assinou um contrato de US$ 6,5 milhões para organizar o concurso Miss Universo em 2006.

Trump é dono do concurso junto com a NBCUniversal, da Comcast Corp., que repudiou os comentários que ele fez sobre a imigração.

Garantia falsa

Rodríguez pagou US$ 1 milhão adiantado. Como garantia pelo restante, ele concordou em montar um fideicomisso com 26 imóveis que pertencem a outro empresário, Rodolfo Rosas, de acordo com Omar Guerrero, sócio na Cidade do México da Hogan Lovells, que está representando Trump.

Quando o programa acabou, eles se negaram a pagar o saldo, e foi impossível reivindicar a garantia.

Resulta que os ativos nunca tinham realmente contribuído para o fideicomisso, de acordo com os advogados de Trump.

Decisão de arbitragem

A organização do Miss Universo acabou levando o caso a um tribunal de arbitragem no México e venceu. Mas as tentativas de fazer com que a decisão seja cumprida estagnaram no sistema judiciário mexicano depois de múltiplas apelações dos réus, de acordo com os advogados.

Incluindo os juros e as despesas jurídicas, a quantia devida agora é de US$ 12 milhões, disse a equipe de Trump.

Com esse pano de fundo, Trump vociferou para seus 3 milhões de seguidores do Twitter no dia 24 de fevereiro: “Ganhei um processo no corrupto sistema judiciário do México e até hoje não consegui cobrar. Não façam negócios com o México!”.

Uma semana depois, ele prometeu que nunca mais haverá um concurso de Miss Universo no México.

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