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Divergência entre Holcim e Lafarge ameaça fusão bilionária

O plano da Holcim e da Lafarge de criar a maior empresa de cimento do mundo corre o risco de fracassar, se não houver acordo sobre termos da fusão


	Trabalhador empilha sacos de cimento da Holcim
 (Kemal Jufri/Bloomberg News)

Trabalhador empilha sacos de cimento da Holcim (Kemal Jufri/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2015 às 19h48.

O plano da Holcim Ltd. e da Lafarge SA de criar a maior empresa de cimento do mundo corre o risco de fracassar.

O motivo é que os dois lados divergem em relação à liderança da empresa combinada e aos termos financeiros, o que coloca o futuro da fusão de US$ 40 bilhões em perigo.

A suíça Holcim disse que não levará adiante a combinação planejada em sua forma atual e quer que a Lafarge aceite uma participação menor que a de 47 por cento inicialmente acordada na empresa combinada.

A Holcim está pressionando também para que outro executivo lidere a nova entidade, em vez de o CEO da Lafarge, Bruno Lafont, segundo fontes informadas sobre o assunto.

A Lafarge, por sua vez, disse que está disposta a ceder no tocante à relação de troca proposta, mas não quanto à liderança.

“A chance de colapso é grande”, disse Patrick Appenzeller, analista da Baader-Helvea em Zurique. “Quanto mais tempo demorar, maior a probabilidade de a demora ser excessiva”.

Os planos para combinar a Holcim e a Lafarge foram anunciados com grande alarde em abril de 2014, com os líderes de cada empresa elogiando a criação de uma fabricante de cimento com US$ 40 bilhões em vendas e operações em 90 países.

Desde então, a Holcim, que tem sede em Jona, Suíça, teve um desempenho melhor que a Lafarge em tudo, desde vendas até lucros, levando alguns investidores da empresa suíça a pedirem uma participação maior na nova entidade.

Venda de ativos

Os representantes das empresas deverão se reunir nesta segunda-feira para tentar chegar a um acordo ainda nesta semana, disseram as fontes. As negociações estão em andamento e a estrutura ainda pode mudar, disseram elas, acrescentando que também é possível que os dois lados não consigam chegar a um acordo.

Os investidores dos dois lados continuam interessados em ver a fusão avançar e existe pressão para que se chegue a um acordo antes de os investidores da CRH Plc se reunirem, no dia 19 de março, para aprovar a compra de uma fatia maior da empresa combinada que a Holcim e a Lafarge concordaram em vender para cumprir as exigências antitruste, disseram as fontes.

No mês passado, a CRH fechou um acordo para compra de 6,5 bilhões de euros (US$ 6,8 bilhões) dos ativos do setor de cimento para conquistar participação de mercado. Há mais de um mês a empresa irlandesa levantou uma receita bruta de cerca de 1,6 bilhão de euros por meio de uma venda de ações para ajudá-la a financiar a aquisição. O euro caiu significativamente desde então.

Um porta-voz da Holcim preferiu não comentar e representantes da Lafarge não puderam ser contatados imediatamente fora do horário comercial regular.

Demanda fraca

A Holcim e a Lafarge fecharam um acordo para combinar as operações depois que a recessão global corroeu a demanda por materiais de construção e que a concorrência maior de rivais dos mercados emergentes minou os lucros. As empresas estimam que a combinação gerará sinergias de mais de 1,4 bilhão de euros.

É necessário que haja uma nova liderança na empresa combinada para garantir que as metas de economia possam ser cumpridas e que as duas empresas possam trabalhar juntas de forma bem-sucedida, disse uma das fontes.

“Embora continue aumentando a especulação em torno de uma possível mudança nos termos, vemos muito pouca chance de a fusão fracassar”, disseram analistas da J&E Davy, em uma nota, no início deste mês. “Nós estimamos que a Holcim e a Lafarge farão o que for necessário para fechar o negócio”.

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