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Depois de lucro recorde, Latam investe no Brasil, de olho na Azul

Para 2019, a intenção do grupo é aumentar o número de passageiros transportados em 4% a 6%, principalmente no segmento de voos internacionais

LATAM Airlines (LATAM/Divulgação)

LATAM Airlines (LATAM/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 21 de março de 2019 às 09h00.

Última atualização em 21 de março de 2019 às 09h00.

Se o ano de 2018 foi o melhor ano para a Latam desde sua criação, a companhia aérea prevê crescer ainda mais este ano, com a melhora na economia, fortalecimento da demanda e um mercado mais racional com a recuperação da Avianca Brasil. No entanto, precisará se esforçar para manter a segunda posição no ranking brasileiro, após a Gol, depois que a Azul anunciou a intenção de compra de ativos da Avianca.

A Latam apresentou, em 2018, seu melhor resultado desde a criação da empresa, resultante da união da Lan e Tam, em 2012. A empresa reportou lucro de 182 milhões de dólares no ano, alta de 17,1%.

O ano passado foi desafiador para a indústria na América do Sul, por conta da instabilidade decorrente das eleições presidenciais no Brasil e do aumento de preços do combustível, diz a empresa em seu relatório de resultados. "Enquanto concorrentes não sobrevivem, passamos pelo nosso melhor ano. O resultado dá fôlego para investir muito", afirma Jerome Cadier, presidente da Latam Airlines Brasil a Exame.

Para 2019, a intenção do grupo é aumentar o número de passageiros transportados em 4% a 6%, principalmente no segmento de voos internacionais e nos países que falam espanhol - o crescimento no Brasil será menor, de 2% a 4%. No ano passado, a companhia inaugurou novas rotas internacionais, para Las Vegas, Tel Aviv, Roma e Boston. Já esse ano, o plano é consolidar esses destinos.

Para isso, a companhia aérea deve investir 500 milhões de dólares no país, além dos investimentos em todo o grupo. A aérea investirá 400 milhões de dólares na reforma das cabines de todos os seus aviões - metade desse valor deve ser aplicado no Brasil.

Além disso, em setembro do ano passado, anunciou programa para recomprar cerca de 27% do capital social da Multiplus em circulação e fechar o capital do programa de fidelidade. Essa compra deve custar cerca de 300 milhões de dólares, segundo a Latam.

O movimento de recompra de ações é semelhante ao feito pela sua concorrente, a Gol, que irá incorporar a Smiles. A estratégia foi criticada pelos acionistas minoritários das duas empresas.

Segundo o presidente, trazer a Multiplus de volta à companhia aérea faz sentido no momento atual, já que no mundo há poucas as aéreas com programas de fidelidade separados. "Fizemos o IPO e a divisão em um momento que a Multiplus precisava de caixa, mas agora, com mais solidez, é melhor trazer o programa para dentro da companhia", diz.

Céus mais azuis

Sobre o avanço da Azul, Cadier diz que não se preocupa. Há pouco mais de uma semana, a Azul anunciou a compra de ativos da Avianca Brasil para aumentar sua posição em grandes aeroportos. O acordo envolve 70 slots de pouso e decolagens e 30 aeronaves (A320). Em dezembro de 2018, a Azul possuía 125 aeronaves e a Avianca, 45.

Se em 2018 a Gol tinha 35,7% do mercado, a Latam 31,9% e a Azul, 13,4%, com a compra ela pode bater na casa dos 25% a 27% em fatia de mercado.

Para o executivo, a aquisição já era esperada pelo mercado. Muitos dos aviões da Avianca são do mesmo modelo dos operados pela Azul, o que facilita a integração."A Azul já tinha um desejo grande de crescer, é natural que buscasse crescimento inorgânico, por meio de uma compra", diz. "Do nosso lado, já temos uma operação grande, que poderia levar a complicações no Cade", afirmou.

Segundo ele, os slots que fazem parte do acordo eram os ativos mais importantes da Avianca, principalmente os direitos referentes ao aeroporto do Congonhas, em São Paulo, um dos mais concorridos. Para a Latam, o aeroporto mais importante no país é o de Guarulhos, também em SP, cujo tráfego é o que mais cresce para a companhia.

Isso não significa, diz o presidente, que a Latam irá ou deixará de olhar outros ativos que estiverem disponíveis.

Para ele, a redução de tamanho da Avianca não deve ter impacto no nível de concorrência no país. Com quatro companhias aéreas nacionais, Latam, Azul, Avianca e Gol, o mercado está bem dividido, diz Cadier. "Países como Alemanha ou França têm ainda menos companhias aéreas", afirma.

Enquanto as outras companhias cortavam sua capacidade, para se adequarem ao novo cenário, a Avianca continuou a adicionar novos aviões e a aumentar a quantidade de assentos disponíveis.

"O crescimento da Avianca não se sustentou no tempo. Com mais aviões e demanda menor, o preço das passagens cai, mas o custo de manutenção sobe", afirma. Agora, a tendência é que o resultado das companhias aéreas seja melhor.

A Latam está tranquila com sua rota, mas se depender da Azul pode enfrentar uma concorrência mais forte.

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