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Depois da Latam, cresce pressão por ajuda estatal para aéreas

As companhias aéreas, que transportaram mais de 100 milhões de passageiros em 2019, foram afetadas pela forte redução nas viagens diante do coronavírus

A Latam Airlines, maior aérea da região, nesta semana seguiu os passos da colombiana Avianca e pediu recuperação judicial em Nova York (Regis Duvignau/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2020 às 11h42.

A pior crise do setor de aviação já quebrou as duas maiores companhias aéreas da América Latina. Se a ajuda dos governos não começar a se materializar, a situação pode piorar.

A Latam Airlines, maior aérea da região, nesta semana seguiu os passos da colombiana Avianca e pediu recuperação judicial em Nova York. As companhias aéreas, que transportaram mais de 100 milhões de passageiros no ano passado, foram afetadas pela forte desaceleração das viagens diante das medidas de restrição de mobilidade para impedir a propagação do coronavírus.

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Investidores já lançam dúvidas sobre algumas das maiores aéreas que restam, empurrando para território distressed os rendimentos de títulos vendidos pelo Grupo Aeromexico, Gol e Azul.

A chave para saber se mais aéreas estão à beira do abismo é se começarão a ter acesso a pacotes de resgate semelhantes aos que sustentaram as maiores do setor nos Estados Unidos e Europa. No entanto, governos da América Latina carecem do nível de acesso ao crédito que EUA e Europa tiveram durante a pandemia, deixando empresas de mercados emergentes em desvantagem.

Os voos na América Latina e Caribe despencaram 93% neste ano até o fim de abril, a maior queda do que em qualquer região fora da África, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo. A demanda deve demorar para se recuperar mesmo após o fim das restrições às viagens. Com isso, as aéreas correm risco de perder pelo menos US$ 18 bilhões em receita de tráfego de passageiros neste ano.

“Companhias aéreas são um dos setores mais impactados como resultado do vírus, por isso não é surpreendente que busquem recuperação judicial”, disse Shamaila Khan, diretora de dívida de mercados emergentes da AllianceBernstein, em Nova York.

No entanto, ela acredita que governos estarão cada vez mais dispostos a ajudar o setor. “Acredito que haverá suporte de liquidez às companhias aéreas para que possam continuar operando”, disse.

 

 

Pacote brasileiro

A ajuda solicitada pelo setor varia de créditos do governo a incentivos fiscais. As negociações estão em andamento com alguns governos, incluindo a Colômbia. Outros, como o México, descartaram resgates.

O governo brasileiro oferece um pacote de cerca de R$ 4 bilhões em créditos, o que reduzirá qualquer risco de default da Gol e Azul, pelo menos por enquanto, disse Roger King, analista da CreditSights. O programa também poderia ajudar a unidade brasileira da Latam, que não foi incluída no pedido de recuperação judicial.

“O Brasil agora tem três grandes companhias aéreas em negociações para apoio do governo por meio de empréstimos do banco de desenvolvimento”, disse King. Em sua opinião, se os empréstimos forem concedidos, não haverá recuperação judicial no Brasil por um tempo. Ele vê maior chance de problemas para companhias aéreas de menor porte, embora não as tenha nomeado.

Até o governo do Chile, que resistiu a um resgate devido à forte oposição da sociedade, pareceu suavizar sua posição após o pedido de recuperação judicial da Latam. O governo disse que estuda como pode contribuir para o sucesso do processo de reorganização.

Ainda assim, a empresa enfrenta um longo caminho para a recuperação, dada a provável desaceleração prolongada, especialmente em viagens internacionais.

“O caminho da recuperação provavelmente será mais difícil para a Latam Airlines do que para a maioria de companhias aéreas domésticas como Azul e Gol, já que 51% do tráfego total é de longa distância internacional e regional”, disse Roger Horn, estrategista sênior de mercados emergentes da SMBC Nikko Securities America, em Nova York.

Essa mesma incerteza aumenta os riscos para outras companhias aéreas. “Existe a possibilidade de os defaults se espalharem”, disse.

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