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Democratização do mercado: analista conta por que todos precisam investir

A queda dos juros no Brasil tem levado mais investidores a sair da poupança e da renda fixa para aplicar em produtos mais ousados

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 21h14.

Com a forte queda dos juros no país, um número cada vez maior de brasileiros está deixando aplicações financeiras conservadoras para buscar retornos melhores correndo um pouco mais de risco – na bolsa de valores, por exemplo. Mas ainda existe um grande contingente de potenciais investidores que acha que não tem dinheiro suficiente para começar. Essa é uma impressão equivocada.

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"Começar a guardar dinheiro significa ficar menos vulnerável a um emprego ruim, a uma situação ruim em casa. Falar de investimentos em todas as classes sociais é mais importante do que se imagina", disse Luciana Seabra, fundadora da casa de análise de investimentos Spiti e especialista em fundos, nesta segunda-feira, 23, na conferência virtual Brasa Talks. A série de lives é organizada pela Brasa, associação de estudantes brasileiros no exterior, e apoiada pelo banco de investimentos BTG Pactual, dos mesmos sócios da EXAME.

O primeiro passo para entrar no mercado financeiro é fazer uma reserva de emergência, segundo Seabra: o montante equivalente a três meses das despesas do investidor guardado em uma aplicação super conservadora.

Para a mulher, é ainda mais importante ter esse porto seguro, na opinião de Seabra. "Sem investir, não dá para acumular patrimônio. A mulher vive mais do que os homens, faz mais interrupções na carreira e é mais conservadora", afirmou. "Essa conta não vai fechar, vai causar dependência financeira."

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A noção de objetivo para os investimentos é importante também na educação financeira de jovens e crianças, segundo a analista. "Acho importante ter lições na escola, mas precisam estar ligadas a situações concretas", disse. "Para que juntar dinheiro? Não se pode descontextualizar o aprendizado, dizer que, se sabe calcular juro, o investidor vai saber calcular o retorno do seu fundo. Não se aprende quando não se está precisando."

Conforme os brasileiros avançam no conhecimento sobre o mercado, acabam levando a uma evolução dos produtos disponíveis. Quase nenhum fundo de previdência privada cobra mais a famigerada taxa de carregamento, comum até há pouco tempo. "Os gestores de investimentos estão percebendo também que quanto mais diversificada é a sua base de clientes, mais resiliente é o fundo", afirmou.

O iniciante deve desconfiar das promessas de ganhos rápidos na bolsa, no entanto. "O que mais aprendi com os grandes gestores com quem converso é sobre ter uma visão de longo prazo", disse Seabra. "Quando perguntado sobre tendências, o gestor mediano vai repetir o que tem se falado no mercado. Porém um gestor destacado vai falar algo surpreendente, que não se ouve por aí. Esse gestor não fica "tradando" bolsa. Vai por um caminho totalmente diferente."

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A visão de longo prazo é especialmente útil em momentos de crise como o que o mundo vive agora por causa da pandemia do novo coronavírus. "Esse olhar nos ajuda a sair um pouco do caos e identificar o que está barato. O investidor que tem uma reserva para cinco anos sabe que a pandemia não vai durar cinco anos e não se deixa levar pelo ruído", afirmou.

A taxa Selic pode oscilar um pouco, mas não deve voltar aos patamares de antes, disse Seabra. "No longo prazo, a renda variável vale a pena. Se o investidor experimenta a bolsa do jeito certo e do tamanho certo, ela fica", disse. Para a analista, o fato de que os pequenos investidores continuaram comprando ações na bolsa mesmo no momento de maior estresse com a covid-19 mostra que o brasileiro está aprendendo.

A conferência Brasa Talks vai até 30 de novembro.

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