De olho na geração Z, fintech NG.Cash capta R$ 65 milhões em rodada liderada pela Monashees
Os novos recursos serão usados para expandir a oferta de produtos da fintech, que movimentou mais de R$ 2 bilhões em 2023
Repórter de Negócios
Publicado em 14 de maio de 2024 às 09h20.
Última atualização em 14 de maio de 2024 às 15h01.
A base da clientela da NG.Cash tem entre 14 e 15 anos, um público que por anos ficou desassistido de soluções bancárias. Com mais de 2 milhões de usuários, a startup é dona de uma conta digital para a geração Z, pessoas nascidas entre 1995 e 2010.
No mercado desde 2021, a fintech está anunciando nesta terça-feira, 14, uma captação no valor de 65 milhões de reais, em rodada liderada pela Monashees.
Andreessen Horowitz (a16z), que comandou a rodada anterior de US$ 10 milhões ao lado do fundo criado por Eric Acher, acompanhou o investimento. Entraram ainda a 17Sigma, Tekton Ventures e a Generalist Capital.
A fintech tem o apelo de levar educação aos mais jovens, preparando-os para o mundo das finanças. Diferentemente de outras instituições, os pais só entram na plataforma para assinar a abertura da conta.
“Nós conseguimos nos comunicar com o adolescente. O onboarding é feito pelo adolescente, que começa a fazer e depois precisa da anuência do pai. Toda a comunicação, todo o app, tudo é feito para o menor de idade ser usuário”, afirma Mario Augusto Sá, CEO da NG.CASH.
Entre os serviços mais usados pelos jovens, entre 12 e 18 anos, estão o Pix e o cartão de crédito pré-pago. Na média, os gastos mensais ficam em torno de R$ 500. Disponíveis, ainda estão serviços de recarga de celular, compra de criptoativos, mesada programada e crédito para jogos.
“Tudo o que nós montamos tem uma estrutura de passo a passo para o adolescente aprender a usar. Cripto, por exemplo, precisa de mais um ok do responsável”, diz Antonio Nakad, cofundador e CEO. “Os limites com os quais os usuários começam são bem baixos, tanto no transacional quanto em cripto”.
Como surgiu a ideia de falar com a geração Z
A NG. Cash nasceu de um desconforto de Augusto Sá, que aos 14 anos criou o canal Neagle no YouTube com os amigos Victor Trindade e Gabriel Soares. Voltado ao entretenimento e blogs pessoais, a página tem hoje mais de 13 milhões de inscritos.
“Eu nunca tive uma boa experiência bancária, ainda quanto menor”, afirma o empreendedor, em seu terceiro negócio. No Neagle, ele preferiu ficar longe dos holofotes e concentrar a sua atuação na gestão do negócio.
Mais tarde, entrou para a faculdade e cursou Engenharia da Computação na PUC-Rio. Foi onde conheceu o professor Luis Felipe Carvalho, com quem fundou a sua segunda empresa: Trampolim, uma solução de infraestrutura comprada pela Stone, em 2020.
“Quando nós vendemos, eu paro e reflito. Nós temos um bilhão de views por ano no canal e 13 milhões de seguidores da geração Z. E, do outro lado, passamos os últimos três anos fazendo infraestrutura bancária para terceiros. Por que não fazemos um banco para a nossa audiência?”, diz Sá.
A NG.Cast foi criada com outros quatro sócios: Antonio Nakad e Luis Felipe, egressos da Trampolim, Victor Trindade, da Neagle, e Petrus Arruda, com passagens por Embraer e Americanas.
O que será feito com os novos recursos
O novo aporte será usado para manter o ritmo de crescimento da plataforma, que movimentou mais de R$ 2 bilhões em 2023, volume 40 vezes maior do que o registrado um ano antes.
Na prática, isso vai significar a oferta de mais produtos e serviços na plataforma, com a introdução de cofres para manter o dinheiro e conexão com Apple e Google pay. Além disso, um bot de pagamentos com camada educativa, ajudando os usuários na gestão dos recursos.
A startup também prepara soluções para quem está entrando na maioridade. Na lista, estão crédito pós-pago e microcrédito. “Nós vamos evoluir bastante essa linha de produto, principalmente focado no maior de idade lá na frente”, afirma Sá.
Para entregar as funcionalidades, prevê quase dobrar o time, chegando a 110. As maiores demandas estão em tecnologia e produto. Outro orçamento projetado para crescer é o de marketing, que deve consumir cerca de 10% dos novos recursos para atrair mais usuários para a plataforma.
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