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Paparazzi de corredores: ele criou um negócio que fatura R$ 19 milhões com fotos

Criado em 2015, o Fotop tem ampliado o leque na cobertura de eventos e mira a internacionalização do modelo de negócio

André Chaco, da Fotop: temos dobrar de tamanho desde a fundação (Fotop/Divulgação)
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 09h30.

Última atualização em 22 de dezembro de 2023 às 15h34.

Os coletes coloridos aparecem e o cansaço dos corredores desaparece. A postura e o ânimo mudam, quem andava agora corre, nem que seja por alguns metros. Na mente, o desejo por boas fotos, que em breve estarão circulando pelas redes sociais, acompanhadas de mensagens de superação, em posts, tbts, stories e reels.

Quem tem amigos corredores, já conhece a rotina cada vez mais familiar aos brasileiros. No pós-pandemia, a busca por atividades físicas levou um contingente expressivo às corridas de rua e a outras atividades. O beach tennis que o diga.

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Os coletes vermelhos, puxando para um tom alaranjado, são do Fotop, hoje a empresa mais representativa do setor. Neste ano, a empresa já subiu na plataforma mais de 210 milhões de fotos - e ainda tem a São Silvestre. No comando do negócio criado em São Paulo, está André Chaco, um dentista que nunca usou o jaleco nem fez uma obturação . O gosto pelos esportes o transportou para outro caminho, sempre ao lado do amigo e sócio Renato Cukier.

Em meados dos anos 1990, na pré-história da internet, os dois praticantes de escaladas criaram o primeiro negócio, um site para divulgar esportes de aventura, o Webventure. Logo depois, o webrun, para corridas de rua. O modelo era o tradicional, fazer uma cobertura jornalística e viver de publicidade.

Como surgiu a plataforma de fotos

A virada na vida como empreendedores foi bem longe das corridas de rua, no Rally dos Sertões. Em meio a uma cobertura, uma marca de carro e um dos pilotos entraram em contato para a compra de fotos.Na edição seguinte, o negócio já era maior, com equipe e a entrega das imagens em CDs horas depois do término da competição.

Em um misto de validação em uma base menor e aquela loucura típica dos empreendedores, eles levaram o negócio para o universo das corridas. O nome Fotop nasceu apenas em 2015, após uma reorganização da casa. Antes, os negócios ficavam todos juntos: sites de conteúdo, de fotos e  a empresa de venda de inscrições, hoje com o nome de Ticket Sports.

“O Fotop nasceu com a vantagem de nós podermos ir para outros mercados e não ficarmos restritos somente à corrida de rua e aos esportes de aventura”, afirma Chaco, CEO da operação. Na mudança, a empresa ganhou mais peso no negócio ao lado da co-irmã de tiqueteria.

Com exceção dos anos pandêmicos, o Fotop mantém um ritmo de crescimento acumulado entre 95% a 120% por ano, segundo o executivo. Neste ano, deve faturar R$ 19 milhões, 90% de alta em relação aos R$ 10 milhões de 2022.

Uma mudança essencial para o tamanho atual aconteceu com a alteração do modelo de negócio. Antes, os fotógrafos dependiam da empresa fechar com a organização dos eventos, política que mudou em 2017 dando mais flexibilidade aos profissionais e reduzindo os custos internos da operação.

Como a Fotop tem crescido

O rearranjo foi acompanhado por uma mudança estrutural, colocando as fotos em nuvem, sem a dependência do escritório físico. “Nós ganhamos muita capilaridade com esse modelo de virar plataforma”, diz. Este ano, por exemplo, a empresa deve fechar com mais de 18.000 eventos cobertos pelos fotógrafos, uma base ativa de 2.500 profissionais.

Esse volume, além de ser um reflexo da medida tomada lá atrás, retrata um impacto de uma mudança trazida com a pandemia. No centro da operação do Fotop, desde sempre a corrida foi a unidade principal, até pelo volume de participantes, mas ciclismo, corrida trail e triathlon entram também nas atividades-chave do negócio.

Quando as corridas pararam, os fotógrafos, logo na primeira flexibilizada, correram para fazer imagens de treinos. Q uem treina sábado pela manhã na USP ou no Ibirapuera, doispointstradicionais dos corredores em São Paulo, logo tem acesso às fotos.

Uma evolução possível ao uso de reconhecimento facial. Em provas, os atletas usam números que os identificam, como o “número de peito” na corrida. Nos treinos, a tecnologia de leitura facial caiu com uma luva.

Qual é o futuro do negócio

Foi neste período que treinos e competições de outras modalidades ampliaram a participação na plataforma. Hoje, esportes como lutas, jogos de basquete, futebol e surfe representam mais de 40% do faturamento. “Eles ganharam força nos últimos dois anos”, diz Chaco.O crescimento por aqui tem feito a empresa expandir por outros territórios, mercados que respondem em torno de 10% do negócio.

O primeiro foi Portugal, ainda na década passada. Nos últimos 18 meses, retomou a iniciativa e entrou em países como Equador, Colômbia, Itália, Irlanda e Austrália, além de ter fechado contratos na Espanha e França para o próximo ano.

“Internamente, a nossa equipe de marketing foi aumentada para ficar focada no internacional e uma parte do time de desenvolvimento também olha para esta expansão”, afirma Chaco.

”Estrategicamente, é muito importante porque o potencial é gigante”. De acordo com o executivo, a empresa investiu pouco mais de R$ 600.000 ao longo deste ano no processo. Em 2024, a estimativa é de os valores fiquem entre R$ 900.000 e R$ 1,5 milhão, a depender de como as coisas evoluem.

Para manter o ciclo de expansão, o executivo já tem mapeadas o que precisa fazer, só ainda não encontrou as fórmulas.  As demandas passam por maior agilidade na disponibilização das  fotos e outras experiências, como vídeos, ainda com custo elevado de produção.

“Entrega por WhatsApp é um negócio que nós fizemos em pouquíssimos eventos, mas precisaremos entregar mais fotos pelo app”, afirma Chaco. As ações miram o aumento do tíquete médio e a captura de um novo público. Das mais de 210 milhões de fotos colocadas no sistema, 12 milhões foram adquiridas. “Ainda tem margem para crescer e aumentar o público consumidor”.

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