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CVM indica que há investigações em curso sobre Petrobras

A CVM indicou que existem investigações sigilosas em curso sobre a estatal, e que ainda é cedo para dizer se nomes como o de Dilma Rousseff poderão ser citados

Sede da Petrobras: Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobras entre abril 2003 e março de 2010 (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2015 às 14h51.

Rio de Janeiro - A Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ) indicou que está realizando investigações sigilosas sobre a Petrobras e que ainda é cedo para dizer se nomes como o da presidente da República, Dilma Rousseff , poderão ser citados.

“O que nós deixamos público não é necessariamente tudo o que a gente está fazendo. Pode ter investigações, e certamente devem ter, que estão ainda em sigilo. A gente só deixa público depois que tem algum parâmetro para a gente não desproteger o processo e nem quem está envolvido”, disse o presidente da CVM, Leonardo Pereira, em entrevista à Reuters no fim da tarde de segunda-feira.

A autarquia informou no fim de dezembro que abriu inquérito administrativo para apurar responsabilidades de administradores da Petrobras em denúncias de corrupção envolvendo a companhia, no centro da Operação Lava Jato da Polícia Federal.

Questionado sobre nomes que podem ser citados no caso, como o de Dilma, o presidente da CVM disse ser "totalmente precipitado" abordar isso. “Eu não tenho base nenhuma para falar isso... O processo quando chega ao colegiado é sorteado e aí nós temos acesso ao processo. Eu vou ser uma das pessoas que vai estar julgando”, disse Pereira.

Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobras entre abril 2003 e março de 2010, primeiro na condição de ministra de Minas e Energia e depois no comando da Casa Civil, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Conselho da estatal é presidido pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega desde abril de 2010.

Pereira deixou claro que casos de corrupção não estão dentro do escopo da CVM, que para isso tem que trabalhar em conjunto com a PF e o Ministério Público. A autarquia deve avaliar o que é importante para o mercado de capitais funcionar, como dever de lealdade, se os administradores cumpriram o seu papel e se a empresa entregou as informações corretas no momento adequado.

Apesar de afirmar que o caso da Petrobras não será priorizado em detrimento de outros processos, o presidente da CVM admitiu que há uma celeridade da autarquia sobre o caso. Por outro lado, segundo Pereira, uma conclusão das investigações não deve ocorrer nos próximos meses.

"É um problema não se resolve em meses em lugar nenhum do mundo", disse o presidente da CVM, excluindo a possibilidade de um julgamento em 2015.

"O inquérito foi aberto, tem uma meta interna nossa, de quanto o inquérito deve demorar. Mas a gente tem que tomar muito cuidado. Em qualquer inquérito, a gente quer que seja tomada a melhor decisão possível", disse ele, sem revelar prazos.

Sobre outras empresas envolvidas no caso, como as maiores empreiteiras do país, Pereira afirmou que elas podem estar incluídas nas investigações do órgão regulador dos mercados brasileiros, mesmo que não tenham ações negociadas em bolsa.

"As empresas de capital aberto caem na nossa jurisdição. Eu não posso falar (sobre as empresas envolvidas), nós estamos num acompanhamento, num plano de supervisão, que é bastante abrangente, eu tenho que prestar conta no Conselho Monetário Nacional (CMN) de seis em seis meses", afirmou.

CVM x SEC

O presidente da CVM defendeu a autarquia de críticas de que teria ficado atrás da Securities Exchange Commission (SEC), o regulador norte-americano, e de que teria demorado a iniciar investigações sobre a Petrobras. Segundo Pereira, a instalação de um inquérito recentemente significa que a CVM começou a trabalhar sobre as denúncias "há muito tempo".

"A SEC nunca falou, nem o Departamento de Justiça, que eles estavam investigando a Petrobras. Quem falou que eles estavam investigando a Petrobras foi a própria Petrobras recentemente. Então eu não posso eu dizer que a SEC começou primeiro ou que a CVM começou primeiro, porque seria uma leviandade", disse.

Ele acrescentou que o mercado soube do que a CVM  estava fazendo em 10 de outubro, quando foi enviado um ofício à Petrobras. "Isso não quer dizer que a gente não estivesse já investigando. Tem todo um trabalho antes de mandar um ofício à companhia. Se você não tivesse todo um trabalho já feito, você não teria chegado a abrir um inquérito já agora." Pereira disse que não poderia comentar se as investigações de CVM e SEC são conjuntas, mas afirmou que os dois órgãos estão mantendo colaboração sobre o caso.

2015 Para este ano, a CVM quer eliminar todos os processos em aberto que sejam anteriores a 1o de janeiro de 2011. O regulador também pretende instaurar todos os inquéritos administrativos cuja proposta tenha sido formulada até 1o de janeiro de 2013, além de julgar todos os processos cujo sorteio de relator tenha sido realizado até esta data.

"Posso te assegurar que temos metas e que as metas estão sendo cada vez mais aprimoradas. A CVM deu metas em 2014 para fazer a limpeza antes de 2009 e 2010, agora andou. E vamos resolver os de 2011 a 2013”, disse Pereira. Em 2014 até 24 de dezembro, segundo levantamento do escritório de advocacia Levy & Salomão, a média do tempo entre termo de acusação e julgamento dos processos administrativos sancionadores na CVM foi de 744,5 dias, ante 984,18 dias um ano antes. Em 2012, o prazo médio foi de 1050,16 dias.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoCVMDilma RousseffEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

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