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Crise na Oi se acirra às vésperas de assembleia

Em recuperação judicial desde junho de 2016, com o maior processo da história do País, a Oi detém dívidas de quase R$ 65 bilhões

OI: credores dizem que proposta só vai beneficiar acionistas (Sergio Moraes/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de outubro de 2017 às 10h19.

São Paulo e Rio de Janeiro - Os principais credores da Oi fizeram ontem pesadas críticas ao novo plano de reestruturação apresentado pela operadora na noite de quarta-feira (11). Em recuperação judicial desde junho de 2016, o maior processo da história do País, com dívidas de quase R$ 65 bilhões, os detentores de títulos de dívidas da companhia argumentam que a nova versão de recuperação da tele apresentada pela Oi beneficia os principais acionistas.

Às vésperas da assembleia, que será realizada dia 23 de outubro, e definirá o futuro da operadora, a crise entre sócios e principais credores da quarta maior operadora do País ainda está longe de chegar ao fim. A Oi foi uma aposta da gestão petista de criar uma campeã nacional das telecomunicações, ao promover a fusão do grupo nacional com a portuguesa Portugal Telecom (PT).

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Em comunicado ao mercado ontem, os principais detentores de títulos de dívidas internacionais (conhecidos no mercado como "bondholders"), representados por G5/Evercore e Moelis & Company, atacaram a proposta da tele: "O plano de reestruturação revisado do grupo Oi ignora as preocupações dos credores, ameaça a viabilidade da empresa a longo prazo e enriquece, abusivamente, os atuais acionistas". Esses dois grupos detêm, juntos, cerca de R$ 22 bilhões em dívidas. Os maiores acionistas são a Pharol (ex-Portugal Telecom) e o empresário Nelson Tanure. Procurada, a Oi não comenta.

Segundo fontes, a direção da Oi pretende iniciar reuniões com os detentores de títulos internacionais para tentar atenuar as contestações. A reação negativa, porém, já era esperada, uma vez que esses credores reivindicavam a entrega de 88% do capital da Oi em troca das dívidas. Por sua vez, a tele propôs a troca por uma nova debênture (título de dívida) de R$ 5,8 bilhões, mais a conversão de R$ 3 bilhões em 15% ou 25% do capital.

Segundo cálculo de analistas do BTG Pactual, o plano implica em uma redução de 73% no valor a receber pelos credores. O Credit Suisse adotou um tom moderado, apesar da euforia do mercado - ontem as ações preferenciais da Oi avançaram 23,76%, a R$ 5, enquanto as ordinárias subiram 14,98%, a R$ 5,91. Para o banco, a eventual aprovação da proposta implicará em um ganho para as ações, mas os termos do plano estão longe do desejado pelos credores.

Discordância

A discordância sobre os termos da nova versão do plano começou ainda no conselho de administração. Os ajustes no plano foram aprovados por maioria, não unanimidade.

As vozes dissonantes, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, foram dos conselheiros independentes indicados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marcos Duarte e Ricardo Reisen. Eles entendem que, a despeito de avanços, a proposta costurada pelo acionista Tanure ainda traz um ônus financeiro excessivo para a tele.

Entre os pontos questionados estariam o pagamento de comissão aos credores que se comprometeram a participar do aumento de capital e até de uma taxa de encerramento no caso deste ser abortado. Além de muito pesados, esses incentivos podem acabar não tendo contrapartida para a empresa.

Embora os dois nomes sejam independentes, uma fonte confirma que o BNDES não vê a proposta liderada por Tanure como ideal. Detentor de R$ 3,3 bilhões a receber na recuperação judicial, o banco também é um credor de peso (tem 5% da dívida), além de politicamente influente.

A instituição também participa do grupo coordenado pela Advocacia Geral da União (AGU) para discutir soluções para evitar a falência da tele, o que pode limitar sua atuação solo no caso. Procurado, o BNDES também não comenta.

O governo busca uma solução para tele, que esteve prestes a ser interditada. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem quase R$ 15 bilhões para receber. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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