No BNDES, 68% de sua carteira de crédito – ou R$ 238 bilhões - está vinculada a projetos que apoiam a economia verde e o desenvolvimento social (Michele Rossetti/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2022 às 10h00.
Última atualização em 22 de setembro de 2022 às 10h44.
O crédito verde vem ganhando cada vez mais espaço na economia brasileira. No último relatório de resultados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), referente ao segundo trimestre de 2022, a instituição indica que 68% de sua carteira de crédito – ou R$ 238 bilhões -- está vinculada a projetos que apoiam a economia verde e o desenvolvimento social.
No período, os desembolsos totais do BNDES registraram crescimento de 46% comparado ao mesmo período de 2021. Desse total, R$ 3,7 bilhões foram destinados a atividades relacionadas à economia verde e R$ 7,3 bilhões ao desenvolvimento social.
Foi este ano, aliás, que o BNDES aprovou a primeira operação de sua nova linha chamada “Programa Crédito ASG”, concedida à Liasa – Ligas de Alumínio, empresa brasileira do setor metalúrgico.
Lançado em agosto de 2021, o crédito tem condições financeiras mais atrativas para as empresas que comprovem a melhoria de indicadores durante a vigência da operação, estimulando a adoção de práticas empresariais mais eficientes e sustentáveis nos aspectos Ambiental, Social e de Governança (ASG).
A movimentação do crédito verde ocorre também em outros bancos brasileiros, além do BNDES, sejam eles públicos ou privados.
Por meio de uma parceria com Banco do Brasil e Bradesco, a JBS, empresa líder global em alimentos à base de proteína, vem facilitando, desde o começo do ano, o acesso ao crédito rural para os produtores de sua cadeia de fornecimento.
Com apoio dos Escritórios Verdes da companhia – são 15 localizados em unidades de processamento de diferentes regiões-chave para as atividades pecuárias da companhia, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará e Rondônia –, pecuaristas podem obter recursos para financiar ações de regularização ambiental.
Junto aos Escritórios Verdes, os fornecedores da JBS conseguem ter uma avaliação de suas necessidades para, então, buscarem o financiamento necessário à adoção de boas práticas ambientais.
Os bancos, por meio de suas equipes técnicas, auxiliam na adequação dos projetos e na indicação da linha de crédito ideal para cada situação.
“Esse é mais um esforço da JBS em prol de uma cadeia de fornecimento sustentável”, comentou Renato Costa, presidente da Friboi. “Nosso principal objetivo é ajudar os pecuaristas a resolverem seus passivos ambientais de acordo com a legislação brasileira. É isso o que buscamos com os Escritórios Verdes. A parceria com bancos, como o Banco do Brasil e o Bradesco, dá ainda mais força a esse objetivo.”
O Banco do Brasil, aliás, anunciou este ano novas linhas de crédito verde para produtores rurais. A Cédula de Produto Rural (CPR-Preservação) permite ao produtor rural monetizar a área preservada em sua propriedade, tendo como lastro para o financiamento a vegetação nativa do imóvel rural.
Segundo o Banco do Brasil, a ferramenta permite que os produtores tenham acesso a recursos adicionais para fazer frente aos custos de produção e de conservação.
Mais um banco que vem se movimentando em direção ao crédito verde é o BTG Pactual. O maior banco de investimentos da América Latina concedeu crédito verde para a Usina Lins, produtora de açúcar e etanol. Segundo a instituição, a concessão é parte de sua estratégia de atuar mais ativamente na estruturação de finanças sustentáveis em sua carteira de crédito.
No caso do empréstimo do BTG à Usina Lins, trata-se de um crédito verde porque o uso dos recursos emprestados é atrelado a benefícios ambientais, em particular aos processos da produção de etanol, financiando ou refinanciando a produção de bioenergia.