Covid estimula comércio eletrônico, mas não em todos os setores
Efeitos negativos da pandemia foram registrados nos serviços de compartilhamento de veículos, ou de viagens, diz estudo feito em sete países
AFP
Publicado em 3 de maio de 2021 às 10h42.
Última atualização em 3 de maio de 2021 às 10h53.
As restrições relacionadas à covid-19 provocaram um grande estímulo para o comércio eletrônico no ano passado, mas não para todas as empresas - revela uma pesquisa da ONU.
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Em um estudo, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês) observa que o setor registrou um "avanço espetacular" em um contexto de restrições de deslocamento, apesar de a pandemia ter destruído setores inteiros da economia.
Mas efeitos negativos da pandemia foram registrados nos serviços de compartilhamento de veículos, ou de viagens, indica a instituição, que baseia o relatório em estatísticas de sete países (Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Singapura, Reino Unido e Estados Unidos). Juntos, eles representam quase dois terços das vendas on-line de empresas ao consumidor (chamadas B2C).
Os dados relativos a estes países mostram que as vendas no varejo on-line aumentaram 22,4% ano passado, a US$ 2,45 trilhões, enquanto em 2018-2019 havia registrado um avanço de 15,1%.
"Entre 2018 e 2019, a participação do on-line nas vendas totais do varejo aumentou 1,7 ponto percentual, enquanto entre 2019 e 2020 aumentou 3,6 pontos percentuais. O avanço é mais do que duas vezes mais rápido", explica o autor do estudo, Torbjorn Fredriksson, à AFP.
A evolução depende, porém, do país: na Austrália, as vendas on-line avançaram 59%; no Reino Unido, 46,7%; e nos Estados Unidos, 32,4%. Já na China foi apenas 14,6%.
A UNCTAD ainda não dispõe de dados mundiais para 2020, mas vários estados sugerem um forte crescimento do comércio eletrônico em outras regiões, segundo Fredriksson.
O grupo latino-americano do comércio on-line Mercado Livre registrou uma alta de 40% em média nas buscas efetuadas por cada usuário no conjunto de suas atividades da América Latina entre o fim de fevereiro e o fim de maio de 2020.
Jumia, gigante do setor na África, registrou um crescimento de mais de 50% do volume de transações nos seis primeiros meses de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019, afirmou o especialista.
Alibaba continua líder
Em 2019, as estatísticas mostram que as vendas mundiais do comércio eletrônico alcançaram quase US$ 26,7 trilhões, um aumento de 4% na comparação com 2018.
O valor inclui tanto as vendas entre empresas (B2B) - que representam a grande maioria (82%) do comércio eletrônico - e de empresa a consumidor (B2C) e equivale a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial do ano, segundo o estudo.
"As estatísticas mostram a importância crescente das atividades on-line. Também destacam a necessidade de os países, sobretudo dos países em desenvolvimento, disporem destas informações enquanto reconstroem suas economias após a pandemia de covid-19", destacou a diretora de tecnologia e logística da UNCTAD, Shamika Sirimanne.
Os dados relativos às 13 principais empresas do comércio pela Internet - dez delas da China e dos Estados Unidos - apontam, no entanto, que a pandemia provocou "uma mudança considerável da situação para as plataformas que oferecem serviços como o compartilhamento de carros e viagens", constatou a agência da ONU.
As empresas que operam nestes setores registraram uma forte queda do volume bruto das mercadorias, com um retrocesso correspondente no ranking mundial de empresas B2C.
Por exemplo, a Expedia passou de 5º, em 2019, para 11º lugar, em 2020; Booking Holdings, do 6º para 12º; e Airbnb, que abriu o capital em 2020, de 11º para 13º.
Os quatro primeiros lugares no ranking permanecem os mesmos do ano anterior: Alibaba, Amazon, JD.com e Pinduoduo, nesta ordem.
Apesar da redução do volume bruto de mercadorias (VGM) das empresas de serviços, o VGM total das 13 primeiras empresas de comércio eletrônico B2C cresceu 20,5% em 2020, mais do que em 2019 (17,9%). Os lucros foram especialmente importantes no caso do Shopify e do Walmart, segundo a UNCTAD.
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