Negócios

Cosan foca em eficiência e etanol de 2ª geração

Segundo executivo, companhia descarta fazer aquisições em um momento de fragilidade da indústria


	Caminhões são carregados com cana de açúcar em uma das instalações da Cosan em Piracicaba
 (JC Franca/Bloomberg News)

Caminhões são carregados com cana de açúcar em uma das instalações da Cosan em Piracicaba (JC Franca/Bloomberg News)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2014 às 21h01.

São Paulo - A Cosan, empresa de infraestrutura e energia, descarta fazer aquisições neste momento de fragilidade da indústria sucroalcooleira, enquanto busca melhorar o desempenho operacional e aposta em etanol de segunda geração para o futuro desse negócio, disse um alto executivo nesta quinta-feira.

O setor de açúcar e etanol, que já foi o carro chefe da Cosan e hoje é apenas um dos negócios do conglomerado, vive uma crise financeira no Brasil desde 2008, o que traz desafios adicionais para a Cosan, que tem uma joint venture com a Shell nesse setor.

"Nosso objetivo é, sem dúvida nenhuma, melhorar o retorno médio sobre o capital empregado nesse 'business'. E, fazendo aquisições, não vamos conseguir chegar nisso", disse o diretor vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, Marcelo Martins, em entrevista à Reuters.

A divisão de etanol, açúcar e cogeração é a que apresenta o menor retorno sobre o capital investido, observou Martins, ficando abaixo de dois dígitos nos últimos anos, enquanto em outras unidades --incluindo gás natural, distribuição e logística-- o percentual varia entre 13 a 14 por cento.

Essa situação se dá em meio a dificuldades decorrentes de problemas estruturais do setor, que nos últimos anos levaram ao fechamento de dezenas de indústrias de cana, sob o impacto da crise de crédito de 2009 agravada pela pressão de custos e baixos preços dos produtos, especialmente em função do controle governamental de preços da gasolina, que limita altas do etanol.

"Crescemos muito por aquisições e no decorrer deste processo construímos um portfólio com certo desnível quanto à qualidade operacional dos ativos (das usinas). O foco hoje é trazer equalização do nível operacional, de forma que esta eficiência seja aproveitada no sistema inteiro", acrescentou o executivo.

Com aquele baixo retorno, a Cosan busca um foco na melhoria operacional, especialmente em um segmento no qual 70 por cento do custo total é agrícola.

Caminho Possível

Para o futuro, a empresa acredita que pode se beneficiar do advento do etanol de segunda geração, que permitiria um maior aproveitamento da biomassa da cana e redução de custos.

"A segunda geração é nossa grande esperança, mas não vamos esperar só isso, mas estamos focando na melhoria operacional, principalmente na parte agrícola", disse. "É aí que vamos conseguir resultados substanciais." 

Isso porque o etanol de segunda geração ainda precisa superar algumas etapas para ser viável em escala comercial, a ponto de implementar completamente o plano que prevê investimentos de até 2 bilhões de reais, até meados da próxima década.

O etanol de segunda geração é produzido a partir do aproveitamento da biomassa da cana (bagaço e palha).

"A segunda geração é o nosso grande foco hoje, porque aí teremos escala e uma melhoria operacional que vai mudar a dinâmica do 'business'", disse o executivo.

Ele explicou que este etanol de segunda geração, além de melhorar a eficiência de custos da cadeia, melhora a utilização do potencial energético da cana.

"Ainda não está num nível que pode se viabilizar a produção comercial. Mas o que temos visto é que deve caminhar para isso. Talvez se tenha agora uma perspectiva que a gente nunca teve até hoje", explicou, ponderando que os custos ainda não são competitivos.

A Cosan opera, por meio de joint venture com a Shell, as unidades Raízen Energia, que inclui açúcar, etanol e cogeração, e a Raízen Combustíveis, para área de distribuição.

No último trimestre, a Cosan teve uma receita de 9,6 bilhões de reais, dos quais 1,7 bilhão de reais são oriundos da Raízen Energia, a maior companhia de açúcar e etanol do Brasil.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

A malharia gaúcha que está produzindo 1.000 cobertores por semana — todos para doar

Com novas taxas nos EUA e na mira da União Europeia, montadoras chinesas apostam no Brasil

De funcionária fabril, ela construiu um império de US$ 7,1 bilhões com telas de celular para a Apple

Os motivos que levaram a Polishop a pedir recuperação judicial com dívidas de R$ 352 milhões

Mais na Exame