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COP26: negociações avançam, mas dinheiro ainda é um problema

Negociador chefe do Reino Unido e presidente da COP26 detalham os progressos feitos até o momento. Discurso é de convergência

Alok Sharma, presidente da COP26: ¨Na próxima semana, as negociações precisam avançar para uma conclusão¨ (AFP/AFP)

Alok Sharma, presidente da COP26: ¨Na próxima semana, as negociações precisam avançar para uma conclusão¨ (AFP/AFP)

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Rodrigo Caetano

Publicado em 6 de novembro de 2021 às 12h41.

No sexto dia da Conferência do Clima da ONU, a COP26, uma série de pontos em debate já foram definidos, afirmou  o britânico Alok Sharma, presidente do evento. Ele se refere a pontos como financiamento privado para agricultura, para o qual foi fechado um acordo na manhã deste sábado, 6. O consenso, no entanto, ainda não foi alcançado.

¨Na próxima semana, as negociações precisam avançar para uma conclusão¨, afirmou Sharma a jornalistas. ¨Estamos trabalhando em conjunto com todos os países¨. Questionado pela EXAME sobre as negociações com o Brasil, o presidente da COP26 disse que esteve no país no começo do ano e viu progresso nas negociações.

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O negociador chefe do Reino Unido, Archie Young, quando questionado sobre a relação com o Brasil, contemporizou. ¨Existe vontade de se chegar a um acordo¨, afirmou Young.

O problema do dinheiro

Para Felipe Bittencourt, presidente da Way Carbon, consultoria especializada em créditos de carbono, esse progresso inicial já era esperado. Para Bittencourt, as negociações em Glasgow podem ser divididas em três temas principais.

O primeiro é o chamado ajuste correspondente, que define como é contabilizado o carbono vendido por um país para outro; o segundo é a transição do atual mercado regulado de carbono, baseado nos MDLs (mecanismos de desenvolvimento limpo), para um novo mercado global; o terceiro diz respeito à criação de um fundo para o financiamento da transição econômica nos países em desenvolvimento. É aí que a coisa emperra.

Países pobres querem que 2% de toda transação de carbono no mercado regulado seja destinado ao Fundo de Adaptação Climática, o que, provavelmente, chegaria a valores na cada do trilhão. Os países ricos sinalizam com algo na casa da centena de bilhão.

Sharma afirmou que essa questão está sendo debatida e que algum progresso já foi feito – a cifra estaria atualmente na cada dos 500 bilhões de dólares. Porém, do lado do Brasil, o ceticismo ainda impera em relação à vontade de europeus e americanos em abrir o bolso.

¨Eles falaram em destinar 12 bilhões de dólares para o financiamento da agricultura. Esse valor é moedinha¨, disse Mauro Mendes, governador do Mato Grosso, maior exportador de commodities agrícolas do Brasil.

Para a senadora e líder ruralista Kátia Abreu, que chegou hoje à COP, os países desenvolvidos precisam ser responsabilizados pelo atual estado das mudanças climáticas. ¨Se fala muito sobre Amazônia, mas a verdade é que nós precisamos parar o desmatamento para que a destruição da floresta não cause problemas. Porém, as mudanças no atual regime de chuvas são responsabilidade dos países ricos¨, disse Abreu à EXAME. ¨Quem vai indenizar os fazendeiros brasileiros por isso.¨

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