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Contrabando nuclear no Alibaba desafia acordo com Irã

Para conter a proliferação nuclear em um momento de negociação com o Irã, as potências poderão precisar de ajuda do Alibaba e do eBay

Sede da Alibaba: Monitores e autoridades suspeitam que o Irã utilizou lojas on-line para estabelecer contatos e obter insumos para continuar ampliando programa nuclear (AFP)
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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2015 às 18h29.

Para conter a proliferação nuclear em um momento em que as sanções contra o Irã estão sendo reduzidas, as potências mundiais poderão precisar de ajuda do Alibaba e do eBay .

Monitores das sanções da Organização das Nações Unidas e autoridades de governo suspeitam que o Irã utilizou lojas on-line ao longo da última década para estabelecer contatos e obter insumos para continuar ampliando seu programa nuclear, desafiando, assim, as restrições internacionais.

Autoridades e executivos do setor de tecnologia têm enfrentado dificuldades para modernizar controles obsoletos que podem ser anulados pelos contrabandistas do século 21.

Embora as autoridades dos EUA tenham conhecimento desde 2007 de que o Irã estava utilizando os sites de comércio eletrônico, elas não conseguiram acabar com as compras ilegais, em parte porque não existe um órgão internacional para fazer cumprir as regras.

De fato, o Alibaba Group Holding Ltd e o eBay Inc. reconheceram que enfrentam problemas com alguns itens listados em seus sites. O Alibaba está tentando melhorar seus sistemas para remover esses itens, disse uma porta-voz da empresa.

O porta-voz do eBay, Ryan Moore, disse que sua companhia está trabalhando com os governos e autoridades policiais para aumentar a efetividade de suas ferramentas de monitoramento.

Ele ressaltou que as diretrizes do eBay ajudam os vendedores a cumprirem as sanções e os controles comerciais.

Segundo os termos do acordo para limitar o programa nuclear do Irã, o país precisará se afastar dos sites de comércio eletrônico que oferecem tecnologias que possam ser usadas para desenvolver armas.

O acordo inclui uma promessa de que o Irã não usará canais secretos para driblar as restrições aplicadas a equipamentos que possam ser usados para a fabricação de bombas, segundo um documento divulgado pelos negociadores dos EUA.

Ignorando sanções

“Esta pode muito bem ser a parte mais difícil do acordo a ser colocada em prática”, disse Ian Stewart, analista do Ministério da Defesa do Reino Unido destacado na King’s College, em Londres, onde estuda a ligação entre a proliferação e o ciberespaço.

“Se o Irã continuar comprando produtos ilicitamente, desafiando as resoluções da ONU, o acordo como um todo pode ser minado”.

Segundo os dados mais recentes da Agência Internacional de Energia Atômica, o Irã construiu e instalou mais de 19.000 centrífugas -- máquinas que giram a velocidades supersônicas para enriquecer urânio --. Há uma década havia apenas algumas centenas.

Ao longo da última década, o governo iraniano pode ter conseguido importar até US$ 250 milhões em equipamentos proibidos, muitas dessas transações realizadas pela internet, segundo o Project Alpha, um grupo financiado pelo governo do Reino Unido que examina as tendências no comércio relacionado à proliferação.

Para interromper esse comércio ilícito, as potências mundiais precisarão da ajuda das empresas de comércio eletrônico, disse Stewart em entrevista em seu escritório em Londres, tirando um trasdutor de pressão do tamanho de um punho de uma prateleira de livros.

Transdutor de pressão

O objeto, fabricado pela MKS Instruments, com sede em Andover, Massachusetts, EUA, foi encomendado pela equipe de Stewart no Project Alpha por meio do eBay.com.

O item foi listado por um vendedor chinês que o enviou sem licença de exportação em maio de 2014, disse ele.

O mesmo transdutor usado para fabricar processadores de computadores está entre as tecnologias mais cobiçadas necessárias para as centrífugas do Irã, disse Stewart.

Com cerca de 162 milhões de contas registradas, o eBay preferiu não comentar especificamente sobre o transdutor de pressão e fez referência às diretrizes para usuários.

“Nós certamente não somos perfeitos e temos muito trabalho duro pela frente”, disse o cofundador da Alibaba, Joseph Tsai, no dia 29 de janeiro em uma teleconferência com investidores. “No mercado global de comércio eletrônico sempre haverá gente que busca realizar atividades ilícitas e, como todas as empresas do nosso setor, nós precisamos continuar fazendo todo o possível para parar essas atividades”.

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Para conter a proliferação nuclear em um momento em que as sanções contra o Irã estão sendo reduzidas, as potências mundiais poderão precisar de ajuda do Alibaba e do eBay .

Monitores das sanções da Organização das Nações Unidas e autoridades de governo suspeitam que o Irã utilizou lojas on-line ao longo da última década para estabelecer contatos e obter insumos para continuar ampliando seu programa nuclear, desafiando, assim, as restrições internacionais.

Autoridades e executivos do setor de tecnologia têm enfrentado dificuldades para modernizar controles obsoletos que podem ser anulados pelos contrabandistas do século 21.

Embora as autoridades dos EUA tenham conhecimento desde 2007 de que o Irã estava utilizando os sites de comércio eletrônico, elas não conseguiram acabar com as compras ilegais, em parte porque não existe um órgão internacional para fazer cumprir as regras.

De fato, o Alibaba Group Holding Ltd e o eBay Inc. reconheceram que enfrentam problemas com alguns itens listados em seus sites. O Alibaba está tentando melhorar seus sistemas para remover esses itens, disse uma porta-voz da empresa.

O porta-voz do eBay, Ryan Moore, disse que sua companhia está trabalhando com os governos e autoridades policiais para aumentar a efetividade de suas ferramentas de monitoramento.

Ele ressaltou que as diretrizes do eBay ajudam os vendedores a cumprirem as sanções e os controles comerciais.

Segundo os termos do acordo para limitar o programa nuclear do Irã, o país precisará se afastar dos sites de comércio eletrônico que oferecem tecnologias que possam ser usadas para desenvolver armas.

O acordo inclui uma promessa de que o Irã não usará canais secretos para driblar as restrições aplicadas a equipamentos que possam ser usados para a fabricação de bombas, segundo um documento divulgado pelos negociadores dos EUA.

Ignorando sanções

“Esta pode muito bem ser a parte mais difícil do acordo a ser colocada em prática”, disse Ian Stewart, analista do Ministério da Defesa do Reino Unido destacado na King’s College, em Londres, onde estuda a ligação entre a proliferação e o ciberespaço.

“Se o Irã continuar comprando produtos ilicitamente, desafiando as resoluções da ONU, o acordo como um todo pode ser minado”.

Segundo os dados mais recentes da Agência Internacional de Energia Atômica, o Irã construiu e instalou mais de 19.000 centrífugas -- máquinas que giram a velocidades supersônicas para enriquecer urânio --. Há uma década havia apenas algumas centenas.

Ao longo da última década, o governo iraniano pode ter conseguido importar até US$ 250 milhões em equipamentos proibidos, muitas dessas transações realizadas pela internet, segundo o Project Alpha, um grupo financiado pelo governo do Reino Unido que examina as tendências no comércio relacionado à proliferação.

Para interromper esse comércio ilícito, as potências mundiais precisarão da ajuda das empresas de comércio eletrônico, disse Stewart em entrevista em seu escritório em Londres, tirando um trasdutor de pressão do tamanho de um punho de uma prateleira de livros.

Transdutor de pressão

O objeto, fabricado pela MKS Instruments, com sede em Andover, Massachusetts, EUA, foi encomendado pela equipe de Stewart no Project Alpha por meio do eBay.com.

O item foi listado por um vendedor chinês que o enviou sem licença de exportação em maio de 2014, disse ele.

O mesmo transdutor usado para fabricar processadores de computadores está entre as tecnologias mais cobiçadas necessárias para as centrífugas do Irã, disse Stewart.

Com cerca de 162 milhões de contas registradas, o eBay preferiu não comentar especificamente sobre o transdutor de pressão e fez referência às diretrizes para usuários.

“Nós certamente não somos perfeitos e temos muito trabalho duro pela frente”, disse o cofundador da Alibaba, Joseph Tsai, no dia 29 de janeiro em uma teleconferência com investidores. “No mercado global de comércio eletrônico sempre haverá gente que busca realizar atividades ilícitas e, como todas as empresas do nosso setor, nós precisamos continuar fazendo todo o possível para parar essas atividades”.

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