Conheça os bastidores da produção de um barco de luxo
EXAME.com visitou a fábrica da Ferretti em Vargem Grande Paulista para acompanhar a produção das embarcações do início ao fim
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 10h59.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h12.
São Paulo – Os barcos de luxo podem variar em preço e tamanho, mas todos têm algo em comum: são alguns dos objetos mais desejados – e exclusivos – que existem.
EXAME.com visitou a fábrica da Ferretti, em Vargem Grande Paulista, a 40 minutos de São Paulo, para acompanhar o processo de produção dos barcos da marca.Confira os principais passos a seguir:
EXAME.com visitou a fábrica da Ferretti, em Vargem Grande Paulista, a 40 minutos de São Paulo, para acompanhar o processo de produção dos barcos da marca.Confira os principais passos a seguir:
A fábrica da Ferretti, em Vargem Grande Paulista, é uma das únicas unidades da marca fora da Itália. Ela produz 30 barcos por ano, nos modelos 530, 620, 660, 720, 730, 750 e 830. Os preços começam em 4,5 milhões de reais para a 530, de 53 pés, e iniciam em 15,5 milhões para a 830. Estas são só as faixas iniciais. O valor aumenta de acordo com as especificações e modificações que os clientes exigirem.
Antes de começar a construção do barco propriamente dita, o cliente deve escolher a madeira, os modelos de cortina e as especificidades que deseja em seu barco. Ele ficará pronto entre 90 e 100 dias depois, para os barcos menores, e entre 10 a 11 meses, para os maiores.
Depois disso, engenheiros e arquitetos estudam as especificações pedidas pelos clientes e desenham o projeto final.
O processo de fabricação em si começa na sala de laminação, onde há moldes para as grandes peças de cada modelo de embarcação.
O molde para cada peça é construído em madeira a partir de um modelo que vem importado da Itália em forma de kit, isto é, com as peças prontas, mas desmontado.
Este é um molde do casco de uma Ferretti 660, que terá 66 pés ao final de sua fabricação. As grandes peças são: o casco, o convés e o fly.
Este é um rolo de fibra de vidro, que será utilizado para a construção das grandes peças dos barcos.
Uma peça é feita sobrepondo várias camadas de fibra de vidro e aplicando-as com resina ao molde.
Toda a fabricação dos barcos é feita à mão e há pouquíssimas máquinas no local. Os trabalhadores aplicam a resina às camadas de fibra de vidro com rodos, para que a peça final fique na forma exata do molde.
Nos barcos menores, como o 530 e o 620, a laminação já é feita pelo método de compressão, onde a resina é aplicada em uma câmara à vácuo.
Esta é a aparência de um casco pronto dentro do molde, já prestes a ser retirado.
Este é o molde de um convés, a parte de cima do barco que fica exposta. Depois de pronta, a peça é solta do molde por funcionários e retirada por meio de cordas ou de um pequeno guindaste.
Depois de retiradas do molde, as peças são levadas para a sala de pintura. O casco é a única peça que já sai do molde com a cor correta. As demais peças grandes e todas as menores devem passar por aqui.
Depois de pronto, o convés é erguido por cordas para ser colocado acima do casco. As peças são unidas com cola e alguns grandes parafusos, colocados em lugares estratégicos.
Esta peça é chamada de Fly e vai acima do convés, cobrindo a área da sala, da cozinha e da cabine de comando, que ficam no andar de cima da embarcação.
Depois que o convés e o casco já estão unidos, as paredes de madeira, que foram produzidas na marcenaria da fábrica, são montadas e o fly é colocado.
Montada a estrutura do barco, ela é levada para sala de montagem por meio desta carreta, especializada para este tipo de serviço.
Em alguns momentos, a carreta segue guiada por meio dos trilhos que ficam no teto da fábrica.
Os barcos são colocados sob estacas e, depois que elas são posicionadas no lugar certo, a carreta é retirada de baixo da embarcação.
Na sala de montagem, cada embarcação é estacionada em uma cabine, onde receberá todas as especificações pedidas pelo cliente. O barco só sairá de lá já pronto para os testes em água.
Cada uma das cabines possui uma estação de construção, onde alguns dos móveis são construídos ou recebem os arremates finais.
Cada barco permanece com uma mesma equipe do início ao fim do processo de montagem. Como a mão de obra é muito especializada, é a Ferretti quem treina todos os seus funcionários, através de um curso em parceria com o Senai.
O primeiro passo da montagem é proteger a pintura contra possíveis arranhões.
A proteção é colocada em todas as bordas e quinas, onde a pintura é mais frágil. Elas só são retiradas ao fim do processo de montagem.
Os vidros das janelas são colados com uma cola especial. Nas janelas dos quartos, são colocados também vidros que não deixam passar a luz, que podem ser colocados e retirados pelo passageiro.
Um funcionário desenha uma das peças que construirá para o barco pelo qual é responsável. Os cursos de marcenaria especializada são de 320 horas e incluem aulas práticas na própria fábrica.
Na marcenaria, são construídos os móveis maiores, que depois são transportados para a sala de montagem, onde são colocados em seus lugares dentro dos barcos.
Os móveis são desenhados sob medida para cada modelo. Eles são projetados especialmente para resistirem à maresia e para se moverem o mínimo possível com o movimento do barco.
Os marceneiros recebem as especificações de cada móvel e trabalham em cima delas, utilizando a madeira escolhida pelo cliente. Lixar a madeira é um dos passos mais importantes para dar o acabamento certo à peça.
Os móveis devem se encaixar perfeitamente no espaço a que foram designados, para resistir ao movimento da embarcação. Nos barcos menores, algumas peças são grudadas ao chão ou à parede.
Os painéis que ficam na cabine de comando e no computador de bordo são pintados com uma tinta especial, que não reflete a luz do Sol, para não atrapalhar a navegação.
Prontos os móveis, eles são colocados em seus lugares pela equipe de montagem. A maioria deles é presa com cola de madeira, mas em alguns casos, é necessário o uso de parafusos ou pregos.
Um funcionário termina as instalações na cozinha de um dos barcos. Além dos móveis, é preciso colocar as tubulações e toda a fiação elétrica.
Para otimizar o espaço, alguns móveis são ocos, para servirem pra armazenar alimentos ou provisões. Este móvel, por exemplo, será o sofá da sala, depois que as almofadas forem colocadas.
Estas caixas azuis são caixas de água que serão utilizadas no barco nas pias, nos chuveiros ou mesmo para beber. Elas ficam abaixo da cama da suíte principal.
Depois da montagem, todas as instalações elétricas são testadas, para verificar que não haverá nenhum problema.
Esta é a cozinha de um Ferretti 530, em processo de instalação elétrica.
A última fase da montagem é a colocação das mesas e cadeiras, que podem ou não se grudadas ao chão, a depender do tamanho do barco. Nos barcos maiores, em que há maior estabilidade, não é necessário grudá-las.
Esta é a suíte principal, que fica sempre no andar de baixo, no centro do casco, onde sente-se menos o movimento do barco.
Esta é uma das suítes de solteiro. Como o barco se move muito e há sempre o risco de trombadas ou quedas, todos os puxadores são colocados para dentro dos móveis e só ficam aparentes quando apertados.
Da cabine de navegação, pode-se controlar o barco inteiro, desde seu motor até às luzes das escadas ou o volume do som.
Terminados os ajustes, o barco é colocado em uma grande piscina para que o motor, as hélices e as instalações sejam testadas. É nessa piscina que os donos têm também a primeira aula de pilotagem.
Após os testes, o barco é levado ao porto do Guarujá, onde será feita a montagem da decoração fina, como a colocação de almofadas e lustres, e a pintura do casco de outra cor que não a branca, quando pedido pelo cliente.
Este é um exemplo de um barco já decorado. A decoração é coordenada da loja da Ferretti do shopping Cidade Jardim, na capital paulista, onde os clientes escolhem os móveis e as almofadas, por exemplo.
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