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Conheça estratégias de empresas para enfrentar a crise

Log-In, Brazil Brokers, Previ e outras apelam para corte de despesas e investimento em vendas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Em tempos de volatilidade e incertezas sobre os rumos da economia mundial, empresas e seus executivos dividem-se entre a apreensão e a sensação de urgência na busca por novas oportunidades em tempos de crise. Em algumas companhias, as discussões sobre corte de custos e congelamento de investimentos vêm sendo permeadas por expectativas de que haverá espaço para ampliação de negócios - e crescer, mesmo que a economia brasileira desacelere. A empresa de logística Log-In espera crescer na esteira da obsessão dos potenciais clientes pela redução de custos. “Sair do modal rodoviário e buscar as melhores opções para transportar os bens produzidos permite às empresas uma economia média de 10% no custo logístico. A Log-In vai procurar mostrar isso para os clientes, no momento em que eles buscam espaço para cortar custos”, diz Mauro Dias, presidente da Log-In. A empresa, que viu o volume transportado crescer 100% entre janeiro e agosto deste ano, diz já estar preparada para as novas oportunidades. “Reforçamos recentemente nossas equipes comerciais, desvinculando-as de atividades administrativas, para que elas possam ter foco total”.

Rubem Vasconcelos, presidente da imobiliária carioca Patrimóvel – adquirida este ano pela Lopes Consultoria Imobiliária – diz não temer o impacto do encarecimento do crédito imobiliário verificado nas últimas semanas. Para ele, isso mudará em questão de tempo. “Os depósitos na poupança deverão aumentar, já que muita gente deve sair da Bolsa. Não podemos esquecer que 65% dos recursos da poupança devem ser destinados ao crédito imobiliário. Ou seja, em alguns meses, teremos excesso de recursos, o que empurrará para baixo os juros dos financiamentos”, diz. Vasconcelos acredita, ainda, em outra força favorável ao setor. “Com a queda da Bolsa, os imóveis voltarão a ser vistos como investimento seguro, então a demanda aumentará”.

Mas, diante da incerteza atual, a ordem é procurar gordura para cortar. Na Brazil Brokers, o departamento financeiro está realizando uma força-tarefa para analisar, uma por uma, a planilha de custos de cada uma das 26 imobiliárias que controla em todo o país. O objetivo é buscar uma média de custos e determinar as que excederem a média que tomem providências para entrar no padrão. A meta é reduzir os gastos em até 20% até o fim deste ano . “Queremos ver o que é necessário para o funcionamento do escritório e o que é apenas conforto. O que for supérfluo vai ser cortado sem dó”, diz Sergio Freire, presidente da Brazil Brokers. “O cenário no médio prazo pode ser positivo, mas a verdade é que, neste momento, já sentimos a redução no ritmo de lançamentos de imóveis pelas construtoras”.

A petroquímica Quattor suspendeu o programa de troca de veículos para a diretoria, que havia sido aprovado com o valor de 1 milhão de reais. “Não é o momento para esse tipo de despesa”, diz Vitor Mallmann, presidente da empresa. “A ordem é gerir o caixa com muita cautela”. Foi a cautela que também levou o presidente da Lanxess no Brasil, Marcelo Lacerda, a determinar a revisão das condições de crédito de todos os clientes. O departamento financeiro está analisando, cliente por cliente, as condições de crédito do setor em que atuam para promover ajuste nos limites de crédito que a empresa oferece. “É claro que depende do histórico de relacionamento do cliente, mas o fato é que nosso crédito oferecido será ajustado às condições atuais de mercado”, diz Lacerda. Outra medida tomada pelo executivo foi passar a trabalhar com o conceito de “dólar do dia” - e não mais “dólar médio do mês”. “Isso nos ajuda a ver com mais realismo a condição de caixa, uma vez que o impacto da oscilação é registrado de forma imediata”, diz.

Algumas empresas consideram-se relativamente protegidas da crise, seja pelo tipo de produto que vendem ou por terem adotado uma estratégia que, em sua avaliação, acabou blindando-a. No primeiro caso, a Amil acredita que os impactos serão pouco sentidos porque, na hora da crise, o consumidor dificilmente cancela seu plano de saúde. “O plano de saúde é prioridade para qualquer família. É preciso ter feito muitos cortes infrutíferos para que o cliente chegue a cogitar uma medida drástica como essa”, diz Erwin Kleuser, diretor financeiro da Amil.

Na João Fortes Engenharia, os executivos destacam a estratégia adotada, diferente da maioria das grandes empresas do setor. “Em vez de mirarmos em projetos de 300 milhões de reais de volume de vendas, procuramos criar projetos mais baratos, de 50 ou no máximo 100 milhões de reais, em áreas menores e mais valorizadas, onde a demanda é alta e o risco de comprometer o caixa com um produto que está vendendo mal é mínimo”, diz Luiz Henrique Rimes, diretor de negócios da João Fortes Engenharia. A companhia também não optou por mirar em um segmento de renda. Prefere criar projetos tanto para alta quanto para a baixa renda. “Isso nos dá versatilidade para mudar o foco de acordo com as condições de mercado”, diz Rimes.

Para as empresas que aproveitaram a farra financeira para fazer operações cambiais, a vida será mais dura. Pelo menos naquelas em que a Previ é acionista, se depender do fundo de pensão. Além de ter cobrado explicações na Sadia e na Aracruz - onde é minoritária - pelos prejuízos registrados, a Previ está orientando seus representantes nos conselhos de administração de todas as outras empresas em que detém participação a propor a criação de controles e mecanismos para mitigar riscos de operações financeiras. “Queremos que os conselheiros da Previ sejam a voz responsável por levantar esse tipo de discussão nos conselhos das empresas”, diz Joilson Ferreira, diretor de participações da Previ.

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