Lucas Nicoleti, da Ecomilhas: "Usamos o período da pandemia para aperfeiçoar a tecnologia" (Serasa Experian/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 16 de março de 2024 às 08h02.
Última atualização em 18 de março de 2024 às 10h12.
Trocar o carro por bicicleta, ônibus, metrô ou por uma boa caminhada ao trabalho -- e com isso, ganhar dinheiro. Essa é a ideia da startup Ecomilhas, de Campinas, no interior de São Paulo. O objetivo é vender o serviço para empresas que querem reduzir a emissão de carbonos.
“A empresa contrata nosso serviço e passamos a oferecê-lo para o funcionário”, diz Lucas Nicoleti, diretor executivo e cofundador da Ecomilhas. “Assim, a empresa consegue comprovar redução de emissão porque o deslocamento dos funcionários até o trabalho tem menos produção de gás carbônico”.
Na prática, o funcionário se cadastra no aplicativo, coloca qual é o seu deslocamento e, a partir disso, faz check-in e check-out quando começa a se deslocar. Ele pode andar em modais que são considerados menos poluentes:
“Para validar o transporte que o usuário fez, usamos inteligência artificial, que vai categorizar todas informações do dispositivo do usuário, como velocidade e duração do trajeto, e combinado com fontes externas dos dados, conseguimos comprovar que a pessoa cumpriu o trajeto num modal menos poluente”, afirma Nicoleti. “Conseguimos até comprovar se a pessoa tem mesmo um veículo elétrico ou movido a etanol. É esse nível de profundidade”.
A recompensa costuma ser entre 10 e 14 centavos por quilômetro andado. O valor varia conforme o modal. No caso desses contratos feitos para empresa usarem com seus funcionários, quem ajuda a pagar a quantia é a própria empregadora.
Com o valor acumulado, o funcionário pode escolher o que fazer com o dinheiro. Há benefícios como cupons de desconto e de uso em plataformas como iFood, ou cashback, quando pega o dinheiro de volta.
“Considerando 1.000 quilômetros por mês, teria uma recompensa média de 140 reais. São 10% de um salário mínimo”, afirma.
Além do modelo em que há venda direta para empresas usarem a ferramenta com seus funcionários, a Ecomilhas também remunera quem quiser registrar substituições de carros por outros modais independentemente. Ela junta os créditos de redução de carbono e depois os vende a empresas que querem compensar.
“Faturamos, no primeiro modelo, cobrando um custo por funcionário”, diz. “No segundo, é um custo pelo crédito de carbono”.
Esse é o primeiro negócio do paulistano Lucas Nicoleti. Ele se juntou a um sócio mineiro para implantar a startup, que nasceu na pandemia.
“Imagine, começamos um negócio de mobilidade urbana durante a pandemia”, afirma. “Usamos esse período para validar a ideia, até chegar no momento pós-pandemia”.
A ideia surgiu de um mestrado que o paulistano faz na Unicamp, em Campinas, de sustentabilidade corporativa. “Percebi no mercado uma dor grande que é de engajamento para sustentabilidade”, afirma. “E quando colocamos uma meta, isso se torna cada vez mais desafiador. Por isso pensamos em atrelar a redução de carbono com a cultura do benefício”.
Hoje, já são cerca de 70.000 usuários e clientes como:
Mensalmente, a empresa fatura cerca de 100.000 reais. Mas com o crescimento, espera fechar o ano faturando 5 milhões de reais.
A Ecomilhas é uma das vencedoras do Impulsiona Startups, programa de inovação aberta da Serasa Experian que acelera startups que possuem soluções de impacto social positivo nas causas de educação, saúde e inclusão financeira.
Segundo Nicoleti, a participação no programa contribuiu para que a startup atingisse novos resultados, como o aumento de 10% no número total de usuários e de 20% da quantidade de clientes B2C, evitando 40.000 toneladas de carbono em 2023.
Além disso, houve um crescimento de 35% no faturamento da empresa. No fim, sendo uma das três ganhadoras da aceleração, a empresa conquistou o prêmio de 180.000 reais para continuar investindo e otimizando os negócios.