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Companhias miram captação na Bolsa e aguardam cenário melhor

Os objetivos passam pela captação visando sustentar o crescimento e por ganhar credibilidade que pode vir na esteira de uma oferta inicial de ações.

Bovespa: (Paulo Fridman/Bloomberg News)

Bovespa: (Paulo Fridman/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2015 às 15h21.

São Paulo - Algumas empresas estão tentando driblar a crise que o país atravessa e começam a olhar alternativas no mercado de capitais. Embora os planos para uma abertura de capital não seja para o curto prazo, já fazem a lição de casa, trabalhando em estruturas internas e iniciando conversas com possíveis investidores. Os objetivos passam pela captação visando sustentar o crescimento e por ganhar credibilidade que pode vir na esteira de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

Uma dessas companhias é a GTFoods, que atua no segmento de abate de aves, é dona da marca Frangos Canção e vê no mercado de capitais alternativa para viabilizar uma nova frente de crescimento orgânico para a empresa, ou até mesmo por aquisição. "O plano é ser a terceira maior produtora de aves do Brasil, conta o diretor financeiro, Vítor Bellizia. A ideia, assim, é conseguir passar na frente da Aurora, que hoje ocupa a posição almejada pela GTFoods.

Depois de participar de uma série de fóruns promovidos por bancos de investimento ao longo deste ano, a companhia participou nesta semana do 10º Fórum de Abertura de Capital, promovido pela BM&FBovespa. Bellizia conta que a empresa está estruturando sua governança corporativa e que a intenção é fazer no segundo semestre de 2016 a listagem no Bovespa Mais, que é o segmento de acesso da Bolsa brasileira - em que é possível se listar sem emitir ações. A partir daí, a intenção é aguardar uma janela de oportunidade para realizar o IPO.

Cristiana Pereira, diretora de Desenvolvimento de Empresas da BM&FBovespa, lembra que realizar primeiramente a listagem, para em um segundo momento partir para uma emissão de ações, é uma estratégia indicada para muitas empresas, já que a companhia, uma vez listada, passa a adotar práticas de companhias abertas e começa a ser mais conhecida pelos investidores, o que é um benefício no momento do IPO.

"É preciso manter continuidade do Fórum, que existe desde 2002. Nesse ano, o número de empresas que participaram é maior do que no ano passado", destaca Cristina. Ao todo já passaram por esse Fórum 36 empresas, sendo que seis delas abriram capital se listando no Novo Mercado, segmento de maiores exigências de governança corporativa, entre elas Bematech e CSU Cardsystem.

Hoje se apresentaram cinco companhias no Fórum a um público formado por bancos de investimento, corretoras, asset managements e fundos de private equity, venture capital e de pensão. Além da GT Foods participaram as empresas You,Inc, Labtest, Time-Now Engenharia e Gera, dos setores de incorporação, saúde, consultoria de engenharia e tecnologia da informação, respectivamente.

A Gera planeja ampliar sua presença internacional e para isso a percepção de que um "sobrenome" dado por meio de uma abertura de capital ou pela entrada de um fundo de private equity, que compra participação de companhias, será a melhor estratégia, acredita o sócio diretor da companhia, Alencar de Carvalho. "Viemos até aqui sozinhos e agora decidimos abrir mão de parte do equity", destaca o diretor da companhia, que está presente no México e Peru, além do Brasil.

Do setor de construção, a incorporadora You,Inc acredita que um IPO poderá ajudar a reduzir o custo de capital da empresa. "A empresa tem potencial para ter uma estrutura de capital mais barata e de mais longo prazo. Somos muito estruturados desde o primeiro dia. A empresa foi criada como uma companhia de capital aberto", destaca Eduardo Muszkat, sócio ao lado de Abrão Muszkat, o último ex-sócio-fundador da Even Construtora, que juntos lançaram, há seis anos, a You,Inc. Entre os diferenciais, Muszkat cita que a incorporadora é focada em São Paulo, em apartamentos compactos e bem localizados. "Esse produto tem mais liquidez e eu tenho economia de escala e menor riscos", frisa.

O sócio de M&A da consultoria Grant Thornton, Paulo Funchal, destaca que muitas companhias estão relutantes em relação a uma abertura de capital, mas que um IPO é um processo que precisa contar com a fase de preparação. A Grant Thornton, que apoiou o Fórum, trabalhou junto com as empresas selecionadas para prepará-las ao evento.

Esforços Restritos

Atentas à nova modalidade para emissão de ações, via esforços restritos, muitas companhias vislumbram que essa pode ser a alternativa para o sucesso de uma abertura de capital. "É uma alternativa mais rápida e de custos menores para a emissão", destaca Muszkat, da You,Inc.

A GT Foods não descarta a realização da sua oferta de ações com esforços restritos e lembrou que, quando chegar o momento, essa decisão poderá depender do tamanho da emissão, inferior ou superior a R$ 500 milhões.

Cristiana, da Bolsa, lembra que um dos atrativos de um IPO no Bovespa Mais - que acaba acontecendo necessariamente quando a emissão é de esforços restritos - é que a empresa emissora poderá contar ainda com o apoio do BNDES, que criou um fundo de R$ 1 bilhão destinado a essas ofertas realizadas nesse segmento, podendo subscrever até 20% da ofertas e com os dois fundos destinados a pequenas e médias empresas (PMEs) lançados com o apoio do banco de fomento, um do Brasil Plural e outro da Leblon.

No Bovespa Mais há hoje dez companhias listadas, sendo duas delas no Bovespa Mais Nível 2, que permite a emissão de ações ordinárias e preferenciais.

Para estar apta a utilizar esse modelo de emissão é exigido que a companhia tenha o registro de companhia aberta na autarquia na categoria A, que é aquela que permite a emissão de qualquer valor mobiliário, incluindo ações. A regra é limitada aos investidores qualificados, sendo oferecida a 75, mas com apenas 50 investidores nacionais podendo realizar a subscrição. Em relação aos estrangeiros, não foi imposta uma limitação.

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