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Como uma artesã paranaense foi da dívida de R$ 50 mil para um faturamento de R$ 120 mil

Motivada pela maternidade, Aline Lopes deixou o mercado financeiro, criou um ateliê na sala de casa e agora planeja expansão

"Artesanato: Aline Lopes Batista criou uma marca de sucesso com produtos personalizados para mães e bebês.

"Artesanato: Aline Lopes Batista criou uma marca de sucesso com produtos personalizados para mães e bebês.

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 14h00.

Quase 80% das mulheres empreendedoras decidiram fundar suas empresas após a maternidade, segundo pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora. Esse foi o caso de Aline Lopes Batista de Faria, mãe de duas meninas, que deixou o mercado financeiro para abrir seu negócio, enfrentando dívidas de R$ 50 mil antes de fundar a Aline Attrativa Artesanato. Hoje, o faturamento do ateliê alcança R$ 120 mil por ano.

Formada em recursos humanos e pós-graduada em contabilidade e finanças, ela trabalhou no setor financeiro por uma década, mas depois do nascimento da primeira filha teve dificuldade para conciliar a carreira e os cuidados com a criança, e optou por empreender. “Fui vender moda evangélica em sociedade com uma amiga, mas sofremos com a inadimplência”, conta. Sem ver espaço para voltar a ter uma carreira CLT, decidiu deixar as vendas de roupas e investir no artesanato. Aline já tinha habilidades manuais e começou a participar de feiras na região de Curitiba (PR), próximo a cidade onde mora, Araucária (PR). “No começo sofri muito por ser uma pessoa mais tímida, o que me atrapalhava na hora das vendas. Mas, aos poucos, fui melhorando e evoluindo”, diz.

No início, focava em peças de crochê, tricô e bordados a mão, mas percebeu que a concorrência era alta e decidiu mudar a área de atuação, passando a confeccionar produtos personalizados em feltro. O público-alvo, atualmente, é composto por grávidas e o portfólio abrange diversos itens de maternidade, que vão de fraldas e toalhas até mantas e roupinhas. A história, que começou em 2014, passou por desafios, como a covid-19. “Quando eu estava conseguindo conquistar uma clientela, veio a pandemia e as feiras deixaram de acontecer. Foi nesse momento que decidi estudar marketing digital e me reinventar”, conta.

Mudança de rota: do físico para o digital

Aline direcionou as energias para as redes sociais – hoje seu Instagram conta com 15 mil seguidores – e também desenvolveu o próprio site. “Atualmente todas as minhas vendas são online e já não participo mais de feiras”, diz. Além disso, a produção é artesanal e a empreendedora chega a bordar 50 fraldas por semana, sem contar outros itens personalizados para bebês que são vendidos para todo o país e para alguns clientes no exterior.

Para sair da sala de casa, onde concentra a produção, e dar escala ao negócio, a empreendedora já tem planos de montar um ateliê e contratar até dois funcionários em 2025. “Os processos mudaram e preciso de uma disciplina muito grande para entregar tudo no prazo. Está na hora de crescer”, diz. Para isso, conta com o apoio do Sebrae e faz mentoria com especialistas da entidade para que a empresa avance de forma sustentável. “Nos últimos dois anos me dediquei e fiz diversos cursos. Sei que isso ajudou a chegar onde estou”.

Mais do que artesanato

Outro fator que auxiliou Aline a ter melhores resultados foi começar a oferecer cursos de artesanatos. Já são 240 alunas e a renda com as aulas representa cerca de 30% de seu faturamento. “Poder compartilhar o que eu sei e dar oportunidade para que outras mulheres conquistem renda e independência é motivador”, diz.

Além de alugar um espaço para expandir o ateliê, contratar funcionários e se dedicar mais às aulas, os planos para o próximo ano incluem a realização de workshops presenciais com artesãs e a criação de uma marca própria. “Estou otimista com as possibilidades. A ideia é criar uma marca de fraldas  de tecido exclusiva para as clientes finais e para as artesãs que desejam aplicar bordados”, explica. O projeto, que está em andamento e deve sair do papel em breve, inclui contratos com área fabril e trâmites de registro de marca.

Para Aline, a trajetória até aqui foi desafiadora, mas o resultado é animador. “Muitas vezes pensei em desistir, ainda mais quando só trabalhava para pagar dívidas, mas percebi que não era uma opção. Afinal, minhas filhas precisavam da minha presença e são minhas maiores motivações”, diz. “Sempre aconselho a quem deseja empreender focar no objetivo final, pois o caminho não é fácil, mas é necessário resistir”.

Em seu melhor ano desde a fundação do ateliê doméstico, Aline celebra o crescimento. “Já estou preparando o meu desenquadramento como Microempreendedor Individual (MEI) e estruturando minha pequena empresa. O medo é grande, mas a vontade de vencer é maior ainda”, finaliza.

Acompanhe tudo sobre:branded-contentConstruindo futuros

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