Negócios

Como será o futuro das viagens pós-pandemia, segundo a Decolar

Paixão por viajar continua forte e brasileiros já se preparam para as férias de verão, para destinos como as praias do Nordeste brasileiro

Porto de Galinhas: as praias do Nordeste brasileiro são alguns dos destinos mais fortes para a data (filipefrazao/Thinkstock)

Porto de Galinhas: as praias do Nordeste brasileiro são alguns dos destinos mais fortes para a data (filipefrazao/Thinkstock)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 29 de setembro de 2020 às 10h20.

Última atualização em 29 de setembro de 2020 às 11h00.

Isolados em casa, os brasileiros estão sonhando com a próxima viagem e já começaram a planejar suas próximas férias, com mais antecedência que nunca. Se antes as passagens para destinos domésticos eram reservadas com 70 dias de antecedência, em média, hoje esse prazo se estendeu para acima de 90 dias, segundo a agência online de viagens Decolar.

"Mesmo na pandemia, a paixão por viajar existe e as pessoas já estão comprando suas viagens", diz o diretor-geral Alexandre Moshe. Segundo ele, as pessoas estão mais ansiosas para viajar, planejam com mais antecedência e passam mais tempo no site da Decolar visualizando suas opções.

Para algumas famílias, a viagem de verão já está até decidida: as praias do Nordeste brasileiro são alguns dos destinos mais fortes para a data. A busca por destinos nacionais está mais alta no momento, por conta de restrições para entrada de turistas brasileiros em alguns países, receio em passar longas horas dentro de um avião e até pela desvalorização do real, que torna os passeios internacionais muito mais caros.

A retomada começou por meio de um produto lançado no ano passado: as Escapadas. Em vez de começar a pesquisar por um destino, os consumidores podem filtrar os pacotes por distância. Assim, conseguem escolher destinos próximos para ir de carro ou em viagens curtas de avião, de até duas horas de duração.

 

Preparação para a crise

Mesmo com a retomada nas viagens, a queda nas vendas causadas pela pandemia do novo coronavírus foi grande para todo o setor, e deve demorar para se recuperar. A Decolar, que faz parte do grupo argentino Despegar, acredita que deve retomar o volume de vendas de 2019 em dois ou três anos. O grupo é o maior na América Latina, com 18,6 bilhões de reais em vendas em 2019. A brasileira CVC apresentou 17,3 bilhões de reais em vendas no ano passado na região. 

A Decolar se preparou para os anos de vacas magras. O grupo argentino captou 200 milhões de dólares em agosto, cortou os custos e os postos de trabalho em 35%, direcionou funcionários de outras áreas para o atendimento ao cliente e revisitou as prioridades de alguns de seus projetos. “Nesse período, focamos mais o atendimento ao cliente e, em termos de tecnologia, a automação desse contato”, diz Moshe.

 

Aquisições

Mesmo em um momento de retração, a empresa manteve os olhos abertos para oportunidades de aquisições e de consolidação do mercado. Por causa da pandemia, a Despegar revisou a compra da empresa mexicana Best Day, feita em janeiro por 136 milhões de dólares — o valor passou para 56,5 milhões de dólares. A transação ainda está sujeita à avaliação dos órgãos competentes no México. 

A Despegar também realizou a aquisição da Koin, uma fintech brasileira de parcelamento de boletos. Ambas as compras serão essenciais para a retomada, segundo o executivo, ao fortalecer a presença da empresa no mercado mexicano e ao oferecer um meio de pagamento mais acessível aos brasileiros, que gostam muito de parcelar as compras mas nem sempre têm cartões de crédito generosos na carteira.

Facilitar o pagamento de seus clientes é uma das formas de impulsionar as vendas. Por isso, a Decolar voltou a focar na expansão de seu cartão de crédito cobranded com o Santander. Lançado em fevereiro, o projeto foi pausado nos meses mais duros da quarentena, já que a empresa tinha outras prioridades mais urgentes no atendimento ao cliente. Agora o cartão e o programa de fidelidade incorporado voltam à lista de prioridades da empresa. 

Outro foco é o desenvolvimento de tecnologia para o aplicativo. Com mais de 60 milhões de downloads, o app e site mobile são responsáveis por 40% das vendas. "O aplicativo não é só para vender passagens, mas é onde o cliente vai administrar toda sua viagem e é a forma pela qual eu me conecto com ele", diz o executivo. 

Com dinheiro em caixa, consolidação no México e novas formas de pagar pela viagem, a Decolar acredita que está pronta para enfrentar o futuro do turismo pós-pandemia.

Veja mais sobre a retomada do turismo em matéria da nova edição da revista EXAME.

Acompanhe tudo sobre:Agências de turismoCVCDecolarTurismoViagens

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia