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Como o Carrefour pode crescer no varejo com ajuda de Abilio

Para consultores, empresa precisa melhorar logística de distribuição, se quiser voltar ao topo do varejo nacional


	Carrefour: para continuar investindo em lojas menores, a empresa precisa melhorar logística de distribuição, segundo consultores
 (FABIANO ACCORSI)

Carrefour: para continuar investindo em lojas menores, a empresa precisa melhorar logística de distribuição, segundo consultores (FABIANO ACCORSI)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 28 de janeiro de 2015 às 14h58.

São Paulo - Investimentos e a ajuda de Abílio Diniz no desenho estratégico da empresa podem fazer com que o Carrefour retome o posto de líder do varejo brasileiro, apostam especialistas ouvidos por EXAME.com. 

Porém, para tanto, a empresa precisa resolver os entraves logísticos que já enfrenta se quiser seguir com a abertura de lojas menores, mais adaptadas ao cenário econômico atual.

A empresa foi a principal do mercado até 2008, quando a concorrente, liderada pelo empresário, a desbancou da liderança.

Segundo os consultores, a rede ainda peca na prevalência dos hipermercados e ineficiência da estrutura dos formatos menores. Assim, ela perdeu a liderança no Brasil para o Grupo Pão de Açúcar, que gerencia bem esse modelo.

Recentemente, o presidente do Grupo Carrefour, Georges Plassat, afirmou que a companhia aumentaria "substancialmente" seus investimentos no Brasil.

Além disso, Abílio Diniz adquiriu 10% do Carrefour Brasil e tomou lugar no conselho de administração. Sua experiência de sucesso no segmento, tendo elevado o Grupo Pão de Açúcar ao topo do varejo nacional, poderia tornar realidade o que ele disse ao tomar posse: “agora, lugar de gente feliz é aqui [no Carrefour]”.

Ainda que Abílio não consiga replicar o mesmo sucesso do Pão de Açúcar na concorrente, o executivo “conhece os bastidores do varejo como ninguém” e pode trazer diversas soluções novas, diz Nelson Barrizzelli, professor aposentado da USP e economista especialista em varejo.

Formato de loja

Mas ainda há muito o que fazer para recuperar o espaço perdido. Há anos a empresa enfrenta desafios ao adaptar seu modelo baseado em hipermercados à tendência de lojas menores, segundo Barrizzelli.

Os centros de distribuição são insuficientes e o mix de produtos ainda não é bem adaptado aos regionalismos, diz o consultor.

O formato de hipermercados, no qual o Carrefour foi pioneiro, foi essencial para sua expansão no Brasil na década de 1990. Durante a inflação altíssima, consumidores buscavam os grandes varejistas para as “compras de mês”.

No entanto, depois do Plano Real e controle da economia, esse modelo deixou de ser o ideal, segundo Barrizzelli.

José Roberto Martins, consultor da Global Brands, afirma que, no exterior, a tendência de lojas menores já vem de longa data. Foi o grupo francês Casino que começou a prática no Pão de Açúcar.

Inicialmente, Abílio era contrário a essa estratégia, lembra Martins, mas logo a adotou. O grupo possui hoje os formatos Minuto Pão de Açúcar e Minimercado Extra.

O Carrefour também seguiu a tendência, com as marcas Carrefour Bairro e Express, mas com menor intensidade. Ainda hoje, a rede de “atacarejo” Atacadão representa 60% do faturamento no Brasil e é o segmento que mais cresce na empresa.

Dificuldade logística

Antes, como o Carrefour operava hipermercados em grandes cidades, os fornecedores entregavam diretamente nos mercados.

Agora, com lojas menores e mais espalhadas pelo Brasil, a empresa precisa de um sistema logístico diferente, com mais centros de distribuição e acordos diferentes com fornecedores, segundo Barrizzelli – o que ainda não alcançou totalmente.

Como comparação, o Carrefour tem dez centros de distribuição no país que atendem suas 256 lojas. O Pão de Açúcar usa 56 centros para seus 2.000 pontos de venda.

Para solucionar esse problema, Martins, da Global Brands, avalia que o Carrefour pode terceirizar a logística, transferindo os problemas e custos para os próprios fornecedores.

Empresas já estão investindo em fábricas antigas nas regiões metropolitanas como micro centros de distribuição, segundo ele.

Os fornecedores descarregam os produtos nesses centros e, de lá, veículos levam a mercadoria direto para as lojas. Isso já vem sendo adotado em algumas empresas no caso de produtos perecíveis e hortifrúti.

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