Como grandes empresas têm se saído em relação às pautas LGBT
Embora comprometidas com a causa, muitas empresas ainda precisam aprender a refletir seus discursos em seus produtos e serviços
Ana Laura Prado
Publicado em 6 de junho de 2017 às 12h14.
Última atualização em 6 de junho de 2017 às 12h15.
São Paulo – Com temas como diversidade e representatividade cada vez mais em pauta, muitas empresas têm corrido para se atualizar – e, para isso, podem contar com uma força.
Criado em 2013, o Fórum de Empresas e Direitos LGBT, como o próprio nome sugere, reúne empresas para discutir a inclusão do tema na agenda interna e externa, para melhorar as relações com funcionários e clientes.
Facebook, Ambev, Dow e Bayer são algumas das 37 signatárias que compõe hoje o fórum. Para entrar para o time, as empresas se propõem a seguir 10 compromissos fundamentais – que incluem questões como a promoção de um bom ambiente aos funcionários LGBT e a adesão a ações que apoiem e representem esse público.
Em seu primeiro levantamento, o Fórum analisou onde as empresas comprometidas chegaram até agora e em que pontos ainda precisam investir. O resultado é baseado na autoanálise de 30 das empresas comprometidas com as metas.
De forma geral, a maior parte delas se saiu bem quando o assunto são suas políticas internas de respeito e inclusão. Por outro lado, uma parcela maior demonstrou que não costuma levar o tema muito em conta na hora de planejar seus produtos e seu atendimento.
Da mesma forma, enquanto uma grande parcela se mostrou disposta a participar de eventos em prol do tema, poucas demonstraram a iniciativa de promover, elas próprias, esse tipo de movimento.
“É para isso que temos os compromissos. Muitas empresas começam pelo discurso e terminam com boas práticas”, destaca Reinaldo Bulgarelli, líder do Fórum.
Segundo ele, a divulgação dessas práticas também é de fundamental importância, já que serve como exemplo e estímulo para que outras empresas também busquem mudar.
Efeito Ambev
Embora este seja o primeiro levantamento oficial, Bulgarelli destaca que melhoras já puderam ser vistas de uma certa forma. Entre as companhias que já participam desde o início, todas evoluíram de alguma forma na aplicação dos compromissos às suas políticas.
Ainda assim, ele aponta que alguns pontos ainda estão distantes do ideal. É o caso do papel e da força do discurso das empresas em relação à comunidade.
“Muitas empresas possuem fundações e institutos e dizem trabalhar com educação. Essa área, em especial, deveria assimilar melhor as mudanças para frear problemas como a violência e a homofobia”, explica, completando que o fórum também busca apoiar outras causas, como as raciais e de gênero.
Uma das signatárias dos 10 compromissos é a Ambev , uma das poucas empresas de origem brasileira a integrar o Fórum, no qual predominam multinacionais com sede no exterior.
A participação nesse meio começou antes, com a criação do LAGER (Lesbian and Gay and Everyone Respected), grupo que surgiu em 2015 como resultado da movimentação dos funcionários e acabou sendo reconhecido e apoiado pela empresa.
A partir de então, uma frente tem servido de apoio para a outra. “O Fórum nos conectou com outras empresas, com quem podemos aprender e compartilhar o que já temos”, explica Bruno Rigonatti, gerente de inteligência de mercado da empresa e co-fundador do grupo.
Segundo ele, entre os principais avanços internos até agora estão a adoção de treinamentos sobre o tema direcionados a líderes e o oferecimento de apoio aos novos funcionários desde a integração.
Externamente, a Ambev também tem ganhado destaque por sua abordagem a esse público – com cases como o da Skol, que patrocinou a Parada LGBT de São Paulo em 2016 e que, neste ano, pretende também distribuir latas da cerveja com o logo do movimento.
Rigonatti explica que a ideia, assim como a do próprio Fórum, é levar esses avanços a outras pautas além do LGBT. E, muito mais do que mudar suas marcas, buscar influenciar e dialogar com funcionários, parceiros, fornecedores e clientes.