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Como a Vans explodiu no Brasil depois de parceria com a Arezzo

Se a Vans já era usada em escritórios no lugar de sapatos desconfortáveis , com o home office os tênis são ainda mais procurados

Loja de tênis da Vans no shopping Iguatemi em Campinas, SP (Vans/Divulgação)

Karin Salomão

Publicado em 27 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 27 de outubro de 2020 às 12h09.

A Vans, marca conhecida pelos tênis clássicos usados tanto por skatistas quanto em escritórios mais descolados, passou a ser distribuída exclusivamente pelo grupo Arezzo & Co no Brasil a partir de janeiro deste ano. Desde então, a marca acelerou seu processo de abertura de lojas físicas e quer dobrar o número de unidades até o fim do ano, aumentou sua eficiência no comércio eletrônico e integrou suas vendas digitais às lojas físicas, usando sistemas e malha logística do grupo brasileiro.

Presente no Brasil desde 1998, depois da parceria a marca começou a ser liderada pela Maíra Anastassakis, primeira mulher a assumir essa posição no Brasil e na América Latina. "A estratégia, desenvolvida em conjunto com a detentora da marca, é de fincar a bandeira da Vans pelo país", diz a diretora.

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Presente em mais de 2.000 pontos de venda multimarcas, principalmente no Sul e Sudeste, a Vans passou a focar na abertura de lojas físicas. Atualmente a marca tem sete lojas, duas próprias e cinco franquias, além de quatro outlets - quatro dessas lojas foram abertas apenas esse ano. Até o final do ano, quer chegar a 15 unidades físicas, multiplicando por cinco o número

A primeira loja própria da marca foi aberta em 2018 e até o fim do ano passado eram apenas três lojas, além dos quatro outlets. Já em 2020, a expansão das lojas físicas começa pelo Sudeste. Em poucos meses, a empresa abriu uma loja no Rio de Janeiro, onde pretende ter mais uma loja de rua, duas unidades em Belo Horizonte, MG e uma em Campinas, SP. Já em novembro o plano é chegar ao Nordeste, com sua primeira loja em Fortaleza, CE.

Comércio eletrônico

Outro foco do crescimento da Vans é pelo comércio eletrônico. A marca tem seu próprio site e está presente no ZZ Mall, marketplace criado pelo grupo Arezzo em agosto para reunir todas as marcas de seu portfólio.

Para a Vans, a incorporação ao grupo deu a ela acesso a uma grande infraestrutura tecnológica. A partir de janeiro, o sistema de comércio eletrônico passou a ser integrado às lojas físicas e vice-versa. Assim, as compras online podem ser retiradas nas lojas físicas e as lojas têm acesso a todo o estoque oferecido pela marca, mesmo que uma certa cor ou numeração não esteja disponível na loja.

Além disso, os vendedores das lojas físicas podem vender pelo Whatsapp, ferramenta que foi essencial durante o período de fechamento das lojas. A Vans também usa um centro de distribuição da Arezzo para ganhar mais agilidade nas entregas.

Tênis na pandemia

Se a Vans já era usada em escritórios pelo país, no lugar dos desconfortáveis sapatos masculinos ou saltos femininos, nos últimos meses essa prevalência aumentou ainda mais.Com a pandemia e o trabalho remoto, de casa, a marca ganhou ainda mais relevância nos pés de seus consumidores - mas não só. A companhia viu as vendas de moletons, camisetas e até de meias aumentarem.

Ainda que a marca seja reconhecida pelos tênis, o objetivo das unidades físicas é mostrar que há muitos outros produtos disponíveis. Os calçados, inclusive, ficam nos fundos da loja, para que os consumidores passem pelas camisetas, jaquetas, bonés e acessórios antes de chegar aos produtos mais conhecidos.

Estratégia do Grupo Arezzo

Depois de comprar a operação da Vans no Brasil, a Arezzo ajustou sua estratégia para ser uma "casa de marcas" e ampliar o portfólio de ofertas para seus clientes. Na semana passada, o grupo comprou a carioca Reserva, que atua com roupas masculinas, femininas e infantis em seis marcas diferentes. Dessa forma, o grupo chegou a 13 marcas e mantém o apetite para aquisições.

O plano para a Reserva é desenvolver uma nova divisão de estilo de vida. Foi criada a divisão AR&Co,que será administrada pelo presidente e cofundador da Reserva, Rony Meisler. As iniciais são de Arezzo e Reserva, mas também se encaixam em Alexandre e Rony, brincam os executivos.

De acordo com o presidente da Arezzo, Alexandre Birman, o objetivo é manter a Reserva como marca independente e com sua administração distinta. Para Anastassakis, essa é a estratégia do grupo mesmo antes da chegada da Vans. "O grupo sempre trabalhou com uma diferenciação forte das marcas, se não ele mesmo se canibaliza", afirma. A própria venda de roupas da Vans se manterá separada da divisão recém-criada na Reserva - e há espaço para todos, acredita a diretora.

Mesmo assim, o reforço na tecnologia e logística que vieram do grupo foram essencial para os planos da Vans este ano. O reforço na expansão física e no desenvolvimento dos canais digitais que aconteceu com a Vans dá uma dica do investimento que a Arezzo está disposta a fazer em seu portfólio.

“A ideia da house of brands não é apenas trazer novas marcas, mas também soluções e tecnologias novas”, diz Alexandre Birman, presidente da Arezzo, em entrevista à EXAME logo após a aquisição da Reserva. “Em termos de consolidação, vemos o que deu certo para a Arezzo. Não é só trazer marcas, mas criar uma plataforma que fere eficiência para as marcas”, afirma Rony Meisler, presidente e cofundador da Reserva.

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