Negócios

Como a Ambev quer te ganhar na balada: com uma dose maior do Fusion

Bem distante da meta de ser o vice-líder em energéticos, Ambev estuda lançar embalagens maiores de sua bebida

Como os concorrentes, Fusion patrocina festas e eventos esportivos; agora, mira embalagens maiores para crescer (Divulgação)

Como os concorrentes, Fusion patrocina festas e eventos esportivos; agora, mira embalagens maiores para crescer (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2012 às 16h46.

São Paulo – O mercado brasileiro de energéticos é uma festa que está bombando. Há cinco anos, o segmento cresce em ritmo de dois dígitos. No ano passado, a alta foi de 26%, segundo a consultoria Canadean. Desde o ano passado, a Ambev quer conquistar um bom espaço dessa balada. Seu plano é ocupar o segundo lugar em vendas com o Fusion, mas a empresa está bem longe disso.

Conquistar sua meta significa, pelo menos, desbancar a toda-poderosa Coca-Cola, cujos energéticos Burn e Gladiator somaram 13,3% do mercado no último ano. É uma participação 27 vezes maior que a da Ambev, que fechou 2011 – ano em que estreou nesse mercado - com tímidos 0,5%. Quem comanda mesmo as picapes é o Red Bull, com uma fatia de 49,6% de acordo com a Euromonitor, que estima um faturamento de 3,1 bilhões para esse mercado no ano passado. 

Os números mostram que a Ambev vai ter de dançar muito para chamar a atenção. E a própria empresa reconheceu que entrou tarde na pista. Segundo estudo da Nielsen Scantrack fornecido pela Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas), existem 63 fabricantes da bebida no país. Só neste ano, seis novas empresas resolveram disputar um lugar ao sol.

"Enfrentamos tardiamente o boom, mas o mercado continua crescendo”, afirma o gerente de inovações da Ambev, Thiago Ely. Agora, a empresa traça um plano para recuperar o tempo: lançar embalagens maiores do Fusion. “O consumo de energéticos está migrando do individual para o coletivo”, diz Ely.

Festa quente

Os números explicam o movimento. Em 2005, 91,2% dos energéticos eram vendidos em latas. Cinco anos depois, as garrafas passaram a responder por quase um quarto do volume comercializado. O Burn, da Coca, já é encontrado em garrafas de vidro. Flying Horse e Red Bull são vendidos em latas de 473 ml. Marcas como Bad Boy investem ainda nas garrafas pet de 1 litro, e outras, como Mad Dog, estendem a possibilidade para os 2 litros.


Por enquanto, o Fusion, da Ambev, é encontrado apenas nas latas de 250 ml. A empresa não detalha que formatos de embalagem estão em estudo, mas adianta que embalagens tão grandes não devem ser o caminho. "Em países desenvolvidos, começaram a aparecer produtos coletivos menores, para duas, três pessoas. Não é tão desproporcional quanto o volume do refrigerante, o que parece fazer mais sentido", afirma Ely.

Planejar a dose certa é fundamental para o sucesso do projeto. Segundo Adalberto Viviani, diretor da consultoria especializada em bebidas Conceptnet, a embalagem pet, por exemplo, é uma faca de dois gumes. Por um lado, atende à demanda da classe C, sedenta por entrar no segmento. Por outro, não é o tipo de envase que constrói a marca, já que é encontrado em varejistas, mas não em bares, shows e boates. "Esse é o energético do esquenta, as pessoas compram para consumi-lo antes de sair", completa.

Para todo lado

Seja qual for a escolha, a Ambev contará com sua ampla cadeia de distribuidores para consolidar a presença do Fusion. Hoje, o energético está em 68 centros de distribuição, localizados em todas as regiões do país. A capilaridade oferece a oportunidade de conquistar novos estabelecimentos com a oferta de um portfólio que já é forte em cervejas e refrigerantes. Mas a característica, como mostra a fulgurante atuação do Red Bull por aqui, não é pré-requisito para ser bem sucedido neste mercado.

"Ainda é preciso ajustar o foco do Fusion", diz Viviani, da Conceptnet. "A grande vantagem do Red Bull é que ele só vende Red Bull, então o produto está focado exclusivamente nesse mercado. Eles têm equipe de Fórmula 1, receita vinda de ações de promoções e vínculo muito estabelecido com essa atividade."

Desde o ano passado, a Ambev vem turbinando os investimentos para conseguir o mesmo, divulgando a marca nas redes sociais, em festas e em eventos esportivos, como o UFC e o Rally Suzuki. Resta saber se a aposta no novo formato ajudará a catapultar a tímida presença da marca no país. No mercado de cervejas, em que detém uma acachapante participação de 70%, a Ambev comemora o sucesso em estratégia semelhante. Recentemente, o Cade deu carta branca para a companhia gravar seu nome nas garrafas de 1 litro, o que, na prática, impede que outras empresas compartilhem o mesmo casco, prática comum com as garrafas de 600 ml. 

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasAmbevBebidasEmpresas belgasgestao-de-negociosEstratégia

Mais de Negócios

Negócio de R$ 12 mil vira líder em LED e hoje fatura R$ 200 milhões

Agência nascida em garagem aposta em IA para mudar eventos globais

Com apagão, empresa de geradores vê demanda saltar de 50 para 2.500 por dia

Rock Encantech compra Akropoli para crescer no varejo com open finance