Com viagens a negócio e 737 Max, Gol quer dobrar capacidade
A companhia aérea quer dobrar sua capacidade no último trimestre com voltas das viagens corporativas - para o ano que vem, conta com a volta do 737 Max
Karin Salomão
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 16h34.
Última atualização em 4 de novembro de 2020 às 17h08.
Com um prejuízo de 1,7 bilhão de reais no terceiro trimestre de 2020, a Gol acredita que o pior já passou. A empresa divulgou suas previsões para o final do ano e o início do ano que vem e acredita que deve se recuperar com mais viagens a lazer e a trabalho e até a volta do avião da Boeing 737 Max - a previsão é mais que dobrar a receita líquida.
Segundo Paulo Kakinoff, presidente da companhia aérea, em outubro houve recordes de passageiros desde abril. No terceiro trimestre, as vendas brutas consolidadas atingiram aproximadamente 1,7 bilhão de reais, aumento de 132% em relação ao segundo trimestre do ano, mas queda de 55,7% em relação ao ano anterior.
Em outubro, a empresa operou 376 voos por dia, quase metade em relação ao mesmo período de 2019. A Gol transportou 2,6 milhões de passageiros no trimestre, uma diminuição de 73% contra o mesmo período do ano anterior mas uma evolução de mais de 300% na comparação com o segundo trimestre.
A melhora é percebida mês a mês. Em setembro, a empresa viu um aumento de 43% nas buscas de novas passagens e de 60% nas compras em relação a agosto. Os voos internacionais devem ser retomados apenas no primeiro trimestre do ano.
Projeções
Até dezembro, a Gol prevê operar com cerca de 80% de sua capacidade do ano passado e dobrar a capacidade em relação ao trimestre anterior. A expectativa é operar 94 aviões em dezembro, representando mais de 75% da frota no mesmo período do ano passado - eram 71 em setembro e 27 em junho.
Com receita operacional líquida de 1 bilhão de reais no terceiro trimestre, a previsão é mais que dobrar e chegar a 2,3 bilhões de reais no quarto trimestre do ano e 2,4 bilhões de reais no primeiro período do ano que vem. Mesmo assim, a empresa recomenda cautela. "É importante dar ênfase que os parâmetros nunca foram tão voláteis como agora", diz Kakinoff.
A viagem corporativa, que representava 30% do volume de vendas e 50% das receitas, pode retomar. A Gol detém 42% de mercado nesse segmento, que depende da retomada de eventos e reuniões presenciais. "Temos compradores regulares e frequentes, com grandes contratos corporativos", diz Richard Lark, diretor financeiro.
Boeing 737 Max
Outro motor de crescimento para a Gol pode ser a volta dos aviões Boeing 737 Max, impedidos de voar desde que dois acidentes fatais mataram mais de 346 pessoas e previstos para voltarem a decolar até o fim do ano. Esse modelo oferece uma redução de 15% no combustível usado, o que pode ser positivo para os custos da aérea. As projeções para o primeiro trimestre do ano que vem já contam com a aeronave.
A Gol também finalizou a reestruturação de suas dívidas e pagamentos. "Não temos vencimentos significativos no mercado de capitais até 2024", diz Lark. Em agosto, a Gol tinha um vencimento de uma dívida de 300 milhões de reais com a Delta, que foi parcialmente paga com a ajuda a aérea norte-americana.
“Vemos a companhia como bem posicionada no cenário de recuperação da demanda doméstica, com potencial ganho de mercado pelo enfraquecimento da concorrência”, disse o Goldman Sachs em relatório.