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Com sala de guerra, Facebook tenta convencer que é páreo para fake news

Depois de denúncias sobre vazamentos de dados e manipulações de informações, rede social montou time para remover notícias falsas e discurso de ódio

Painel do Facebook em festival de criatividade em Cannes
20/06/2018 REUTERS/Eric Gaillard (Eric Gaillard/Reuters)

Painel do Facebook em festival de criatividade em Cannes 20/06/2018 REUTERS/Eric Gaillard (Eric Gaillard/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 20 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 20 de outubro de 2018 às 06h00.

São Paulo - Em uma sala aparentemente comum em sua sede na Califórnia, o Facebook acaba de montar uma operação de guerra para acompanhar envios de fake news, discursos de ódio e riscos à democracia. No entanto, não deu muitos detalhes sobre as ações que estaria tomando contra essas ameaças.

O Facebook busca recuperar sua imagem depois que a rede social foi envolvida em um escândalo do vazamento de dados de milhões de usuários pela Cambridge Analytica e a manipulação, por entidades ligadas à Rússia, de dados nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016.

Atualmente, é o Whatsapp, empresa de mensagens do mesmo grupo, que está envolvido em caso de Caixa 2 do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). De acordo com uma matéria da Folha de S.Paulo, empresas teriam pagado para agências divulgarem conteúdo favorável ao candidato e contra seu adversário, Fernando Haddad (PT), na rede social.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Whatsapp informou que o disparo de mensagens em massa viola os Termos de Uso do aplicativo e que "tem proativamente banido centenas de milhares de contas durante o período das eleições brasileiras".

A empresa foi, inclusive, chamada para se reunir com o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para discutir a proliferação de notícias falsas.

Por outro lado, o Facebook disse que está satisfeito com seu trabalho durante as eleições brasileiras. "Ficamos encantados em ver o quanto conseguimos ser eficientes, do ponto de detecção ao ponto de ação", disse Samidh Chakrabarti, chefe de engajamento cívico do Facebook, à Bloomberg.

Em guerra

A “sala de guerra”, montada na Califórnia, é mais uma forma da empresa mostrar que está preocupada com o tema. A operação foi iniciada em setembro e, com múltiplas eleições a caminho em todos os lugares do mundo, deve continuar funcionando por algum tempo.

"Essa vai ser uma corrida armada, constante", disse Katie Harbath, diretora do Facebook de política global e de divulgação do governo ao The Verge. “Este é o nosso novo normal. Os agentes ruins vão ficar mais sofisticados no que estão fazendo, e teremos que ficar mais sofisticados tentando pegá-los."

Cerca de 24 pessoas monitoram, em telas espalhadas por todo o ambiente, picos de divulgação de discurso de ódio, envios de spam e notícias falsas envolvendo eleições. Recentemente, a empresa removeu publicações falsas sobre as eleições brasileiras, que diziam que a data havia sido adiada.

O time é composto por engenheiros, cientistas de dados e funcionários de pesquisa, comunicações e do meio jurídico das três redes sociais do grupo, Facebook, Whatsapp e Instagram. Ao lado da bandeira dos Estados Unidos, também há uma bandeira brasileira, um sinal de que a empresa está de olho nas eleições presidenciais do país.

Outras iniciativas para conter fake news e desinformação incluem trabalhar com organizações para checar notícias e fotos questionáveis e criar ferramentas para identificar automaticamente conteúdo falso e contas falsas. Ele também introduziu um banco de dados público de anúncios políticos que foram publicados no Facebook para identificar quem pagou por eles.

Para mostrar o que está sendo feito, a companhia convidou uma série de jornalistas norte-americanos para conhecer o novo local. No entanto, o Facebook não forneceu informações concretas para convencer que conseguirá barrar o avanço de notícias falsas e  vazamentos na rede social.

"A coletiva de imprensa forneceu informações mínimas sobre as estratégias e impactos específicos do Facebook quando se trata de combater a interferência estrangeira e as falsas notícias", escreveu The Guardian.

Já o Business Insider disse que, "quando pressionados por repórteres, os executivos do Facebook não tinham uma resposta satisfatória sobre como ele tentaria combater o fluxo de notícias falsas e desinformação".

Entre as mudanças divulgadas, estão a adição de um indicador "Encaminhado" ao lado de mensagens que foram encaminhadas, para mostrar quando o conteúdo não veio diretamente de quem mandou a mensagem.

Com uma divulgação de informações incorretas pela internet cada vez mais forte, a empresa deve trabalhar para convencer que é páreo para essa guerra.

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