Renato Rennó, Thiago Leão de Moura e Eduardo Viegas, da Kovr: ameaças cibernéticas em alta (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 06h02.
Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 10h57.
A Kovr, seguradora com presença nacional e receita de R$ 2,7 bilhões em 2024, passou a vender um seguro voltado a pequenas e médias empresas que enfrentam riscos com ataques cibernéticos.
A nova cobertura atende negócios com faturamento de até R$ 150 milhões por ano e foi pensada para empresas que guardam dados de clientes e operam em ambiente digital, mas não têm equipe de tecnologia própria.
O produto cobre casos como invasões de sistema, sequestro de dados, desvio de pagamentos, paralisação de operação e até fraudes que atingem consumidores finais.
A cobertura também vale para processos relacionados à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Um dos principais diferenciais é a resposta rápida: em caso de ataque, o segurado pode acionar uma central 24 horas por telefone.
A assistência inclui suporte técnico, gestão de crise e orientação jurídica desde o primeiro momento.
“Empresas menores têm tanta exposição quanto as grandes, mas pouca estrutura para lidar com esse tipo de problema. A gente quer facilitar o acesso à proteção sem exigir conhecimento técnico”, afirma Eduardo Viegas, vice-presidente de operações da Kovr.
O seguro começa em R$ 2.500 por ano, com limite de cobertura de R$ 600 mil. Os pacotes mais completos podem chegar a R$ 40 mil por ano, com limites de até R$ 6 milhões. Não há franquia de tempo nem carência.
Segundo a empresa, o processo de contratação leva cerca de cinco minutos para empresas com faturamento de até R$ 50 milhões, exigindo apenas ramo de atividade, faturamento e histórico de incidentes. Para empresas com receita maior, a contratação é liberada após uma checagem simplificada.
A venda será feita por corretores e também por meio de canais como bancos, operadoras de telefonia e empresas de tecnologia.
O seguro será oferecido tanto no modelo B2B — quando é vendido para empresas que o repassam aos seus clientes — quanto no modelo B2B2C, em que o seguro é integrado a plataformas de parceiros e chega ao cliente final como parte da jornada digital.
A Telefónica Seguros, braço de seguros da empresa de telefonia Vivo, é uma das parceiras no projeto.
Segundo a Kovr, a colaboração traz experiência internacional com PMEs e ajuda a adaptar a oferta ao mercado brasileiro.
O lançamento do produto vem num momento em que os ataques cibernéticos a PMEs disparam.
Dados de um relatório da N-able apontam que o número de incidentes no Brasil saltou de 48 mil em junho de 2024 para 13,3 milhões em junho de 2025.
Segundo a Kaspersky, 73% das PMEs brasileiras foram vítimas de algum tipo de ataque nos últimos dois anos.
Apesar disso, o mercado de seguro cibernético ainda é pequeno no país: em 2024, foram emitidos cerca de R$ 270 milhões em prêmios, segundo dados da Susep.
A maior parte das apólices é voltada a grandes empresas, com processos de contratação longos e exigência de respostas técnicas detalhadas.
A proposta da Kovr é simplificar esse processo e atingir um número maior de empresas.
“A ideia é ampliar a base de segurados e não disputar só grandes contas”, diz Viegas. “Nosso foco está no volume de apólices, não no valor de prêmio por contrato.”
O seguro oferece mais do que a indenização financeira. A assistência inclui uma central 0800 que funciona 24h, que aciona um gestor de incidentes para confirmar o ataque e orientar a resposta.
Se necessário, o time técnico ajuda a restaurar os sistemas e liberar o acesso aos dados. A empresa também recebe suporte jurídico para lidar com notificações, comunicação com clientes e medidas exigidas pela LGPD.
Outra frente é a prevenção. A Kovr planeja oferecer um laudo de vulnerabilidade automatizado, que analisa dados públicos da empresa e aponta falhas que podem ser exploradas por hackers.
O objetivo é educar os empresários sobre os riscos e, com isso, estimular a contratação de proteção.
“Queremos mostrar que o risco é real e que a assistência existe. Muitos só descobrem o problema quando já é tarde demais”, afirma o executivo.
A Kovr é resultado de uma transformação que começou em 2020, quando executivos do setor adquiriram, por meio de leilão, uma seguradora com origem no Banco Rural.
A operação foi reorganizada e passou por rebranding em 2021. A nova marca, Kovr, é uma referência direta à palavra inglesa “cover” (cobertura).
A empresa tem hoje três braços principais: Kovr Seguradora, que atua com seguros gerais; Kovr Previdência, voltada a planos de aposentadoria; e Kovr Capitalização.
Também criou uma frente de garantias digitais, com foco no setor de transportes e no mercado automotivo.
Um dos pilares do crescimento foi o investimento em tecnologia. A companhia desenvolveu uma plataforma com integrações por API, o que permite colocar produtos no ar de forma rápida com parceiros comerciais.
Também aposta em seguros modulares, que podem ser adaptados ao perfil do cliente, com menos burocracia.
A Kovr atua com 200 funcionários, mais de 3.000 corretores cadastrados e está presente em todo o território nacional. Em 2024, emitiu 6,5 milhões de apólices.
Entre os parceiros estão marcas como PicPay, Will Bank, Sem Parar, Natura, Banco Original, Itaú, Telefónica, Affinity e Ita Seguros Viagens.
O grupo é liderado por Thiago Leão de Moura (CEO), Eduardo Viegas (VP de operações) e Renato Rennó.
Com o novo seguro cibernético, a Kovr espera ampliar sua atuação no mercado de empresas e reforçar a linha de produtos com foco em serviços e não apenas em indenizações.
A empresa planeja usar eventos presenciais com empreendedores para mostrar na prática como os ataques acontecem e como a assistência funciona.
A meta é conquistar uma base ampla de PMEs, indo além do público que já costuma contratar esse tipo de proteção.
“Estamos criando um produto que cabe na rotina de quem administra um negócio pequeno ou médio. Não precisa ser especialista para se proteger”, diz Eduardo Viegas.