Com gargalos portuários, ALL deve ter lucros decepcionantes
Atrasos em concessões de estradas de ferro também reduzem a capacidade de crescimento da empresa
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2013 às 11h09.
Brasília - A ALL – América Latina Logística SA –, maior operadora ferroviária do Brasil, deverá ter os lucros mais decepcionantes entre seus pares nas Américas, já que gargalos nos portos e atrasos em concessões de estradas de ferro reduzem sua capacidade de crescimento.
Os analistas monitorados pela Bloomberg reduziram suas estimativas em relação aos ganhos por ação da ALL em 2014 em 16 por cento, em média, nos últimos três meses, o maior percentual entre 16 empresas transportadoras no índice Bloomberg Americas Transportation.
O lucro de 12 centavos por ação que a ALL, com sede em Curitiba, reportou no terceiro trimestre, em 5 de novembro, ficou abaixo da média das estimativas de seis analistas, de 17 por cento.
A ALL resume o fracasso do Brasil em cumprir seu papel de potência de commodities em um momento em que as colheitas recordes de milho e soja são prejudicadas, a cada safra, pelas dezenas de quilômetros de filas de caminhões à espera para descarregar em portos congestionados.
A ALL, que domina as estradas de ferro para os principais portos do país, não conseguiu preencher a lacuna deixada pelas estradas esburacadas porque os planos de expansão ferroviária estão pendentes de aprovação ambiental e de uma maior capacidade portuária.
“A incapacidade da ALL de tirar vantagem das grandes colheitas definitivamente é algo negativo”, disse em entrevista por telefone o analista de ações da Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa, que em 5 de novembro rebaixou sua classificação para a ação da operadora ferroviária de “comprar” para “manter”. “Os volumes caíram devido à capacidade portuária restrita”.
Batalha legal
A ALL está envolvida também em uma batalha legal com a fabricante de açúcar Cosan SA Indústria Comércio, uma grande cliente que tentou, sem sucesso, assumir o controle da empresa ferroviária e que busca uma compensação pela suposta violação de uma parceria.
O lucro líquido, excluindo alguns itens, deverá cair pelo segundo ano consecutivo em 2013, para R$ 159,6 milhões (US$ 70 milhões), o pior resultado desde 2009, segundo a média de estimativas de 12 analistas compiladas pela Bloomberg.
Isso seria uma queda de 45 por cento em relação ao ano passado e produziria um lucro próximo aos R$ 150,6 milhões que a empresa reportou em 2004, o ano de sua oferta pública inicial.
Proposta da Cosan
A necessidade de transportar suas exportações mais rapidamente levou a Cosan, que gerencia a maior processadora de cana-de-açúcar do mundo em sociedade com a Royal Dutch Shell Plc, a formar uma parceria com a ALL em 2009 e depois buscar comprar parte da empresa.
Em 2012, a Cosan ofereceu cerca de US$ 385 milhões por 5,67 por cento da ALL para ingressar em seu grupo controlador. O acordo durou apenas até agosto, levando a Cosan a exigir melhor qualidade de serviço da ALL por meio de arbitragem.
A Rumo, a unidade de logística da Cosan, afirma que cumpriu sua promessa de investir cerca de R$ 1 bilhão para aumentar a capacidade da ferrovia em uma parceria para transportar açúcar até o Porto de Santos e disse que a ALL não priorizou seus embarques, transportando, em vez disso, soja e outros grãos.
“A parceria com a Rumo se baseava em dois pilares: melhora da capacidade de descarga em Santos e duplicação da ferrovia até o porto”, disse o diretor financeiro da ALL, Rodrigo Campos, em entrevista por telefone, de Curitiba. “Atualmente há um gargalo e não conseguimos transportar mais açúcar do que transportamos”.
A ALL pode compensar parte das perdas com os contratos de açúcar buscando aumentar o transporte de outros tipos de carga, disse Pedro Galdi, analista da corretora SLW Corretora de Valores, por telefone, de São Paulo.
A maior ameaça aos lucros e ações da empresa nos próximos trimestres é a perspectiva de uma grande multa como resultado da disputa com a Rumo, disse Galdi.
“Se a ALL tiver que pagar uma multa, ela vai cair muito no mercado de ações”, disse Galdi.
Brasília - A ALL – América Latina Logística SA –, maior operadora ferroviária do Brasil, deverá ter os lucros mais decepcionantes entre seus pares nas Américas, já que gargalos nos portos e atrasos em concessões de estradas de ferro reduzem sua capacidade de crescimento.
Os analistas monitorados pela Bloomberg reduziram suas estimativas em relação aos ganhos por ação da ALL em 2014 em 16 por cento, em média, nos últimos três meses, o maior percentual entre 16 empresas transportadoras no índice Bloomberg Americas Transportation.
O lucro de 12 centavos por ação que a ALL, com sede em Curitiba, reportou no terceiro trimestre, em 5 de novembro, ficou abaixo da média das estimativas de seis analistas, de 17 por cento.
A ALL resume o fracasso do Brasil em cumprir seu papel de potência de commodities em um momento em que as colheitas recordes de milho e soja são prejudicadas, a cada safra, pelas dezenas de quilômetros de filas de caminhões à espera para descarregar em portos congestionados.
A ALL, que domina as estradas de ferro para os principais portos do país, não conseguiu preencher a lacuna deixada pelas estradas esburacadas porque os planos de expansão ferroviária estão pendentes de aprovação ambiental e de uma maior capacidade portuária.
“A incapacidade da ALL de tirar vantagem das grandes colheitas definitivamente é algo negativo”, disse em entrevista por telefone o analista de ações da Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa, que em 5 de novembro rebaixou sua classificação para a ação da operadora ferroviária de “comprar” para “manter”. “Os volumes caíram devido à capacidade portuária restrita”.
Batalha legal
A ALL está envolvida também em uma batalha legal com a fabricante de açúcar Cosan SA Indústria Comércio, uma grande cliente que tentou, sem sucesso, assumir o controle da empresa ferroviária e que busca uma compensação pela suposta violação de uma parceria.
O lucro líquido, excluindo alguns itens, deverá cair pelo segundo ano consecutivo em 2013, para R$ 159,6 milhões (US$ 70 milhões), o pior resultado desde 2009, segundo a média de estimativas de 12 analistas compiladas pela Bloomberg.
Isso seria uma queda de 45 por cento em relação ao ano passado e produziria um lucro próximo aos R$ 150,6 milhões que a empresa reportou em 2004, o ano de sua oferta pública inicial.
Proposta da Cosan
A necessidade de transportar suas exportações mais rapidamente levou a Cosan, que gerencia a maior processadora de cana-de-açúcar do mundo em sociedade com a Royal Dutch Shell Plc, a formar uma parceria com a ALL em 2009 e depois buscar comprar parte da empresa.
Em 2012, a Cosan ofereceu cerca de US$ 385 milhões por 5,67 por cento da ALL para ingressar em seu grupo controlador. O acordo durou apenas até agosto, levando a Cosan a exigir melhor qualidade de serviço da ALL por meio de arbitragem.
A Rumo, a unidade de logística da Cosan, afirma que cumpriu sua promessa de investir cerca de R$ 1 bilhão para aumentar a capacidade da ferrovia em uma parceria para transportar açúcar até o Porto de Santos e disse que a ALL não priorizou seus embarques, transportando, em vez disso, soja e outros grãos.
“A parceria com a Rumo se baseava em dois pilares: melhora da capacidade de descarga em Santos e duplicação da ferrovia até o porto”, disse o diretor financeiro da ALL, Rodrigo Campos, em entrevista por telefone, de Curitiba. “Atualmente há um gargalo e não conseguimos transportar mais açúcar do que transportamos”.
A ALL pode compensar parte das perdas com os contratos de açúcar buscando aumentar o transporte de outros tipos de carga, disse Pedro Galdi, analista da corretora SLW Corretora de Valores, por telefone, de São Paulo.
A maior ameaça aos lucros e ações da empresa nos próximos trimestres é a perspectiva de uma grande multa como resultado da disputa com a Rumo, disse Galdi.
“Se a ALL tiver que pagar uma multa, ela vai cair muito no mercado de ações”, disse Galdi.