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Com aquisições, Magalu monta ecossistema estilo Alibaba e Amazon

Magazine Luiza deve gerar conteúdo, tráfego e conversão em vendas online e offline, podendo se tornar um dos maiores polos de comércio do mundo

Magazine Luiza: varejista  anuncia aquisição de empresas de comunicação e marketing (Germano Lüders/Exame)

Magazine Luiza: varejista anuncia aquisição de empresas de comunicação e marketing (Germano Lüders/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 11h35.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 10h25.

Nesta quinta-feira, 6, o Magazine Luiza anunciou a aquisição das empresas Unilogic Media Group e Canal Geek Internet (Canaltech) e da plataforma Inloco Media, unidade de negócio da Inloco Tecnologia da Informação. Com a novidade, o Magalu passa a ter fôlego para construir um ecossistema completo entre anúncios online e offline e conversão de venda por meio de conteúdo, marketing e geolocalização.

"Com o Canaltech conquistamos uma audiência de 24 milhões de usuários únicos por mês bastante interessados em tecnologia, enquanto a Inloco atende as necessidades publicitárias do nosso grupo e fomenta a geração de receita, incluindo os vendedores parceiros", diz Bernardo Leão, diretor de CRM e novos negócios.

Segundo o executivo, o objetivo é digitalizar o varejo nacional e uma expansão acelerada, mas consistente. "Na pandemia criamos o parceiro Magalu que ajudou na geração de renda de muitos brasileiros. Agora encontramos uma forma da empresa [e dos vendedores] atender as demandas dos clientes com eficácia, como outros grandes varejistas já fazem em outros países, mas lembrando que o Brasil é muito grande e o foco agora é fortalecer esse mercado".

Com as medidas anunciadas, o Magazine Luiza tem a ambição de ser tornar o terceiro polo de comércio mundial, assim como a Amazon e o Alibaba. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Amazon, maior anunciante do mundo, investe em conteúdo com parceiros como o Buzzfeed para promover seus produtos, coletar dados e se conectar melhor com o consumidor.

Uma consequência pode ser reduzir a dependência do Magalu de plataformas digitais como Google e Facebook. O cliente pode passar a ir, por exemplo, direto no site da empresa para buscar um produto. E além de ver preços e condições de pagamento de uma Smart TV, pode ler também conteúdo sobre o equipamento, com comparação de produtos feita pela equipe do próprio Magalu.

"A Amazon entendeu que o conteúdo é a mina de ouro da coleta de dados, chegando até a ter uma plataforma de streaming. Desse modo, ela anuncia para o cliente exatamente aquilo que ele precisa, criando uma relação mais forte e assertiva", diz Rapha Avellar, presidente da agência Avellar e fundador da Cria, escola de marketing e publicidade.

Já com a aquisição da InLoco, o Magazine Luiza acelera o desenvolvimento da plataforma de publicidade proprietária, a MagaluAds. O serviço oferecido é uma forma adicional de monetizar o público da Magalu e consegue integrar o mundo online e offline ao, por exemplo, enviar uma notificação para um cliente que passa perto de uma loja e anteriormente pesquisou um produto na internet. “Com o serviço, a taxa de conversão em vendas do Magazine Luiza deve aumentar muito e promover um sistema ainda mais robusto para o varejo”, diz Bruno Lima, especialista em renda variável na Exame Research.

A estruturação dos anúncios na estratégia de negócios faz parte da forma de trabalho também da gigante chinesa Alibaba. "O peso e a importância de anúncios nas grandes empresas de tecnologia chinesas e americanas vem crescendo nos últimos anos. É um dos ângulos de sucesso de um ecossistema que o Alibaba tem explorado bem", diz Frederico Pompeu, do BoostLAB do BTG.

Segundo analistas, os modelos de negócios do Alibaba e Tencent são mais baseados em tráfego do que em comissão cobrada pelo uso do site. No ano passado isso gerou 30 bilhões de dólares em publicidade digital, apenas atrás do Google e do Facebook.

Na bolsa, a novidade deve ter um impacto ao médio e longo prazo, estima Lima. "Mais do que pensar na simples aquisição das empresas, é preciso avaliar o valor que o Magalu terá ao aumentar a participação de mercado", diz.

Com as aquisições, o Magazine Luiza continua sendo uma referência para concorrentes e parceiros, e fomenta um novo mercado no país. "O Magalu vem sendo um dos protagonistas nesse novo varejo, e as aquisições são importantes passos nesse sentido. A novidade empurra o mercado para a transformação digital que já é mais forte fora do Brasil", afirma Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa de Souza.

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