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Cogna tem prejuízo de R$ 1,2 bi, maior evasão de alunos e menos matrículas

Divisão de ensino superior da holding, Kroton teve queda de 31,5% na receita e de 61% na captação de alunos de cursos presenciais e de 2% na captação total

SALA DE AULA DA COGNA, ANTIGA KROTON: garantir alguma captação nas matrículas de meio de ano é um enorme desafio / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

SALA DE AULA DA COGNA, ANTIGA KROTON: garantir alguma captação nas matrículas de meio de ano é um enorme desafio / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 16h32.

Última atualização em 13 de novembro de 2020 às 16h46.

A companhia de educação Cogna divulgou resultados nesta sexta-feira. A empresa teve receita de 1,2 bilhão de reais no terceiro trimestre, queda de 17% em relação ao mesmo período de 2019, com impacto da pandemia do novo coronavírus. A empresa teve prejuízo de 1,2 bilhão de reais no período, devido ao reconhecimento de perda no valor recuperável de ativos.

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Os resultados foram impactados principalmente pela divisão de educação superior, a Kroton. Impactada pela pandemia do novo coronávirus e por sua própria crise particular, a Kroton teve queda de 31,5% na receita no terceiro trimestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado, e de 70% no ebtida recorrente no mesmo período. “É um ano desafiador, agravado pela covid-19”, afirmou o presidente da Cogna Rodrigo Galindo.

O resultado da Kroton foi impactado principalmente pela captação de alunos nos cursos com mais aulas presenciais. A captação do ensino presencial teve queda de 61% enquanto a do ensino digital cresceu 25%. No total foram 178 mil novos alunos captados no período, queda de 2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, número considerado positivo pelos executivos, tendo em vista o cenário adverso.

A companhia teve também uma piora no ticket médio dos alunos pagantes, com queda de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior, uma vez que houve maior procura pelos cursos 100% online, que são mais baratos. Isso ainda que o ticket médio dos alunos pagantes dos cursos presenciais tenha tido alta de 9%.

Para melhorar a situação financeira, a companhia tem sido mais rigorosa nos descontos: não realizou ofertas de fim de ciclo -- que trazem volume de calouros, mas baixa contribuição de receita, diz a empresa – e suspendeu a oferta de parcelamento temporário nas primeiras mensalidades. Também teve uma postura mais rígida na negociação com alunos inadimplentes, o que impactou a evasão no ensino presencial. A taxa de evasão no período foi 19,5%.

Com esse quadro, a Cogna prepara mudanças mais significativas nos cursos presenciais da Kroton, com reestruturação de unidades. “Essa reestruturação pode passar por unificação de campi, e pela opção de manter a oferta em uma cidade através de parcerias, e não unidade própria, o que leva a empresa para uma estrutura mais asset light”, afirmou Galindo. As negociações para essas mudanças estão em curso e serão anunciadas com mais detalhes em evento no dia 14 de dezembro.

A Kroton não foi a única afetada pela crise do setor. A Saber, divisão de ensino básico da Cogna, também teve queda de 16% na receita, afetada principalmente pela evasão de alunos nos anos iniciais, e por descontos oferecidos no período.

As boas notícias para a Cogna vieram principalmente da Vasta, divisão oferece conteúdo para escolas através de sistemas de ensino e de uma plataforma digital de estudos. A susidiária fez seu IPO na bolsa Nasdaq em julho, com captação de 405 milhões de dólares. No terceiro trimestre, a companhia teve alta de 2,6% na receita. E já tem 835 milhões de reais em contratos para o ano letivo de 2021, um crescimento de 21% em relação a 2020. Os planos de fusões e aquisições da companhia estão mantidos – metade dos recursos levantados com a abertura de capital deve ir para aquisições.


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