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CNova é alvo de ações coletivas nos EUA

Os dois processos alegam que a CNova não informou o mercado das denúncias de que funcionários de centros de distribuição no Brasil estavam desviando produtos


	Centro de distribuição da CNova: os dois processos alegam que a empresa não informou corretamente o mercado sobre as denúncias de que funcionários de centros de distribuição no Brasil estavam desviando produtos
 (Leandro Fonseca/Exame)

Centro de distribuição da CNova: os dois processos alegam que a empresa não informou corretamente o mercado sobre as denúncias de que funcionários de centros de distribuição no Brasil estavam desviando produtos (Leandro Fonseca/Exame)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 09h47.

Nova York - Pouco mais de um ano depois de lançar ações na Nasdaq, a CNova tem dado dor de cabeça ao investidor dos Estados Unidos.

Acusada de má administração e de ter divulgado comunicados "falsos e enganosos", a companhia de comércio eletrônico do grupo Casino já é alvo de duas ações coletivas no Tribunal de Nova York e 20 escritórios de advocacia anunciaram que procuram investidores para aderir ao processo. A primeira audiência foi marcada para o dia 7 de abril.

Os dois processos alegam que a CNova não informou corretamente o mercado sobre as denúncias de que funcionários de centros de distribuição no Brasil estavam desviando produtos.

As fraudes já vinham ocorrendo havia anos e, em dezembro, a companhia divulgou um comunicado indicando que investigava a questão, sem maiores detalhes.

O escritório Pomerantz, de Nova York, acusa a CNova de não ter divulgado corretamente "informações adversas" sobre as operações da empresa e perspectivas para os negócios, além de uma série de irregularidades contábeis, incluindo erros no cancelamento de itens desviados e que foram recuperados.

Os advogados do escritório Glancy Prongay & Murray, de Los Angeles, afirmam ainda que a empresa inflou números em seu balanço, "superestimando as vendas líquidas", e deixou claro que não tem controles internos adequados.

Os desvios dos funcionários causaram um rombo de R$ 110 milhões na CNova, valor retirado de suas vendas no quarto trimestre de 2015. Inicialmente, se esperava um prejuízo de R$ 60 milhões.

Ao anunciar esses números, no dia 12 de janeiro, o papel da empresa na Nasdaq despencou. Antes, em dezembro, quando foram reveladas as denúncias da fraude, o papel havia caído 18% apenas em um dia.

Além da empresa, aparecem como réus nos processos dez bancos que cuidaram da abertura de capital da companhia, como Morgan Stanley, Deutsche Bank e HSBC, e 11 executivos do comando da empresa. Entre eles está o diretor financeiro Vitor Fagá de Almeida, o diretor Eleazar de Carvalho Filho e o então copresidente, Emmanuel Grenier.

Os dois processos consideram que a CNova já sabia dos desvios de mercadorias na época da abertura de capital, mas não informou o mercado e nem fez alertas sobre eventuais irregularidades no prospecto de vendas das ações.

A CNova lançou ações na Nasdaq em novembro de 2014, captando US$ 190 milhões com a promessa de ser uma opção para o investidor dos Estados Unidos interessado em aproveitar os ganhos do rápido crescimento do comércio eletrônico em países emergentes.

A empresa cuida do varejo eletrônico de redes como Ponto Frio e Casas Bahia e também tem operações em outros países da América Latina, na Ásia, África e Europa. Mas, até agora, tem dado mais decepções do que ganhos aos investidores.

Desde o lançamento, a ação da CNova acumula queda de 65%. Recentemente, o Goldman Sachs recomendou a venda dos papéis da companhia.

Além da baixa desencadeada pela fraude no Brasil, o papel vem sendo pressionando pelo baixo crescimento nos emergentes, sobretudo no Brasil.

"Denúncias de fraudes aliadas à falta de comunicação adequada da empresa com o mercado são ingredientes certos para a abertura de um processo nos EUA, especialmente se esses dois fatores provocam queda das ações, ou seja, prejuízo para os investidores", afirma o advogado e professor da escola Stanford Law School, Joseph Grundfest.

Comunicados

Desde que os dois processos foram abertos, em janeiro, ao menos 20 escritórios de advocacia de cidades como Nova York, Los Angeles e São Francisco divulgaram comunicados públicos procurando investidores para aderir à ação coletiva. Entre eles, Goldberg Law, Khang & Khang, Bragar Eagel & Squire, Levi & Korsinsky e Hagens Berman Sobol Shapiro.

O prazo termina dia 21 de março e pode aderir quem aplicou em papéis da empresa entre 19 de novembro de 2014 a 18 de dezembro de 2015.

"Encorajamos os investidores com prejuízos acima de US$ 100 mil em papéis da CNova a aderir à ação coletiva", informa um comunicado do escritório Faruqi & Faruqi, de Nova York.

Questionada sobre a convocação mais recente de investidores feita por um escritório americano, a assessoria de imprensa da CNova disse, por e-mail, que "as alegações não têm mérito e que a companhia pretende se defender vigorosamente. A empresa não tem mais nenhum comentário a fazer neste momento".

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