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Claro: Entrada de chineses na Oi pode trazer instabilidade

O presidente da Claro destacou que a dinâmica de operação na China é muito complexa, dada a sobreposição entre o governo e as empresas

Oi: "Espero que eles não entrem porque vai chacoalhar mais ainda um mercado que já está instável, doente" (Nacho Doce/Reuters)
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Reuters

Publicado em 14 de dezembro de 2017 às 17h59.

São Paulo - A possível entrada de chineses no mercado brasileiro de telecomunicações por meio de investimento na Oi , em recuperação judicial há quase um ano e meio, preocupa e pode trazer ainda mais instabilidade para a indústria, disse nesta quinta-feira o presidente da Claro Brasil, José Félix.

"Espero que eles não entrem porque vai chacoalhar mais ainda um mercado que já está instável, doente", afirmou o executivo a jornalistas, em São Paulo, acrescentando que esperava outra solução para o problema da Oi, cujas dívidas somam cerca de 65 bilhões de reais.

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Ele destacou que a dinâmica de operação na China é muito complexa, dada a sobreposição entre o governo e as empresas. "A gente não sabe bem como funcionam as coisas por lá...empresas e governo se misturam um pouco", comentou Félix.

A estatal China Telecom está entre os grupos interessados em injetar capital na Oi em troca de ações da empresa.

Em 3 de novembro, a Reuters noticiou que a gigante chinesa estaria disposta a investir cerca de 20 bilhões de reais para se tornar a controladora da operadora brasileira e as tratativas estariam condicionadas à aprovação do plano de recuperação judicial.

"Periga ter um monopólio estatal, só que não do nosso país", avaliou o presidente da Claro. Ele completou, contudo, que a empresa já manifestou publicamente que não considera fazer uma oferta pela Oi.

Na opinião do executivo, o retorno do capital investido em telecomunicações no Brasil é muito baixo e o mercado nacional comporta, no máximo, três operadoras grandes. "Não é sadio o modelo atual de cinco ou seis operadoras grandes, acho que o mercado comporta, no máximo, três", disse ele, destacando que o país tem uma das menores receitas médias por usuário do mundo.

A Claro, que integra a mexicana América Móvil, está otimista com as perspectivas para o Brasil no próximo ano e espera manter o ritmo de expansão e investimentos no país. Só com a cobertura de rede, afirmou o Félix, os gastos devem ser da ordem de bilhões de reais.

A liderança do mercado brasileiro atualmente é da Telefônica Brasil, do grupo espanhol Telefónica. Mas a Claro lidera em portabilidade de clientes desde que lançou planos ilimitados no primeiro semestre do ano, de acordo com o presidente. "Estamos ganhando (clientes) de todas", afirmou.

Segundo o diretor executivo de Estratégia e Gestão Operacional da operadora, Rodrigo Marques, o Brasil atualmente compreende cerca de 40 por cento das operações totais do grupo, mas é possível que ultrapasse o México em representatividade em pouco anos. "O México é um mercado mais maduro e aqui no Brasil temos oportunidade de crescer bastante", explicou Marques.

Questionado sobre o interesse da América Móvil em uma oferta inicial de ações (IPO, em inglês) da Claro no Brasil, Marques afirmou que a decisão é manter uma só entidade de capital aberto. "Não tem necessidade de abrir capital no Brasil, não faz sentido um IPO", disse o diretor executivo.

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