Cielo tem menos máquinas, mas elas são mais rentáveis
A empresa de meios de pagamento investe em produtos mais tecnológicos e de maior valor agregado, com análise de dados e gestão do negócio
Karin Salomão
Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 12h36.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2017 às 16h11.
São Paulo – Apesar da crise econômica e redução do consumo, o lucro líquido da Cielo aumentou 18,3% no 4º trimestre do ano passado. No ano, a alta foi de 14,6% em relação ao ano anterior.
O crescimento é fruto do esforço da companhia de oferecer produtos de maior valor agregado e máquinas mais tecnológicas, que realizam mais do que apenas a transação.
Como uma empresa de meios de pagamento, a Cielo é diretamente impactada pela crise no varejo. A empresa de meios de pagamentos viu o número de suas máquinas ativas, chamadas POS, cair 8,4% no ano. Os pontos de venda ativos são aqueles que realizaram pelo menos uma transação nos últimos 30 dias.
Outro ponto que impactou o número de pontos ou máquinas de pagamento é projeto multivan, que permite que o mesmo aparelho realize transações de diferentes bandeiras de cartão.
"A queda é efeito da maior competição no setor e do aumento na mortalidade de clientes, um cenário externo do qual não podemos fugir", disse Eduardo Gouveia, presidente da Cielo, em sua primeira coletiva de divulgação de resultados desde que assumiu a liderança da empresa, em outubro.
Apesar desses obstáculos, a companhia apresentou alta no lucro e na receita líquida, que somou R$ 3,1 bilhões de reais no trimestre, aumento de 2,1%.
Um dos motivos foi o aumento no volume financeiro de transações na Cielo Brasil, que chegou a R$ 159,3 bilhões, aumento de 3,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
No entanto, a busca por equipamentos e serviços mais rentáveis foi o principal fator que impulsionou a companhia e ajudou a compensar a queda no número de pontos de venda.
As máquinas wireless, por exemplo, têm uma rentabilidade maior. Além de serem móveis, também capturam dados sobre a movimentação financeira do varejista.
"Conseguimos cobrar mais pois há maior valor agregado nessas máquinas. Com isso, o nosso mix de preços sobe", disse Gouveia.
A máquina sem fio (WiFi/GPRS) terminou o ano representando 71% da base instalada, aumento de 3,3 pontos percentuais. "Trabalhamos muito para segurar e manter a receita na companhia", afirmou.
De olho em serviços mais valiosos, a companhia mudou o seu posicionamento no ano passado. Ao invés de ser vista como uma empresa de "maquininhas", a Cielo quer ser uma "máquina de ideias", ao desenvolver soluções e serviços para seus clientes.
Um dos exemplos é a Cielo LIO, lançada em abril do ano passado. Além de receber pagamentos com cartão, o equipamento também ajuda na gestão do negócio, com relatórios de vendas e controle de estoque.
A expectativa é chegar a 1 milhão de aparelhos LIO em cinco anos, disse a companhia na ocasião do lançamento.
Na mesma linha, a companhia também lançou o Farol, serviço de big data, que ajuda o varejista a comparar o seu negócio com concorrentes e a entender o perfil dos clientes, para poder criar programas de fidelidade, promoções ou tomar decisões melhores.
"Queremos criar um ecossistema completo de solução para o varejista", afirmou Gouveia.
Guidance para 2017
Junto com os resultados fechados de 2016, a companhia também divulgou as suas perspectivas para o ano.
O volume financeiro de transações da Cielo Brasil deve crescer de 4% a 6% em 2017. Os gastos totais da Cielo e da Cateno também deverão subir de 4% a 6%, segundo estimativas da companhia.
No ano, a empresa prevê investir R$ 400 milhões na aquisição e substituição de terminais.
"Esperamos um reaquecimento da economia no final de 2017 e uma recuperação mais forte em 2018", disse o presidente.