Cielo contra-ataca com maquininha grátis e não aceita perder clientes
Processadora de cartões quer que varejista compare custo total dos pacotes
Denyse Godoy
Publicado em 24 de abril de 2019 às 12h32.
Última atualização em 24 de abril de 2019 às 17h11.
A Cielo, maior processadora de pagamentos do país, mostrou nesta quarta-feira suas novas armas para segurar o cliente em meio à guerra das maquininhas de cartão, que esquentou após a concorrente Rede zerar as taxas de antecipação de recebíveis na semana passada.
A partir de agora, o cliente da Cielo – controlada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil – pode se tornar dono da maquininha depois de três meses passando o valor mínimo de 1.600 reais no crédito ou de 4.000 reais no débito a cada mês. A processadora também vai diminuir de dois dias para instantâneo o prazo de repasse ao lojista das compras com cartão, mas cobrando taxas: 1,99% sobre transações no débito, 4,99% no crédito e 5,99% no parcelado. O serviço pode ser contratado por clientes que tenham a conta digital da Cielo.
O objetivo das mudanças é garantir o menor custo do pacote completo para o varejista, disse nesta quarta-feira o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, em conversa com analistas e jornalistas sobre os resultados do primeiro trimestre de 2019. “Queremos que o comerciante saiba exatamente quanto está pagando no final. Estamos focando nessa comparação”, disse o executivo, que não quis comentar as medidas tomadas pela concorrência.
As novidades tendem a apertar ainda mais os resultados decrescentes da empresa. O balanço do período de janeiro a março mostrou uma queda de 40% do lucro líquido ante o mesmo intervalo do ano passado, para 548,5 milhões de reais. Mas a Cielo prefere olhar para o copo meio cheio: pela primeira vez desde 2016, a base de clientes cresceu. O aumento foi de 6% na comparação trimestral, para 1,2 milhão de lojistas ativos. A receita se manteve praticamente estável em 2,77 bilhões de reais.
Apesar da queda, o lucro ficou dentro das expectativas da empresa para o primeiro trimestre. A Cielo por ora não vai revisar a sua projeção de lucro para 2019, que é entre 2,3 e 2,6 bilhões de reais. “Saímos da mentalidade de rentabilidade para a de participação de mercado. Todos os nossos movimentos agora são para aumentar o número de clientes”, afirmou Caffarelli. Gustavo Sousa, diretor financeiro, completou: “Não podemos olhar a Cielo pelo momento, mas sim pelos resultados no médio e longo prazo da estratégia para aumentar o número de clientes dentro da nossa busca por eficiência operacional”.
Nos últimos anos, a processadora, que já reinou absoluta no mercado de cartões, tem sofrido com a concorrência, o que aperta as suas margens. Entre 2015 e 2018, enquanto a sua receita anual subiu 5,4%, para 11,7 bilhões de reais, o lucro recuou 11%, para 3,3 bilhões de reais. O valor de mercado da companhia caiu 57% em três anos, para cerca de 23 bilhões de reais. No final da manhã desta quarta-feira, as ações da Cielo perdiam 1,1% na bolsa brasileira B3, cotadas a 8,26 reais, o que significa uma capitalização de 22,7 bilhões de reais. O Ibovespa recuava 1,3%, para 94.696 pontos.