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Chuva em portos pode desacelerar embarques de soja e açúcar

Os principais portos para a exportação de soja e açúcar do Brasil, especialmente Paranaguá e Santos, devem enfrentar mais chuvas que o normal em maio e junho


	Na previsão para os próximos 15 dias, há projeção de cinco dias com chuva intercalada em Santos e em Paranaguá
 (Germano Lüders / EXAME)

Na previsão para os próximos 15 dias, há projeção de cinco dias com chuva intercalada em Santos e em Paranaguá (Germano Lüders / EXAME)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2013 às 17h18.

São Paulo - Os principais portos brasileiros para a exportação de soja e açúcar do Brasil, especialmente Paranaguá e Santos, provavelmente enfrentarão chuvas mais frequentes que o normal em maio e junho, o que deve afetar o ritmo dos embarques, que só ocorrem com o tempo seco.

No entanto, as chuvas nesta época --quando o mercado espera um ritmo intenso de embarques-- serão de curta duração, prevê a Somar Meteorologia. Essa tipo de precipitação ameniza eventuais problemas climáticos para as exportações de granéis agrícolas do Brasil.

"Vamos ter outono e inverno mais chuvosos, mas não significa que serão volumes grandes. Haverá mais episódios de chuvas", disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, ressaltando que haverá uma passagem de frente fria a cada 10 ou 12 dias pelos portos. "E isso é péssimo para os embarques."

Na previsão para os próximos 15 dias, há projeção de cinco dias com chuva intercalada em Santos e em Paranaguá. "Não vamos ver vários dias consecutivos com chuvas, como em maio e junho do ano passado, quando tivemos duas semanas completas de chuvas."

Os porões dos navios de granéis agrícolas não podem ficar abertos em caso de chuva, porque a umidade prejudica a qualidade dos produtos, e os embarques são interrompidos quando chove.

Quando as chuvas são prolongadas nas áreas portuárias na época de escoamento da safra, as filas de navios aumentam de forma significativa, agravando os problemas logísticos brasileiros.

O mercado acompanha de perto as condições climáticas, especialmente em um momento de grande demanda pela soja do Brasil. As exportações da oleaginosa do país aceleraram em abril, somando 7,15 milhões de toneladas, quase o dobro que no mês de março, mais chuvoso, e bem perto de um recorde registrado em maio de 2012.

O tempo seco foi um dos fatores que ajudaram os trabalhos de embarque no mês passado.

"Para maio a expectativa, sem levar em conta a meteorologia, é de um novo recorde", disse a analista de soja Daniele Siqueira, da AgRural, considerando apenas fatores de mercado.


"Com chuva é complicado, pode ser um problema, mas teríamos que analisar" como os portos brasileiros enfrentaram períodos chuvosos nos picos de escoamento em outras safras, ponderou ela.

Como a previsão é de que as chuvas não ocorram por períodos prolongados e de que sejam mais frequentes nas áreas portuárias, atividades agrícolas como a colheita de cana não seriam afetadas de forma significativa, segundo o agrometeorologista da Somar.

Cana

A expectativa do setor de açúcar é que os embarques do produto acelerem a partir de agora, com a intensificação dos trabalhos de colheita e moagem de cana nas usinas da região centro-sul.

O presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Junqueira Franco, lembrou que a chuva é um dos fatores que afetam os embarques de açúcar, mas que o setor trabalha com boa capacidade de armazenagem nos portos, o que permite recuperar atrasos sempre que se tem uma janela de tempo mais seco.

"Nós temos plena carga de embarque durante o ano, só paralisa o embarque quando tem chuva, mas aí você tem o açúcar ali (armazenado no porto) e retoma o escoamento quando a chuva para", disse.

Os embarques de açúcar tendem a ganhar força nos próximos meses, em meio ao avanço da colheita favorecido pelo tempo mais seco visto desde meados de abril.

Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostraram que o setor exportou 1,7 milhão de toneladas de açúcar (bruto e refinado) em abril, abaixo de 1,9 milhão de toneladas do mês anterior, uma vez que a chuva no início do mês afetou operações da indústria.


Médio prazo

O prognóstico elaborado pela Somar aponta que em Santos, no litoral paulista, maior porto da América Latina e peça chave no escoamento de grãos e açúcar, deverá haver dez dias de chuva entre este fim de semana e o fim de maio, com volumes mais intensos na última semana do mês.

Para o mês de junho, a previsão em Santos é de nove dias de chuvas, concentradas na primeira e na última semana do mês.

Para o porto de Paranaguá, referência na formação dos preços da soja brasileira, há previsão de chuva em 12 dias entre este fim de semana e o fim de maio.

Em junho, estão previstos 14 dias com chuva, sendo que os volumes estarão mais concentrados no fim do mês, segundo a Somar.

A contabilidade feita pela administração do porto do litoral paranaense mostra que em abril foram 90 horas de paralisações por chuva, que equivalem a uma soma de 3,75 dias. A título de comparação, os carregamentos ficaram parados em um total de 310 horas, ou quase 13 dias ininterruptos, ao longo de março.

O levantamento histórico feito pelo porto de Paranaguá não se compara às previsões da Somar porque a meteorologia aponta datas em que podem ocorrer chuvas, mas não necessariamente 24 horas de paralisação nas atividades nos portos. "Muitas vezes a chuva chega à tarde, ou seja, dá para trabalhar pela manhã", explicou Santos.

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