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Chinesa investe R$9,6 bi para levar energia de Belo Monte ao Rio

Os chineses da State Grid, uma das maiores empresas globais, vão trazer tecnologia e recursos orientais para implementar o projeto

Belo Monte: aState Grid arrematou sozinha a concessão para construir e operar a linha (Governo/Divulgação)
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Reuters

Publicado em 28 de setembro de 2017 às 21h16.

Paracambi, Rio de Janeiro  - Em um imenso campo aberto ao qual se chega após uma estreita estrada de terra em Paracambi, cidade na região metropolitana do Rio de Janeiro, diversos tratores enfileirados aguardam para iniciar os trabalhos.

Eles estão preparados para a construção daquela que será a maior linha de transmissão de eletricidade em ultra-alta tensão do mundo, ao cruzar 2,5 mil quilômetros com o objetivo de levar ao Sudeste do país a geração da enorme hidrelétrica de Belo Monte , no Pará (Norte).

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Os chineses da State Grid, uma das maiores empresas globais, vão trazer tecnologia e recursos orientais para implementar o projeto, que teve a pedra fundamental lançada nesta quinta-feira em Paracambi, com a presença de autoridades como o governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, e o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que elogiou a confiança dos chineses em assumir as rédeas do projeto, orçado em 9,6 bilhões de reais, mesmo em meio à maior recessão da história do país.

A State Grid arrematou sozinha a concessão para construir e operar a linha em um leilão promovido pelo governo em julho de 2015, mas a licença de instalação, que permite o início da implementação, foi liberada apenas em agosto deste ano, quase dois anos após a licitação, o que obrigará a companhia a correr para entregar a obra no prazo, em dezembro de 2019.

Mesmo sem começar as obras, a State Grid já investiu 1,2 bilhão de reais no empreendimento, parte com recursos de um empréstimo-ponte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O presidente da Xingu-Rio Transmissora de Energia (XRTE), empresa criada pela State Grid para tocar o projeto, Paulo Esmeraldo, disse que a chinesa deve bancar um terço do linhão com recursos próprios, enquanto os dois terços restantes serão complementados com um financiamento do BNDES e com a emissão de debêntures ao longo dos trabalhos.

"Atrasou um pouco a licença, nossa expectativa era que viéssemos a ter algum tipo de antecipação. Mas o atraso de dois, três meses da licença, não vai impactar o cronograma original, que estará mantido rigorosamente", disse ele a jornalistas.

O linhão como um todo deverá gerar 16 mil empregos, segundo a State Grid, que para acelerar o andamento dos trabalhos vai dividir o empreendimento em 13 canteiros principais e 33 de apoio, de Anapu, no Pará, a Paracambi.

Foram contratadas para as obras cinco empreiteiras, das quais duas chinesas, uma delas da própria State Grid, segundo Esmeraldo.

Vender serviços

Ele disse que os equipamentos de ultra-alta tensão, em corrente contínua, são uma tecnologia avançada e ainda inédita no país que será trazida por um fornecedor chinês, a CET, também do grupo State Grid, enquanto empresas brasileiras serão subcontratadas para entregar outros equipamentos e realizar obras civis.

De acordo com Esmeraldo, cerca de 60 por cento dos equipamentos, em custos, serão fornecidos por empresas locais, contra 40 por cento dos chineses.

Vender serviços de engenharia e equipamentos são alguns dos principais objetivos por trás dos enormes investimentos chineses no exterior, e a obra do linhão da State Grid promete aproveitar a tecnologia de ultra-alta tensão já utilizada na China para reduzir as perdas de energia no enorme caminho entre Belo Monte e o Sudeste, onde se concentra o consumo de eletricidade.

"Um dos nossos princípios de investimento é manter uma política de benefícios mútuos para os países", disse o diretor geral de cooperação internacional da State Grid, Zhu Guangchao.

O quadro da State Grid no Brasil é composto atualmente por quase 600 funcionários, dos quais cerca de 10 por cento são chineses.

Além desse linhão, a companhia toca atualmente as obras de uma linha semelhante entre Belo Monte e o Sudeste, também de ultra-alta tensão, que está em fase final, para entrar em operação entre o final deste ano e o começo de 2018.

Tanto a primeira linha de transmissão, uma parceria com a estatal brasileira Eletrobras, quanto o segundo linhão, uma iniciativa da State Grid individualmente, são vitais para escoar a produção de Belo Monte, que quando concluída será uma das maiores hidrelétricas do mundo, com investimento superior a 35 bilhões de reais.

Se houver atrasos em qualquer uma das linhas, Belo Monte sofrerá sérias limitações de geração, com impacto nos custos da energia para os consumidores, o que evidencia a importância dos bilionários empreendimentos.

No primeiro linhão, a State Grid enfrentou problemas de cronograma em alguns trechos a cargo da empreiteira chinesa SEPCO1, que precisou do reforço de outras construtoras para avançar com a obra, mas segundo Esmeraldo essa situação não irá se repetir agora.

"Esses ajustes, toda essa experiência passada no primeiro leilão foi considerada e estamos atentos a todos problemas que houve lá, e a gente espera que isso não se repita, porque agora as lições estão aprendidas", disse o executivo.

Ele afirmou ainda que a State Grid está totalmente comprometida com a entrega do linhão no prazo e, se necessário, poderá até mesmo romper contrato com fornecedores que ameacem o ritmo de andamento do projeto.

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