Oi: gigante China Telecom contratou o banco Goldman Sachs e a consultoria McKinsey para formular uma oferta pela Oi (Agência Reuters/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 08h45.
São Paulo - Os desentendimentos entre acionistas e credores da Oi em torno do plano de reestruturação para a companhia estão afastando potenciais investidores interessados em fazer um aporte na tele.
O Estado apurou que a China Telecom desistiu, por ora, de fazer uma oferta pela operadora. Prefere esperar que os envolvidos cheguem a um consenso sobre como recuperar a empresa.
Fontes próximas ao governo já não contam mais com uma possível injeção de dinheiro novo antes de um acordo entre as partes, mas lutam para costurar um consenso.
Há muitas dúvidas de que esse entendimento seja possível até o próximo dia 19 - nova data da assembleia da Oi, já remarcada duas vezes.
A gigante China Telecom contratou o banco Goldman Sachs e a consultoria McKinsey para formular uma oferta pela Oi. Estaria disposta a colocar R$ 10 bilhões na tele e chegou formalizar uma proposta.
Mas agora recuou, segundo apurou o Estado. Os recursos seriam injetados em parceria com o fundo de infraestrutura Texas Pacific Group (TPG), levantado na Ásia, e que tem como assessor o banco Modal.
Após intensas conversas em Brasília, os assessores da China Telecom concluíram que os desentendimentos internos inviabilizam, por enquanto, o investimento na Oi.
Segundo uma pessoa próxima ao assunto, vários cenários foram traçados e, em nenhum deles, a conta fecha nem no curto nem no médio prazos.
Embora não tenham desistido completamente do acordo, os chineses preferem esperar o desfecho do plano de reestruturação da empresa. Procurados, nenhum dos envolvidos quis comentar o tema.
O problema é que não há um prazo de quando um acordo entre credores e acionistas poderá ocorrer. Conforme a última proposta apresentada pela tele, a expectativa é fazer uma capitalização de R$ 9 bilhões na companhia, dos quais R$ 6 bilhões em dinheiro novo.
Deste total, R$ 2,5 bilhões viriam de acionistas e R$ 3,5 bilhões de credores. Outros R$ 3 bilhões viriam de conversão de dívida em ações.
No entanto, credores discordam desse plano, pois a proposta prevê pouca diluição da participação dos atuais acionistas.
Os principais sócios da Oi são o fundo Société Mondiale, do empresário Nelson Tanure, e Pharol (ex-Portugal Telecom).
Os credores, representados em sua maioria pelo banco Moelis e G5, só se comprometeriam a injetar dinheiro com uma diluição mais radical dos acionistas.
Em recuperação judicial desde junho de 2016 e com dívidas de R$ 64 bilhões, a Oi já atraiu potenciais investidores ao negócio, mas nenhum acordo foi adiante.
Antes mesmo de virar uma corporation (empresa sem controlador definido), a tele chegou a receber proposta do fundo LetterOne, do bilionário russo Mikhail Fridman, que já atua no setor.
Depois do pedido de recuperação judicial, o egípcio Naguib Sawiris se aproximou do banco Moelis, mas acabou recuando. Outros fundos especializados em ativos problemáticos, como Cerberus e Elliott, também olharam o ativo, mas acabaram desistindo dele.
Além da crise entre os acionistas, há questões de gestão. Em menos de dois anos, a tele trocou de presidente duas vezes. Bayard Gontijo renunciou ao cargo em junho do ano passado, após se desentender com os acionistas. Foi substituído por Marco Schroeder, que deixou a companhia no fim do mês passado.
Eurico Teles, que já estava na Oi, assumiu com a difícil missão de tentar costurar um acordo para apresentar até o dia 19. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.